Micos Turísticos parte II


Para vocês não dizerem que foi história de pescador...

Outro ângulo da cilada
Ok, não se desesperem!! Não vou me especializar em fazer N textos sobre o mesmo tema. Mas há ainda alguns micos turísticos dignos de nota para compartilhar com vocês.

Provavelmente a última vez que eu usei um orelhão

Pelo menos o paraíso valeu a pena.
Ai, como eu tava gostosinha... Bons tempos!
Adorável, adorável e adorável o “Meia-noite em Paris” do Woody Allen. Quem não queria ter um carrinho daqueles, capaz de nos levar ao encontro das nossas referências, dos nossos ídolos? O que seria de mim numa mesa com Drummond, Quintana, Guimarães Rosa, Manuel Bandeira, Cartola, Noel, Cecília, Tarsila do Amaral, Truman Capote, Sidney Pollack, Tolstói... Tantos caras fenomenais, admiráveis!!

Eu, que sou nostálgica por natureza, aprendi uma lição junto com a personagem principal do filme, não por acaso um cara que quer ser escritor de romances (qualquer semelhança...): o presente pode parecer sempre insatisfatório, porque é imperfeito. No passado, as lembranças que ficam, à luz da nostalgia, são sempre idealizadas.

Mas, sinceramente, as lembranças que tenho de Paris são mesmo perfeitas. Nenhum retoque a fazer. Paris é luz, é charme, é adoração! Só há uma cidade mais bela que Paris no mundo: Praga. E eu, graças a Deus, tive o imenso deleite de conhecer as duas.

Paris foi a minha entrada triunfal no primeiro mundo. A primeira grande viagem da minha vida. Os amigos de longa data sabem que foi surpresa o destino da minha lua-de-mel. Como eu havia organizado todo o casamento praticamente sozinha, decidi que Bernardo tinha que organizar a viagem sem me perturbar: “Não quero saber, você escolhe, compra, resolve. Me inclua fora dessa!”

E ele seguiu à risca a minha determinação. Planejou tudo sozinho, o danado! E me avisou: “arrume uma mala ideal para meia-estação”. Fiquei com aquela pulga atrás da orelha... Pra onde será que nós vamos? O máximo que minha cabeça classe média assalariada almejou foi Buenos Aires. E assim acreditei. Só me toquei que estávamos indo para Paris quando o serviço de som do aeroporto do Galeão avisou: “última chamada para o voo X , da Ibéria, com destino à Paris”.

Bernardo, com ar nonsense, me cutuca: “vamos? É o nosso voo.” O quê? O QUÊ? COMO ASSIM? PARIS? PARIS? O mico turístico começou aí: eu gritava feito uma tresloucada no saguão do aeroporto. Pobre é foda, né? Surtei total, fiquei ensandecida... Era demais para o meu coração exausto da festa de casamento que rolou até altas madrugadas. Eu estava mesmo esgotada. E tanta emoção cobrou seu preço: cheguei em Paris e caí doente, severamente doente. Pobre é foda, né?

Não antes sem passar apuro no avião (básico em se tratando da Luciana fóbica). No meio do Atlântico, ali onde o jato da Air France caiu, começou uma grande turbulência. O voo estava vazio (os preços das viagens internacionais em 1998 eram proibitivos). Então, Bernardo se esparramou em três poltronas muito atrás de mim. Os dois tentando dormir para recuperar a energia sugada na festa...

Só que o sacolejo começou bem brabo (na minha opinião, tá gente?). E eu fiquei apavorada. Os sinais de apertar cinto foram acionados e as comissárias saíram checando se todo mundo estava de cinto. Eu pedi, em pânico, para que ela me deixasse ficar perto do meu marido. A rabugenta aeromoça espanhola não queria deixar, aí eu insisti e ela falou: “correndo!” E eu corri em descambada pelo corredor do avião... Cheguei nos assentos e meu digníssimo esposo dormia profundamente. A turbulência a embalar seus sonhos tão gentis...

Não quis nem saber: fui logo acordando Bernardo que, sonolento, ficou p. da vida por eu estar, mais uma vez, dando ataque histérico durante o voo. Mas pobre é foda, né? Eu juro que pensei que iria morrer sobre o mar sem nunca colocar os pés em Paris.

