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Mostrando postagens de janeiro, 2022

Estátua!

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Feliz, largada no pilotis envolta em devaneios  redemoinhos anseios. Medusa de férias em busca da solidão perdida. Ouve a canção, sentida,  até que a menina de patins lhe rouba [a paz dos enlevos febris. As serpentes despertam. Atiçadas estão  para transformar aquela infância [em pedra. 

Pelo sim, pelo não

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Vizinhos rendem boas e más histórias da existência em sociedade. Jamais uma convivência tão próxima passa por nós em vão. Tem gente que encontra com o vizinho mais do que com os próprios parentes. É ou não é? Da minha parte, não tenho grandes traumas das vizinhanças de ontem ou de hoje. Sinto saudades de algumas pessoas que compartilharam comigo o mesmo elevador, a mesma garagem ou o mesmo bloco geminado de casas (salve, salve, dona Maria Inez e os amigos Toninho, Cláudio, Clari e Taísa). Nossos queridos ex-vizinhos do apto 205, por exemplo. Sobre eles escrevi sobre o amor de um casal que pode ser, sim, romântico na longevidade do relacionamento. O texto, passado por debaixo da porta, tornou-nos amigos. Ainda me pego a ouvir os latidos felizes do Zeca no pilotis e recordo a tensão que sofremos, Anne e eu, quando o danadinho do Lulu da Pomerânia resolveu tirar onda com o pitbull do prédio ao lado. Taí, desse vizinho eu não gosto. Outro dia, estava concentrada nas abdominais "emba

Liberdade

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Na praça fazem pose: pousam os passarinhos os anjos da infância e os flashes da natureza.  Deambulam pombos e pessoas, beijos e bate-papos de porta-retratos. Na praça a noiva ensaia a lua de mel as fontes sorriem com úmida juventude as rosas não falam, mas posam em primeiro plano. Os cães merecem e estão no céu  amigos dizem xis  os livros são bem-vindos. Na praça há liberdade de ir, vir e contornar no sentido do relógio imaginário  Quem tem horas?  Quer pipoca? Os sonhos em praça pública ganham a amplidão da coletividade.  Psicanálise Poderia fazer uma coleção interminável de canecas e xícaras. Descobri que não gosto de quadros sem título. O minimalismo não me afeta. Prefiro os paradoxos da arquitetura bruta brocada de pensamento barroco.  Mesa posta com delicadeza é luxo. A civilidade me sedu½z Teria gavetas de brincos e de anéis que não comprei. Ainda não me sinto natural de tênis com saia. Vitrais e santos me abençoam. Chá gelado e vodca com gengibre são boas pedidas no verão.   As

Olho de peixe

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A gravidade (do cotidiano) nos (só) terra. Apenas o sonho nos redime: sublime. Como chegaram ao terceiro andar? Danadas, seriam aladas? Antenas, são plenas. Três pares de pernas equipadas com rapel vêm e vão ao beleléu... Que susto, não sabia que Lya estava doente. Gosto muito dos escritos dela. Estão aqui, na minha estante de mulheres fundamentais da literatura brasileira. Uma frase dela é epígrafe do meu livro de estreia. E ainda tenho "Histórias de Bruxa Boa", infantil lindo! Qual não foi o meu desapontamento quando soube que ela votara em B. Depois se arrependeu, mas ficou a cicatriz. Sei lá, o eterno embate entre a importância do criador ou de suas criaturas... Obrigada, Lya, sua escrita sempre me foi instigante companhia. Põe absurdo e põe tristeza para equilibrar o peso e a leveza da jornada. terçou termal terçol ter sol solstício soul sou sermos Itabira lá no fundão do vale: calorão, pó de ferro. Onde o trem da Vale não é doce, mas duro itabirito, devorador de montanh

On the rocks

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Pungente o gosto que sinto  do meu próprio veneno atroz contundente e não se sabe e não se vê ardente feito o lume de um vulcão não nasci para ser sobejo mas flori para ser festejo devaneio palpitação coração que salta peito afora paisagem em contemplação (Katarine Araújo) Os cubos de gelo espatifam na cerâmica e trincam como vidro. Nunca antes me ocorreu que a água solidificada e o estado físico do vidro, um sólido amorfo, são tão similares quando trincados. Para se fazer vidro é preciso aquecer areia e outros componentes até 1.500 graus C. Para se obter gelo em cubo, é preciso resfriar a água a zero grau Celsius. Mas ao se fragmentarem, vidro e gelo se irmanam na fragilidade. Lascas pontiagudas se espalham a uma certa distância. Há pedaços maiores e minúsculos num raio considerável. Juntar os caquinhos de gelo ou de vidro dá trabalho. O gelo e o vidro cortam a pele de forma diferente. Um, queima; o outro penetra, porém ambos são transparentemente afiados. E claramente impassíveis.  O