Bicharada Vipassana
Eles já foram o símbolo-mor da resistência nordestina: os jegues, burricos, jumentos. Designações que guardam diferenças entre as espécies, mas não me perguntem quais. Há 20 anos, esses quadrúpedes formavam um exército. Milhares podiam ser avistados em qualquer viagem de carro pela região Nordeste. Como se soubesse o que são as fronteiras interestaduais, a horda de jegues permanece restrita e conectada ao estilo de vida sertanejo do semi-árido. Hoje, contudo, não fazem mais diferença para as populações-caatingas. Trocados por motocicletas, verdadeira praga barulhenta e imprudente de toda vila, povoado e rodovia do sertão-mar, os jumentos agora ciganeiam sem ofício e sem dono, o que não deixa de ter alguma poesia. A encenação diária de “Os Saltimbancos”. Aliás, cachorros, gatos e galináceos vão bem, obrigado, nas cidadezinhas nordestinas fora do mapa das badalações. O quarteto animal imortalizado na dramaturgia convive harmoniosamente com a rotina de vagabundag...