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Mostrando postagens de janeiro, 2013

Cordis Codex

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Sonhar faz bem para alma e atualmente eu só sonho em encontrar uma boa empregada doméstica. O cérebro povoado de Ayranis, Elisleines, Valdirenes, Neusirenes, Amandas, Flausinas, Aurilenes, Jucilenes, Edilenes... Alguém que cozinhe um feijão gostoso, que faz tempo que eu não como um feijão de verdade. Uns dois meses... E brasileiro sem feijão não funciona. Estou com delirium tremens, alucinações. Não sei se sobrevivo até o meu aniversário.  Por que pobre gosta de nome terminado em ene e eni? Desculpe-me pela linha direta com a arrogância intelectual, com a pretensão erudita, mas chega a ser hilário. No meu bloquinho e na minha mente as terminações rimadas de nomes se misturavam. Em pouco tempo já nem sabia qual Lene era qual. Que confusão! O que essa galera tem contra uma boa e simples alcunha terminada em A?  Mas quero falar dessa experiência de colocar anúncio de “Procura-se” no jornal. Foi nosso batismo. O classificado dizia: empregada doméstica/dormir/ apto Asa Sul/c

Agulha no palheiro

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Se eu contar que já perdi a conta do tanto de números de celulares anotados, papos batidos, entrevistas marcadas, entrevistas feitas, bolos, furos, testes infrutíferos pelos quais já passei nesses últimos dois meses, vocês acreditariam em mim?  A gente lê nos jornais e revistas que empregada doméstica é uma profissão em extinção. Mas experimentar de forma palpável a questão é outro departamento. Sabemos que o Brasil está menos miserável e, afinal de todas essas contas públicas e privadas, nunca fui mesmo adepta do trabalho escravo e exploração de mão de obra barata. Parabéns! Aprovo a ideia de uma sociedade sem empregados domésticos servis e mal pagos. Até mesmo sem alguém sequer para fazer os serviços gerais da casa como sói ocorrer nos tais países desenvolvidos. Entretanto fica o dilema: as mulheres teriam de, novamente, voltar a ser donas de casa ou abdicar de uma vez por todas dessa história de ter filhos?  Nos Estados Unidos acontece: mulheres abrem mão de s

Preferiria não...

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Em  homenagem  à Denise Stoklos, que acaba de  me ensinar:  amadurecer  nada  mais é  do que  cagar e andar. Consegui. Cheguei em tempo desse blog não morrer de inanição. Passei quase um mês sem condições de fazer uma comidinha trivial que fosse. Imagina forno e fogão. O feijão com arroz estava imprestável. Sem tempero, sem sazon, sem amor...  A cozinheira quase vendeu sua alma ao diabo e desistiu de seu ofício. Preferiria não pensar em receitas que atiçassem o paladar dos comensais e nem o dela próprio. Não quis acreditar que suas mãos pudessem produzir qualquer mistura tragável, digerível.  Porém, na última fração de segundo, resgatou as memórias de viagem gravadas em quilômetros. A caravana cruzando o sertão, dessa vez mais seco do que há muito viu. Fragmentos fotografáveis que gostaria de acrescentar ao cardápio de entrada:  Um lavrador cortando palma para o gado esquelético...  Um sertanejo bebendo sedento da boca do galão montado em seu cavalo...