Dos reinos vegetal e animal

Esse negócio de coabitar o recinto dos felinos não está dando certo, não. Sinto preguiça, uma languidez fenomenal. Os bocejos são muitos, a sonolência, infernal. Fico pelos cantos, imóvel, estátua sem pedestal. Semicerro meus olhos, num estado animal. Penso apenas em me jogar no sofá, na cama, na grama... Horas sem nada a fazer além das folhas da aroeira ver. Sozinha estar, apreciar o pouco falar. Tenho comido pequenas porções as unhas enormes, de leões. Serão os gatos feiticeiras transmutando a embusteira? Dizem as más línguas: gato chega a matar gente! Pois minha humanidade se esvai felinamente. Daqui a pouco abandono os óculos, ganho olhar de lince. E quando o corpo saltar sem peso não mais me reconheço. Na dúvida, fotografe todos os pés de nuvem, de algodão doce ternura de noivas na passarela da nave cabelos das avós que não conheci. Tudo dentro da normalidade sem gracinha. Só as flores jamais são sem gracinha na impertinência ...