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Mostrando postagens de dezembro, 2012

Loucura sã!

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Dedico esse texto ao casal Elisabeth e Thoróh Acordei zonza depois de míseras cinco horas de sono. Ninguém ainda invadiu o meu quarto. Nem o meu marido está no meu quarto. Que milagre de Natal é esse? Ligo a TV ao acaso e começa "A Family Man", um típico filme natalino, pero no mucho. Eu curto esse filme com o Nicolas Cage surtando ao perceber que deixou de ser um homem solteiro e cheio da grana para virar um suburbano com dois filhos, esposa e dívidas. Don Chandler dá o seu show particular no início da história. É uma narrativa que mexe com a gente, com os valores. E se... E se eu tivesse decidido não me casar, não ter dois filhos? E se eu tivesse aí, solta pelo mundo, sem laços indissolúveis? E o Nicolas/Jack ouve ópera no último volume enquanto coloca seu terno de dois mil dólares (na época das filme, claro). E eu saio do quarto triunfante e resolvo fazer uma seleção pessoal das árias que mais gosto.  Enquanto isso, meus dois filhos, já acordados, p

Laços sangrentos

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Não sei por qual motivo eu fiquei com a pulga atrás da orelha com a possibilidade do fim do mundo realmente acontecer nessa sexta-feira, o melhor dia da semana para qualquer coisa, até para a aniquilação dos seres humanos, que estão cada dia menos humanos. Mas é muito amargo pensar nessas coisas tão perto do Natal. Tão quando tantas pessoas me dizem: “Seus filhos são lindos!” São mesmo, é verdade. Sem modéstia alguma. Às vezes a genética é caridosa com a gente, às vezes não. Misturas de tatu com cobra de repente dão certo e, em outros casos, príncipes e princesas geram sapinhos esquisitos.  Todavia, fiquei pensando que o fim do mundo poderia mesmo se abater sobre nós porque, enfim, fechei uma Gestalt complexa ontem. Você pensa que só existe esse tipo de coisa em filme ou série. E logo eu que me amarro em histórias de tribunal, num bom debate jurídico e coisas de detetive, estava ali, vivendo na prática a sordidez do mundo dos advogados.  Engravatados dos dois lados s

Liberdade essencial

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Marília Gabriela é mesmo uma grande entrevistadora. Ela consegue deixar interessante até pessoas nada inspiradas. Não era o caso da entrevistada de ontem, a exuberante diretora de TV Amora Mautner.  Eu não curto muito programa de entrevistas. Para uma jornalista eu estou mais para cineasta. Mas a Marília tem charme, inteligência e simpatia. E a Amora é filha do maluco Jorge Mautner, um maldito que admiro (tem CD dele lá em casa e eu já conferi show do cara). Além disso, ela dirige. Ser diretora é uma praia que eu gostaria de conhecer. Mandar é comigo mesmo. Eu queria entender um pouco mais dessa história de coordenar atores, programas; dos bastidores de uma novela ou série. Tenho tesão pelo making off.  Mas o que mais me chamou atenção entre todas as perguntas da Marília foi: “Com pais intelectuais, como foi dizer para eles que você ia parar de estudar para virar diretora de TV?” Mãe é uma categoria única no universo. Quem não é não alcança. Quem é se reconhece. Como vá

A maluca do tempo

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Adoro esse barulho dos pneus espalhando água da chuva. Isso quer dizer que o dia está denso e cinza reflexivo. Minha amiga e temporária colega de trabalho me pergunta: como você pode estar de bom humor numa manhã chuvosa como essa? Estou. A chuva me fecunda. Dias londrinos me dão uma leveza diametralmente oposta ao peso das nuvens no céu.  Natal tem de ser assim: branco. A amiga austríaca é quem diz isso e eu a entendo. Ela não gosta de inverno (um paradoxo para uma austríaca), mas ela sempre disse que Natal tem de ter neve. É verdade. No caso do Brasil, no mínimo, tem de ter cinza-pluviométrico. Família reunida ao redor da mesa trocando presentes combina com noites aconchegantes de inverno. O verão pede festa com amigos no meio da rua. É duro comer tanto pernil, peru e farofa suando em bicas.  Bem que a gente podia ter um mês de frio. Só um mês bem frio. Para casacos até os tornozelos e cachecóis. O equilíbrio do mundo podia existir ao menos no clima. Não é pedir muit

