Mi Buenos Aires querido

Oi galera amiga,

voltamos de Buenos Aires com a energia renovada. A viagem foi uma delícia. Tudo deu certo apesar de os aeroportos brasileiros torcerem contra. E olha que tivemos que descer e subir seis vezes, tanto na ida quanto na volta. Sabe como são essas viagens de milhas da Varig: conexões múltiplas...Pelo menos a comida do avião estava gostosa. A Varig age como aquelas famílias que perderam a grana, mas não perderam a pose...:)

Congresso Nacional
Buenos Aires é uma festa! Realmente uma cidade apaixonante e apaixonada. Há dez anos estivemos por lá e naquele tempo nos deu vontade de comprar um apê na capital argentina e viver como esses intelectuais que moram temporadas em Paris, Nova Iorque, Milão...Depois disso, conhecemos Paris e moramos em Nova Iorque (quem iria imaginar algo assim), mas Buenos Aires não perdeu o seu charme: ainda gostaria de ter um apê ali, principalmente se ele fosse no bairro de Palermo, perto da Plaza Julio Cortárzar.

Na verdade, Buenos Aires é uma boa mistura de Paris com Nova Iorque e esse é o diferencial da cidade: você encontra o estilo art noveau dos prédios parisienses, as grandes avenidas arborizadas, os parques e praças bem cuidados da Cidade Luz e também a vida noturna, a agitação descolada, o mosaico de seres estranhos e divertidos de Nova Iorque.

Rua de Palermo
Esse bairro Palermo, então, é demais. Colonizadamente, como nós, os argentinos dividiu a vizinhança em Palermo SoHo e Palermo Hollywood. A Plaza Julio Cortárzar fica no Palermo SoHo. E, de falto, tem um ar do daquela área nova-iorquina: muitas lojas transadas, camelôs chiques, galerias e bistrosinhos fofos. Mas eu gosto mesmo é de ver a ferveção, as pessoas andando para lá e para cá com seus cabelos e roupas multicoloridos. Cosmopolidade nas veias...Me lembrou o Village também, que é um lugar ainda “selvagem” da Big Apple: gente doida, tatoos, porcarias irresistíveis para se comprar nas calçadas.

Plaza San Martín
Falando em emoções imperdíveis, andar pela Av. 25 de Mayo, Calle Florida até a Plaza San Martín, Av. Corrientes e Avenida Alvear é programa obrigatório. Na verdade, Buenos Aires fica melhor se a gente bate bastante perna, sabe? Tem que caminhar para admirar os edifícios maravilhosos, as vitrines desbundantes, os cafés, jardins e praças. Deixo aqui o alerta: abaixo a preguiça!

Meus pés doíam depois de um dia inteiro na rua, mas não me sentia mal e, além disso, a caminhada amenizava a culpa de tomar sorvetes todo o santo dia. Sim, o sorvete argentino é 100% delicioso. Qualquer sorveteria é divina, mas existe a mais tradicional delas, a Freddo. Experimentem sem medo. Principalmente os de chocolate amargo e o de frutillas (morango) ou frutos del bosque (mistura de framboesa, morango, cereja...). As heladerias estão espalhadas pela cidade. Tem sempre uma no seu caminho, te chamando para desfrutar os prazeres da gula.

Xi, e a gula é o pecado-cara de Buenos Aires: as parrillas mais parecem aqueles bifes de brontossauro dos Flintstones, saca? São enormes!!! Meio quilo de carne em cada prato e, ao lado, purê de papas ou papas fritas. Os argentinos são a sociedade mais carnívora da face da terra!! Até os fast-food deles vendem adivinha o quê? Bife de chorizo (contra-filé), bife de lomo( filé-mignon) com purê de batatas ou papas fritas. Não tem para onde correr!!!:) É carne para ninguém botar defeito.

Puerto Madeiro
Fomos num restaurante chique, o "Cabana de Las Lilas", no badalado Puerto Madero. Porém, sinceramente, não vi diferenças significativas entre a carne de lá ou de qualquer outro restaurante tradicional de Buenos Aires. Melhor então ficar com os antigos e tradicionais como o La Chacra, o Pippo, o Edelweiss, Munich. Nestes, os garçons te dão a impressão de terem nascido com o restaurante e o clima é totalmente argentino. Muito mais “pintoresco”!!! Outra dica: o Puerto Madero deve ser visitado ao pôr-do-sol. De dia, é sem graça. À noite é o lugar dos restaurantes caros e lotados. Recomendo fazer reserva com antecedência (antes de caminhar ao entardecer). Mas se você quiser fugir das carnes um pouquinho, vá até o Bracollino. Massas deliciosas te esperam...

