Surfando no tsunami

Como uma apaixonada e dependente das palavras impressas no papel, me recuso a acreditar que livros e jornais desaparecerão um dia, e tudo o que nos restará será este espaço virtual em que agora navego. Mas não se pode negar que a internet é a “quarta onda” que, talvez, Alvin Toffler tenha querido prever, mas não ousou acreditar tanto. Afinal, quem poderia imaginar a existência de uma mídia versátil que numa única interface pode assumir a postura de jornal, revista, rádio ou televisão?

A internet está aí e ainda é um desafio para todos nós que trabalhamos com comunicação. Os meios tradicionais são veículos que comunicam em uma única direção, tendo como objetivo levar uma mensagem para muitas, milhares de pessoas. A tão propalada, estudada e criticada “comunicação de massa” da nossa velha companheira “Escola de Frankfurt”.

Entretanto, o hipertexto e as tecnologias são aspectos da internet que permitem uma maior personalização e interatividade, o que muda totalmente a maneira de transmitir informações, pois o emissor deixa de ter o completo domínio do processo. O centro das atenções, agora, é o receptor, ou seja, o foco da comunicação passou a ser o consumidor de “qualquer dado”.

Mudança que veio bem a calhar para uma sociedade cada vez mais hedonista e individualista. O consumidor de hoje quer exclusividade, mesmo que aparente; quer personalização. A internet oferece exatamente isso: a individualização de do processo comunicativo. O indivíduo, do conforto da sua casa ou da sua estação de trabalho, pode assumir o controle do que quer ver, ler, comprar... Acredito que esteja aí a chave para entender porque o investimento em publicidade virtual cresce a passos largos, enquanto o faturamento das mídias de massa tradicionais está sofrendo retração bastante acentuada nos EUA e também no Brasil.

O alto valor da veiculação e produção da publicidade em meios massivos pode ser o causador desse comportamento. Por outro lado, a facilidade em segmentar adequadamente o público-alvo oferecida pelos sites é tentadora para as empresas anunciantes. As características gráficas e de texto presentes na internet auxiliam na qualificação do segmento de público que se quer atingir, facilitando a venda de espaços publicitários. Imagina, então, ter a possibilidade de escolher em que páginas específicas de determinado site você quer que o seu anúncio apareça? É o sonho de consumo de todo profissional de mídia!

Todos esses processos fazem parte da evolução (revolução) da comunicação no mundo globalizado e digitalizado. Não há como apertar o reward. A quarta onda, ou melhor, o tsunami já devastou o paraíso e agora só resta aos veículos de massa reconstruir, remodelar, repensar e criar novas alternativas de sobrevivência neste cenário de luta extremamente agressiva pelas verbas publicitárias.

Não me espantaria que o Google anunciasse em tom triunfal a compra de um gigante “de papel” como o New York Times. Conglomerados de comunicação já são uma realidade nestes insanos tempos em que, viver ou não viver na “matrix”, se transformou na charada filosófico-existencialista das próximas décadas.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Ousadia

Presentim de Natal

Horizonte de Eventos