A princesa da Pérsia

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As datas redondas encantam a humanidade. Incitam o imaginário e o misticismo. A gente sente no ar a presença de um campo magnético diferente. Os amantes da Física Quântica de botequim adoram esses dias. Meu marido, que ama a Física Quântica de verdade, ri de tudo com escárnio. Besteira cristalina, diz.  Realidade ou ficção, a verdade é que centenas de cesarianas são marcadas para datas combinadas Brasil afora. Momentos de meditação coletiva e profecias de fim de mundo também gostam de dias rimados. Rômulo escolheu nascer em 27/07/2007. Resultado: fiquei presa no congestionamento da maternidade... Mais de cinco horas até conseguir subir para o quarto, pois dezenas de mamães marcaram aquela sexta de setes para retirar seus filhotes da barriga de forma pré-agendada.  Mas o apelo combinatório dos números, enigmáticos números, é quase irresistível. Acho que vou apostar na mega Sena da virada hoje: 12/12/12. Doze é o dia do aniversário do meu marido. Que é o inverso de 21, me

Então é Natal!! Fazer o quê?

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A campanha publicitária de uma rede de farmácias diz: “Quem dera fosse Natal o ano inteiro”, ou algo parecido. Do volante do meu carro (o item mais importante do automóvel, segundo o especialista Rômulo), li a mensagem no grande cartaz afixado no ponto de ônibus. Um calafrio percorreu minha espinha: Cruzes! Natal o ano inteiro???? Quem poderia suportar ofuscante sensação?  Acho que a publicidade vai surtir efeito contrário do esperado. Se eu, que adoro Natal, me senti apavorada, imagina aquela turma que dá bode no fim do ano, fica deprê, essas coisas? Natal só é bom exatamente porque é único, indivisível, pontual. Uma overdose de sentimentos e gastos. Uma orgia do prazer sensorial, por mais que tentemos, sempre, relembrar que 25 de dezembro pede oração e elevação do espírito.  A gente cheira perfume, sabonete, panetones; a gente olha com gula as vitrines exuberantes e a decoração natalina das casas e prédios alheios (nem sempre de bom gosto, mas inevitavelmente chamati

O Oscar vai para... Oscar!

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Cintilante sol da manhã verdeja a grama. O dourado intenso fura o bloqueio das copas. Não poderia ser diferente a homenagem ao criador de Brasília. É assim, em plexo solar, que a capital transmite seu esplendor e se despede do grande pai. Niemeyer, enfim, partiu. Parecia não querer abrir mão de seus filhos espalhados pelo planeta. Agora, Brasília fica ameaçadoramente desprotegida dos bicho-papões que querem lhe arrancar a beleza e originalidade. Sinto-me órfã novamente (sentimento persistente, ó céus!). Quem me acompanha no blog sabe que eu tenho minhas ressalvas em relação a Oscar. Não vou transformá-lo em Deus, mas é impossível negar-lhe a genialidade. A ousadia. A vanguarda em 1960. Não posso esquecer que seu nome elevou o Brasil aos olhos do mundo para além de macacos, florestas, violência e corrupção. Na cozinha de uma casa de subúrbio típica dos Estados Unidos, em 2001, uma alemã e uma austríaca me inquiriam sobre Oscar Niemeyer. Elas acabavam de saber que eu e

Sucesso é sorte (Sidney Sheldon afirmou e eu assino embaixo)

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Depois não digam que eu não tentei. Eu dei a cara à tapa. Nunca me faltou coragem de saltar no escuro (tudo bem, tenho medo de águas turvas, mas até em lago de caverna sem ver o fundo já nadei). Eu vim disposta e com o coração aberto. Cheguei com o objetivo de não cometer os mesmos equívocos. De não tomar o elevador lotado com os problemas dos outros. De construir outra história que me deixasse em paz com a minha trajetória profissional.  Mas tudo ficou com dantes no quartel de Abrantes. E aí eu deduzo: o problema podia ser metade meu, claro, mas é também da área. A Comunicação sucks! As pessoas são doentias, egocêntricas e perdidas. Não é lugar para principiantes ou para idealistas. É lugar para antropófagos. E eu não curto muito carne, que dirá, humana.  Os chefes atuais dizem que meus textos são muito longos e autorais. Ou seja: eu tenho conteúdo e estilo. Isso não pode ser mesmo boa coisa nesse mundo frívolo de 140 caracteres. Eles não gostam do que eu escrevo. Eles