Túmulo em La Recoleta
Outro passeio imperdível é a visita guiada ao Cemitério de La Recoleta. Na primeira vez ,fomos sem guia. Agora, valeu muito mais a pena. É uma aula de história argentina. Mitologia grega, romana e religião se misturam naqueles corredores de tumbas suntuosas. A guia lo sabía todo!! Interessantíssimo entender a mania de roubar cadáveres ilustres que esses argentinos têm. Ê vizinhos doidos...

Vocês sabiam que a Argentina tem ganhador de prêmio Nobel? Bernardo e eu, não. Agora entendo essa arrogância dos argentinos...:) A guia falou em cinco prêmios e nós, nada! Um deles, o químico que descobriu a lactose, está enterrado lá. A Eva Perón também, mas isso todo mundo já está careca de, né? O Cementério de La Recoleta é um dos três mais importantes do mundo em termos arquitetônicos e históricos. Os outros dois são o de Roma ou Milão (agora me perdi) e Paris.

Monumento que está entre os mais importantes do mundo também é o Teatro Colón. É uma casa de ópera fundamental para a história da música. De acústica perfeita, é só comparado ao teatro Escala de Milão e à Ópera de Paris. Fechado para reforma (reabriu agora há pouco, em 2010), só pudemos fazer a visita guiada, que recomendo ao quadrado!! Tem que fazer reserva, mas não perca! Adoramos! Toda cenografia e vestuário das óperas são fabricadas lá mesmo, nos intermináveis subsolos e oficinas do Colón, um verdadeiro colosso, orgulho – e com razão – da argentinada.

Mas para dizer que não fomos em uma operazinha sequer na terra da ópera da América do Sul, conseguimos assistir "Fausto", de Gounod, no Teatro Avenida. Um mini Colón muito simpático. A apresentação foi impecável e adoramos conhecer mais uma ópera tão linda!! Se forem à Buenos Aires, não deixem de conferir a programação da Buenos Aires Lírica. É ópera de qualidade mesmo, feita para um público muito exigente: o público argentino.

Delta do Tigre
Agora a grande surpresa da viagem foi ter visitado o Delta do Rio Tigre. Que maravilha!!! Um barato e pouco conhecido dos turistões. Pega-se um trem até lá (uns 45 minutos) saindo da estação Retiro. Depois, compra os bilhetes do colectivo e sai navegando por esse rio cheio de canais e de casas de veraneio graciosas. Sim, você pode pagar mais caro e pegar um barco mais chique, mas é muito menos legal. O interessante é ver como o barco funciona como um grande circular, gente subindo e descendo nos pontos (portinhos). Só que não tem superlotação, é claro. Todos vão sentados, curtindo a brisa.

A natureza do Tigre é exuberante, um local de descanso para argentinos endinheirados, mas também existe uma população local, que vive em casas margeadas por canais que só se alcançam de barco. É uma realidade muito diferente do que a gente está acostumado. Tem barco-escola entregando as crianças depois das aulas, barco-mercado, que pára de porto em porto e vende suas tralhas...Um passeio deveras magnífico e único, como nos disse um inglês que encontramos no caminho e entabulou conversa com a gente, feliz ao encontrar alguém para falar em sua língua natal.

O cara é guarda de parque nacional aposentado e hoje sai pelo mundo conhecendo outros parques e reservas. Ele também estava impressionado com a vida no Delta do Tigre. Disse que nunca tinha visto nada igual. A dica é pegar o barco, descer no povoado de "Tres Bocas" e almoçar em algum restaurantezinho às margens de algum canal. Fique morgando e bestando por lá, ouvindo os sons dos pássaros e sentindo a paz se tornar real e depois volte ao fim do dia. É tudo de bom!!

Comentários

  1. Lu querida ! adorei as suas dicas, as suas palavras carregadas de emoções,só aumentou a minha vontade de vivenciar e apreciar tudo. Mil beijos e obrigada pelas dicas, vou "usar" todas. Suelene

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