À procura da isenção
Devia ser mais fácil para os pais de antigamente. Era só por filho no mundo, numa repetição histórica dos comportamentos esperados de homens e mulheres que vivem sob o mesmo teto e copulam com regularidade. Eram filhos anuais, sem dores de consciência. Talvez apenas o tédio e o cansaço da mãe parideira que morria um pouco mais a cada parto. E o orgulho a mais do pai macho que emprenhava sua mulher sem piedade. Não havia preocupações extras a não ser educar pela vara, saciar a fome, repassar os bons modos e as velhas teorias e preconceitos. OK, não queria ter nascido mulher nesta sociedade. Hoje, ao menos, os machismos excessivos são vistos com maus olhos e somos livres (?) para escolher quantos filhos ter, inclusive não ter nenhum. Não sem a condenação velada ou explícita de quem ainda respira as milenares engrenagens das regras pré-estabelecidas. Mas também não queria ter todo esse discernimento acerca do poder de mãe para destruir o coração dos...