Mermão
Cosme e Damião: saudade de montão desse tempo bão. Brasília, 27 de setembro na década de 70, tinha cara de subúrbio do Rio de Janeiro. Era um pouco do Méier com Lins Vasconcelos, onde passava as férias de verão. Mas no mês da primavera, a tradição carioca de distribuir balinhas e doces esquisitos como aquele de abóbora em forma de coração laranja, pegava o ônibus e aportava na nova capital federal. O Cosme e Damião tinha a cara e o gosto da irmã da minha madrinha, tia Lizete, que vinha todos os anos passar uma temporada brasiliense. Com ela, trazia o costume de rechear de guloseimas os saquinhos de papel estampado com a imagem dos santos gêmeos. Suas mãos magras entregavam a alegria às crianças da 709 sul. Criança daquela época era menos opulenta. A gente se contentava com o pouco que a vida gastronômica nos dava. Balinha chita, soft, erlan, maria mole com gosto de nada... Quem se lembra daquele pirulito-chupeta vermelho e cascorento que arrebentava a boca...