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Mostrando postagens de maio, 2015

Socorro, sou preconceituosa!

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Pensei trilhões de vezes antes de começar a escrever esse texto. Tive medo de mim mesma, atestar meus demônios, minha falta ou pequenez. Tive medo também do julgamento dos outros. Os outros estão tão escrotos ultimamente. O ringue armado no Facebook. De longe, tudo é possível e, de perto, ninguém é normal.  Descobri que estou aquém dos meus anseios de pessoa aberta e descolada em todos os aspectos da vida. Sim, eu alimentava certa desconfiança de que não era evoluída a ponto de ser totalmente livre. Porém, comprovei a tese no dia de ontem. Tenho, afinal, amarras morais e sociais. Quem não tem? Alguns espíritos indômitos e profundamente desapegados de qualquer conexão com as demandas planetárias. Ainda quero conhecer um desses indivíduos.  Mas eu, euzinha, percorro claudicante o caminho do não julgamento, caindo sempre na armadilha do pré-julgamento que se confunde, muitas vezes, com o preconceito. Admito: há muitas fronteiras a explorar.  Estava a caminho da massa

Tá servido?

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                                                       Quando eu era menina                                                                                  bem pequena,                                                                                  em nossa casa,                                                                                  certos dias da semana                                                                                  se fazia um bolo,                                                                                  assado na panela                                                                                  com um testo de borralho em cima.                                                                                     Era um bolo econômico,                                                                                  como tudo, antigamente.                                                                            

Com limão, mas com afeto

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Todo mundo guarda uma lembrança do Dia das Mães. Recordações hilárias, tristes, doces ou traumáticas. Não existe uma data tão avassaladora quanto essa. Porque mãe, vamos combinar, é uma entidade; uma deusa capaz de provocar a mais perfeita devoção ou o mais dilacerante ódio. Não tem essa de mais ou menos, quase, talvez, quem sabe. Mãe não é relativa. Para o bem ou para o mal, a maternidade é o estado absoluto da criação.  Segunda pós Dia das Mães é dia de contar os sobreviventes, mortos e feridos do domingo especial. A mãe da adolescente de 13, conta que o seu dia foi “o pior dia das mães da minha vida”, pois a filha deu piti dentro do restaurante, se esquecendo de quem era a dona da festa, muito pelo contrário: culpou a mãe por todos os males de sua incompreendida vida juvenil. Nada mais trivial nessa relação tão delicada e conturbada entre mãe e filha.  A outra, mãe de uma garotinha de oito anos, recebeu todas as flores arrancadas do jardim transformadas em tapete.

Fazendo a cabeça

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De repente todo mundo sorria para mim. Alguns falavam comigo com a leveza de um dia de férias. O que está acontecendo? Entrei num comercial de margarina por engano? Era uma quinta-feira, supermercado. Um dia como outro qualquer, não para mim, pois aniversariava meu primogênito. Mas estaria eu transparecendo a felicidade de ter um filho? A magnitude de vê-lo entrar na adolescência e ter o privilégio de sabê-lo um ser humano mais interessante do que jamais fui?  Não, não era possível. Não encarno o tipo mãe-que-baba. Meus sentimentos maternos são discretos e contraditórios. A maternidade me enriquece e me debilita: gosto e desgosto. O amor profundo aterroriza e desestabiliza em rajadas incessantes. Todavia, ali estava a comprar batata-palha e molho de tomate para o cachorro-quente do pirralho; a escolher cebolas enquanto os olhares maravilhados caíam sobre mim como se eu irradiasse um halo de luz reconfortante. Logo eu, a eterna deslocada no tempo e espaço.  Não entendia