Encruzilhada






“A insatisfação é a principal motivadora do progresso.”
 Thomas Edison


Tomei conhecimento de que o processo de criação de uma jovem artista envolve pisar em suas telas quando elas se tornam opressivas demais: “saiba que sou eu quem decido aqui” é a mensagem para o intimidador espaço em branco. 

Criar pode ser de fato esmagador e tem conexão estreita com o sofrimento. Momentos felizes são dias de sol, nos levam para o exterior de nós mesmos, à procura da confraternização. A insatisfação, a angústia e as ruminações seguem o caminho oposto: põem a gente em contato com nossos dragões e desse embate nasce a flor de lótus (a Arte), aquela que floresce da lama. 

Faz tempo que não luto com meus bichos internos. Foram meses de alegrias e horizonte azul que me afastaram do dolorido, porém querido ofício de escrever. Recolhi o fio da meada, a verve. Serei uma dessas pessoas que extraem criatividade da adversidade? Então não é lenda, cu doce, beicinho, onda o lance do artista atormentado? 

Mas a inconstância natural da vida mostra que outra tempestade se anuncia... Logo, logo deitarei sobre o espaço em branco o fruto dessas inquietações. A válvula de escape. O motor de popa. Ou não... Não sei se retomo o processo-blog apesar da cobrança estimulante de alguns leitores. 

Criar constante e incessantemente é paranoico, apesar de frutífero. Talvez seja ora de procurar outras linguagens: fotografia, lápis-de-cor... Sei que estou num momento-limite e, por isso, de transição, rito de passagem. Perdi a certeza do escrever e não tenho ideia se quero reencontrá-la.


Comentários

  1. Ai que saudade Lu de visitar o seu blog...pensei em te cobrar, mas compreendo esse processo, pensei:ela agora substituiu pelo facebook,serà? deixa fluir, quando brotar, foca , direciona e manda ver, tenho certeza que sempre nos prestigiará com textos interessantes...adorei sua reflexão, a vida é muito louca, cheia de polaridades, paradoxos, contrastes...um prato farto para se autoconhecer.
    Beijo...Namastê!

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  2. sou eu Cynthia do yoga!!!

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  3. Oi, Lu :)

    também acho que o escrever deve ser um ato espontâneo, não uma obrigação. E embora a dor seja um bom combustível para a criatividade, também acredito que os dias de sol e de plenitude nos levam a um outro tipo de criação, aquela cheia de leveza, que transborda amor, porque é disso que o coração está cheio. E que gera criações tão lindas quando "A arte de ser feliz", da Cecília Meirelles.

    Seja escrevendo, fotografando... experimentar outras formas de expressão ajuda a libertar, a descobrir novos caminhos.

    bjs :))))

    Fabs

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    Respostas
    1. Oi, queridíssima Fabs!

      Se a gente deixar a criação artística para a espontaneidade, ela nunca sai, viu?:) É ofício, sim. Precisa ser lapidado todo santo dia. Por isso adorei você ter me "cobrado". Se não tivesse, não teria escrito. Adorei saber que você estava a fim de ler meus textos. Um incentivo e tanto.

      Também acho que os dias de sol rendem bons textos. Já fiz muitos textos alegres e quase engraçadíssimos! :) Mas acredito que, no meu caso especificamente, produzo melhor quando estou mais recolhida, mais insatisfeita com alguma situação que me incomoda e sobre a qual preciso buscar uma saída.

      Um beijão e viva a escrita!!!

      Lulupisces.

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  4. Bom...
    a gente poderia citar inúmeros exemplos na música, na literatura etc. de pessoas que criaram suas melhores obras quando estavam na pior.

    Então fico um pouco triste por saber que o blog está meio paradão, mas feliz por saber que você está vivendo uma fase mais light.

    Acho que não há motivo para se preocupar. Não acredito que você consiga diminuir sua característica contestadora por muito tempo. O blog está salvo então.

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  5. oi, Lu :)))))))))))))))))

    eu estava sentindo falta de ler os textos novos mesmo, tanto que achei que o cadastro estava com problemas (kkkk!!).

    Criação é uma coisa curiosa, acaba sendo um processo bem pessoal mesmo, do que motiva, de como desenvolver, dos temas. E pegando uma carona no seu email e também no texto, acho muito válido experimentar outras formas de arte, expressar-se com outros instrumentos.

    Tenho uma baita lista: sempre tive vontade de aprender a desenhar (nunca me arrisquei), adoro música (suspensa indeterminadamente), ando me aventurando na fotografia (amando :) e ultimamente tenho pensado em vídeo e teatro também.... KKKKKKKKK (louca). Tenho sentido uma necessidade enorme de soltar (o corpo, a voz, as "outras personalidades") nesse lado teatral. Mas esse vai ter que ser um projeto pós-concurso, pois neste momento é praticamente impossível seguir nessa direção :)

    Desejo que a sua expressão criativa esteja sempre acesa (ou talvez de férias, quando ela precisar :) e desbrave novos caminhos, seja na escrita ou fora dela. Para quem é público (como eu), e não autor, acaba sendo um momento de escape também.

    bjs :))))))))))

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