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Mostrando postagens de fevereiro, 2024

Essas coisas todas

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Para Márcia Romão Recebi um TikTok de uma amiga da Associação das Bordadeiras de Penedo/AL e voltei duas décadas, relembrando uma historinha bacaninha vivida (e vívida) naquela cidade. Era 2004 e estava à espera do meu primeiro filho. Foi uma viagem meio sem sentido aquela, passando tão mal (talvez as passagens de avião já estivessem compradas). Só sei que foi assim, Bernardo e eu, os futuros pães de primeira marcha, perdidos numa noite de Natal em Maceió. Após uns dias na capital, começamos a explorar as redondezas. Alugamos um carro e partimos para Marechal Deodoro e Penedo sem nada saber delas - não eram tão banalizadas as informações naquele tempo que parece realmente longínquo. Que cidadezinha linda Penedo, toda colonial, às margens do mitológico Velho Chico. Quase me esqueci do tanto que enjoava, vomitava e me sentia fraquíssima. Não tinha disposição física, mas tudo ali me encantou. E me esforcei pra burro nas caminhadas. Um garoto logo se aprochegou na gente com autoridade de

Desavisado

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Ao contrário de tanta gente, ela não tem o costume de entrar no chuveiro assim que acorda. Prefere um banho noturno, relaxante, antes de dormir. Pela manhã não gosta de sacrificar minutos a mais no café-da-manhã saboreado com mais calma, geralmente sozinha, pois logo sai para o trabalho. Hoje fez diferente. Tomar uma ducha, se animar, é sexta, seu dia preferido, é Carnaval, feriadão, alguns bloquinhos, descanso ali no horizonte, desfrute. Da metade para o final da ducha, notou uma mancha no fundo da banheira ali do lado, Cinco graus de miopia, tudo que via era isso: um borrão. Nossa, está sujo, registrado. Pegou seu frasco de óleo corporal, uma mulher cremosa que não vive sem hidratação em profusão. A tampa do frasco caiu das mãos na banheira. A sujeira se mexeu. Deuses, ela se enrolou na toalha às pressas e vazou do banheiro. Ainda bem que o homem da casa ainda estava em casa. Homens da casa são imprescindíveis nesses raros momentos de covardia feminina. Olha, tem algo ali na banhei

Periodicamente

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Nas carótidas, o som da vida. Era o meu sangue em trânsito para um cérebro que lembra, acumula memórias nas quais não acredita. O ultrassom de hoje seria aquele do pequeno botão de flor nascendo no meu ventre? O som da vida do primeiro filho, fecundo na terra do meu útero? O útero assustado, renascido com a pergunta, contraiu-se. A mão alisou aquela lembrança perto do umbigo. Lágrimas fugiram dos olhos no escuro estéril da sala. Mãe é um maldita bênção, uma bendita maldição. 

Resetada

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“O que chega à página nunca é a história toda, mas sim a versão do escritor para a história - uma narrativa completamente controlada por seu criador.”  (Gail Caldwell) Tomei as tais “cápsulas de  insônia” - até o prosaico erro do DE no lugar do contra ou para me transportou um lugar de artesania das velhas bruxas - e tive um pesadelo gráfico tão bom quanto as séries mais nórdicas e mais sombrias que vi. Acordei aliviada por estar na minha cama. E contente por Morfeu me visitar, ainda que assustadoramente. Quem fica na superfície do sono agradece a oportunidade de mergulhar nos labirintos oníricos profundos. É uma dádiva.  Se você já experimentou boa parte da farmacologia hetero e ortodoxa e não crê em mais nada, sabe que não há milagres. A poção de mulungu, hipérico, melissa, camomila e valeriana, em dosagem feiticeira criada pelas freiras da Pastoral da Saúde do Paranoá (será que o pesadelo teve a ver com aquela horrenda dos filmes?), lhe traga apenas poucos outros sonhos, talvez alvi