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Mostrando postagens de janeiro, 2017

Similitudes

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Na minha ignorância histórica, nunca havia entendido a relação de amor-ódio entre Cuba e os Estados Unidos. Na verdade, nunca me aprofundei na questão pois, ao contrário de boa parte dos brasileiros oriundos de universidade pública (e de um curso de Humanas), nunca fui apaixonada pela ilha de Fidel. Não tenho nenhum fascínio específico por Havana, como também não nutro especial apreço pela terra do Tio Sam (ao contrário da maioria dos brasileiros, tão magnetizados pelo eldorado consumista norte-americano). Mas calhou de Mrs. Molly, minha eterna mestra de English, minha "mentora", como ela se autodenominou em relação a mim (e eu concordo), fez questão de levar minha irmã e eu para ver a exposição sobre Cuba no Museu de História Natural de Nova Iorque. De outro modo, não ira mesmo pagar dólares extras para conferi-la. E claro, valeu muito a pena. Primeiro, para constatar o quanto Cuba e Brasil são similares em seus passados escravagistas brutais; dos latifúnd

Louca nas drogas

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Culpem os opiáceos que eu tomo para dormir de vez em quando. Nessa madrugada, me vi numa casa de campo, era verão (que vontade!) e vestia um shortinho jeans (logo eu, que raramente uso shortinho jeans, mas que ando muito a fim de rever minhas coxas, cotovelos e tornozelos).  Na cena, estava sentada numa cama de pernas cruzadas conversando animadamente com uma garota. Uma tigela de jaboticabas envolvidas em cubos de gelo jazia em meu regaço (logo eu, que odeio jaboticabas!).  De repente, não mais que de repente, surge Donald Trump e sua comitiva porta do quarto adentro. Ele vem com toda aquela asquerosidade me dar dois beijinhos... Só muito louca nas drogas para misturar Trump e jaboticaba num mesmo pesadelo!!!!! KKKKK!

Trieiro

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Mamãe, como A Maja Vestida , assistia à sua novela. Tia Catarina cortava frango ou seria porco? em filés perfeitos. Tia Book, cebolas como pequenas canoas. Eu era jovem, fresca e leve, sem as cicatrizes dos filhos; sem o peso das tragédias. Descia o morro da casa-sede da fazenda como uma noviça rebelde apaixonada.  No meio do trieiro, cruzava com o sobrinho-afilhado Daniel. Alcançava o curral na planície. Avistava mamãe-Maja-Vestida na sala escurecida pela fumaça do fogão à lenha. Reparava nos pés descalços dela, enrrugados como os meus serão em breve. Corria para receber um abraço:  - Que saudade, mamãe! Ela fazia sua indefectível expressão marota e respondia: - Diego não te esperou, já foi embora para Salvador! Eu quase desfalecia em seus braços, pois era por ele quem meu coração batia. O garoto colombiano do curso de inglês findo em dezembro. A mãe percebia a dor que a brincadeira causara na filha e remendava: - Deixe de ser besta. Ele

To serv and protect

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Para se ter uma imersão verdadeira no American Way of Life, não podia faltar a participação especialíssima do policial americano. Foi o que consegui proporcionar à minha irmã na tarde de hoje, procurando o escondido Neureberger Museum of Art, incrustado no imenso e belo campus da Purchase College, no condado de Westchester. Rodando com a ajuda do Waze à caça do bendito lugar, dirigia olhando para todos os lados a 20 Km por hora (ou ínfimas milhas), até que ouvi um uiouiuou (barulho da sirene do carro de polícia). Olhei pelo retrovisor e pensei comigo mesma (péssima ideia): será que é pra mim? Continuei seguindo a 10 Km por hora e ouvi o segundo e definitivo uiouiouou... OK, acho que me ferrei. Parei o carro. O da polícia parou quase encostado no meu. O policial veio caminhando com olhos de raio-X para dentro do meu porta-malas, banco traseiro e: documentos do carro e do motorista! A voz de barítono negro era tão assustadora que atingiu o rosto apavorado da minha irmã sen

No caminho...

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Rever um belo filme é reencontrar outros tantos detalhes cênicos e palavras despercebidas. Faz frio, claro, é inverno em NY. Um inverno que costuma ser longo e duro até para os suíços (encontrei um colega de Bernardo na IBM reclamando, o que me espantou).  A experiência de viver fora de casa, com uma rotina sem rotina é emoção extenuante. Por isso, não tenho me desafiado além da conta com filmes que possam chacoalhar o coração. Todavia, não resisti em mostrar para a irmã Marilena, nesse dia de chuva ininterrupta, na temperatura introspectiva de 3 graus Celsius, sem falar nos filhos doentes, esta joia em prata da Cruz de Santiago de Compostela. Ter conhecido a cidade de mesmo nome e sua catedral magnífica, de portas abertas para todos os peregrinos, para todas as dores, promessas, desejos e realizações, foi uma das vivências mais profundas que já experimentei. Não à toa trago a tatuagem da mesma cruz de prata no punho, para me lembrar de como a vida é dura e mágica. N