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Mostrando postagens de fevereiro, 2025

Mercês

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Persigo a incidência do sol que escreve a versão áurea dos fatos. Anel Aviário Engana-se quem pensa ser o céu plácido.  Intenso tráfego de asas traçam rotas diagonais paralelas  acrobáticas. Nunca vi pássaros se chocarem em voo. Trajetórias nada aleatórias  atravessam nuvens que também  transpiram e transitam.  Turbinas invasoras constantes  perfuram a harmonia dos itinerários.  Espaço aéreo, anel aviário. Comezinho, no azul, apenas a imensidão.  Lua pisciana: meio plena, meio ausente. Esperança Venta, vai chover. (ou não) a expectativa da chuva basta. Coração goteja dadivosamente.

Folguedos

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Os meninos-Portinari içam suas pipas coloridas contra o céu zangado. Eram muitos com camisetas vermelhas e pés no asfalto, uma horda de velejadores aéreos a manejar pesos e contrapesos, administrando as rajadas de vento e a permanência das rabiolas na altura dos sonhos mais alegres. Outro grupo, este com meninas, passa uma bola de mão em mão, naquela ciranda instintiva da infância. Disputam espaço com carros estacionados. Sem árvores à vista, a chama do mormaço derrete as crianças-velas sobre a cobertura asfáltica. É uma festa. A algazarra límpida da periferia viceja sem as benesses do planejamento urbano. A elite, enclausurada pelo dinheiro, jamais experimentará o valor destes folguedos. Rupturas recomeços mudar em meio à mudança. Partir repartir. O silêncio passeia pelo interior, mão da criança invisível tateando a parede. De fora chega a nesga do sol e o silvo dos micos costumeiros. Os cães aprisionados ao lado lamuriam. Quero que durmam para sempre. Parafraseando o belo título do...