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Mostrando postagens de dezembro, 2010

As mil e uma referências

Fim de ano é tempo de refletir num sem fim de coisas de tamanhos e importâncias diferentes. É época propícia também para ir atrás das nossas referências, às vezes daquelas que a gente até acha que não se lembra mais, entretanto,ao bater os olhos, sentir o cheiro ou ouvir a melodia, a gente recorda imediatamente. Foi assim quando revi, ontem, depois de tantos milênios, Harold & Maude, ou, para nós brasileiros: "Ensina-me a viver". O que seria da nossa geração sem a querida Sessão da Tarde? Centenas de filmes essenciais para a nossa formação sentimental, política e comportamental foram deleitados, sem direito a pause, nas televisões Sharps 20 polegadas. "Ensina-me a viver" estava entre eles. A história do menino que gostava de ensaiar a própria morte que encontra a velhinha libertária marcou a minha infância. Na adolescência, tive um namorado cuja irmã mais velha curtia Cat Stevens. Fiquei maravilhada com aquele som, como se ele fizesse parte de mim desde semp

Era uma vez um Natal angelical

Muitos dezembros atrás, eu me meti a criar um auto de Natal. Misturando, para ser exata, plagiando trechos de "O evangelho segundo Jesus Cristo" e Cecília Meireles, escrevi essa pecinha que ensaiei com os meus sobrinhos para apresentar no almoço do dia 25.  Minha primeira incursão na dramaturgia foi um sucesso! O público de tios e mães-corujas aplaudiram de pé. Então, aqui posto essa raridade para que vocês estourem no Natal do ano que vem.  O segredo é contar com uma pancada de sobrinhos na idade de pagar mico sem achar que estão pagando mico.:) Feliz 2011! A Companhia de Teatro Amados Amadores tem o prazer de apresentar a peça Era uma vez um Natal Angelical. Narrador: Há muito tempo, numa terra plana, árida e escaldante, um menino veio ao mundo para falar de paz, justiça e amor. Faz 2010 anos que suas palavras ecoam pelos quatro cantos do planeta. Esta pequena história que agora vamos contar relembra os fatos extraordinários daquele 25 de dezembro onde tudo começou.

Carta do Papai Noel

Queridos brasileiros, Há muito tempo, um tempo bem velhinho, numa terra plana, árida e de sol escaldante, um menino veio ao mundo para falar de paz, justiça e amor. Já faz 2010 anos que suas palavras passeiam pelos quatros cantos do planeta e começou assim: numa madrugada extraordinária, Deus pediu aos anjos fizessem algo bastante especial. Eles voaram depressa em busca de todos os homens espalhados pelos mais variados lugares. Os querubins estavam atrás do sorriso da primeira criança que esbarrassem para contar a boa notícia: Jesus, filho de Deus, já estava entre nós. