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Mostrando postagens de outubro, 2016

"Se você disser que eu desafino, amor..."

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Enfim o ontem chegou, recheado de coisas especiais, como o aniversário de 4.0 do meu sobrinho primogênito e também a primeira aula no "Women's Vocal Ensemble" do Conservatório de Música de Westchester.  Eu e minha boca grande ou cara de pau, no que fui me meter? Entro no Conservatório, que fica pertinho de casa, alguns quarteirões na noite densa (apesar de ainda não ter dado sete e meia). O rapaz da recepção me explica que devo subir a escada e entrar na sala 200. No caminho, vou passando por maravilhosos instrumentos sendo executados por alunos aplicados em salas de ensino individual. Uma atmosfera que já dava uma pista de que ali ninguém brinca em serviço. Alcanço a porta da sala de ensaios e vislumbro cinco mulheres aguardando sentadas debatendo a atuação de Tom Hanks no filme Sully. Entender inglês eu entendo perfeitamente. Meu ouvido já é capaz de acompanhar todo o debate HillaryXTrump sem necessidade de legendas. Era a primeira vez que eu es

Gratitude

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Quando moramos aqui em 2001/2002, não existiam as mágicas redes sociais. Os e-mails eram a forma mais moderna de interagir com os amigos e parentes, mas, ainda assim, poucas pessoas o utilizavam fora do ambiente de trabalho. Não era fácil tirar e enviar fotos, pois os celulares mal tinham saído do forno e não traziam com eles câmeras bacanas para viralizar imagens.  Agora, posso compartilhar com vocês todo o esplendor do outono em NY. É impossível descrever a magnitude da natureza nessas bandas de cá no mês de outubro. Quero parar o carro de minuto em minuto para registrar o que meus olhos podem ver e repartir com vocês essas visões idílicas inacreditáveis.  Ao caminhar, pareço uma weird americana, parando a cada árvore, a cada raio de sol que bate numa folha tornando-a mais púrpura, mais alaranjada. Frida não me compreende, quer seguir andando. Deixe de ser chata, Frida!, reclamo em bom som, me tornando ainda mais esquisita aos olhos dos que cruzam comigo pelo cam

Calor sensível

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O dia está tão bonito que não encontra adjetivo. O frio faz cócegas nas bochechas dos passantes. O Sol brilha na exata medida da retina. Alguns amigos distantes comunicam a morte de seus bichos do coração na semana em que se celebra São Francisco de Assis. Penso na poesia da coincidência e imagino o Irmão Sol recebendo os diletos animais com seu generoso abraço fraternal. Penso também em Frida, claro, não a Khalo. Em como o olhar dela consegue me arrancar da autocomiseração e buscar o mundo exterior. A imensa tela do cinema me instiga: "What's your favorite thing on the Earth?"  Talvez o universo no qual o planeta flutua ordenado e perene? Quem sabe os raios solares do outono no Hemisfério Norte a nos aquecer sem nos ferir? Ou seria o inesperado calor humano da colega de classe japonesa ao perguntar: "Se eu conseguir um apartamento maior em Tóquio, como eu quero, você vai me visitar?" Todas as alternativas estão corretas.