Despida

"A saudade do sal não se repara Com a imersão difícil Nesse oxigênio sujo" (Adriane Garcia) Despir-se do mar é salgado, quase amargo. Borrifos aferram-se à pele apelos: fique mais um pouco, fique para sempre. A maresia impregna cheira a peixes saltitantes e suculentos. A alma aquosa recua, maré baixa. Até breve nunca é breve o bastante. Acordei árvore. Todas aquelas nas quais subi, cai, mirei, fotografei, desejei, abracei. O dia da árvore é meu. Me aposso dessa força. Raízes áreas me fincam no altiplano (Leste ou peruano). Semillas e flores brotam no bico de cada peito. Braços-troncos se fortalecem para balanços infinitos. Vai por mim Se há algo mais surreal do que as pinturas de Dalí são os nomes dos quadros de Dalí: Construção suave com damascos cozidos O despejo do móvel-alimento Acomodação dos desejos Canibalismo de outono Idílio atômico e urânico melancólico O toureiro alucinógeno Cama e duas mesinhas de cabeceira atacando ferozment...