Não só coloquei, como me esbaldei nos docinhos das boulangeries locais. Pequeno detalhe: as nossas malas não chegaram. Foram para Madri ao invés de Paris. Independentes essas bagagens, não? Eu já tinha certeza de que a gente iria precisar lavar pratos na capital Luz por não ter dinheiro para uma viagem de lua-de-mel daquela envergadura. Mas sem roupa? A gente teria de lavar pratos e talvez rodar bolsinha, para comprar algum modelito parisiense.

Enfim as malas chegaram, depois de quase 12 horas de atraso. Bernardo conseguiu um supositório para mim... Sim, minha gente, porque mico quando é mico, é mico. Eu tive de usar um supositório para dor de garganta na minha lua-de-mel. Romântico, certo? Mas o remédio funcionou que foi uma beleza e eu pude, finalmente, curtir minhas merecidas caminhadas e deslumbres parisienses. Meia-Noite em Paris... Meio-Dia em Paris... Viva la igualité, fraternité e liberté!

Comentários

  1. Ah que saudades de Paris, cidade luz, linda, charmosésima...todas as minhas lembranças são também perfeitas Lu, sem faltas.A estréia no primeiro mundo realmente foi de primeira, ainda mais sendo um lua de mel em Paris...Wahe Guru!(quer dizer, quanta luz!)A minha estréia fora do meu país, foi punk...India!!!mas teve também seu glamour...espiritual.O filme do Woody, encantador, um sonho, também adoooorei.
    bjkas.Namastê!
    Cynthia

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  2. Ah Luciana, eu nao sei da onde voce tirou a ideia de que expressar felicidade no aeroporto e passar medo dentro do aviao eh coisa de pobre!

    Coitado dos pobres eles nem sequer entrarao dentro de um aviao!!!

    Beijos e bomfinde!

    Evelyn

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  3. Super 10!!!!

    Tu tá com um ar de sabedoria amiga.
    Amei as fotos.
    Parabéns para cês.

    Davide

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  4. Disparado o melhor post desde a auspiciosa estreia do blog.
    Leve, divertido, revelador.
    Ser pobre é foda, mas você também é fodástica.

    Valdeir.

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  5. Lembrei de outro mico: Eu, Gustavo, minha sogra e Bruna dentro do ônibus indo para a tranquila Petrópolis passar o fim de semana. De repente o Gustavo, pálido na cadeira, mandou essa: "Esqueci de verificar o grill, acho que deixei ligado!!!" A gente: "Não, imagina, é só impressão", mas, todo mundo ficou com medo... o que poderia acontecer? Um curto-circuito? O apartamento reduzido a cinzas na volta? Chegamos à Petrópolis, petrificados. Não iríamos ficar tranquilos. Resultado: Minha santa sogra pegou o próximo ônibus, enfrentou mais uma hora e meia de viagem e voltou a nossa cidade para verificar, acredita? E o pior, assim que chegamos, em meio a esse caos, caiu uma tempestade horrível, de chuva de vento batendo na janela e nós naquele clima emocional também péssimo por causa do grill!
    Bom, minha sogra chegou em casa, verificou que o grill estava desligado (graças a Deus) e ela ainda verificou na internet a previsão do tempo para aquele fim de semana e nos deu notícias de que ia melhorar... quase não acreditamos... rs.
    Dia seguinte, sol tinindo! Minha sogra voltou à Petrópolis e almoçamos todos juntos, felizes e tranquilos! rsrsrs

    A gente vai lembrando, né...

    Beijos

    Patty

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  6. Fiquei chocada com o "buraquinho" da estrada e fiquei comovida com o apuro - antes e durante - a viagem a Paris...
    Mas é assim, Lulu, o sufoco de ontem é sempre a diversão de hoje :)

    Beijos e bom final de semana!

    Débora

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  7. Oi Lu,

    Essas enrroscadas fazem parte do dia a dia. Um bom fim de semana para vocês!!

    Beijos,

    Cecilia

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  8. Loo, dorei o texto! A viagem ficou por sua conta adorar, que bom!!!
    Beijo.
    Má.

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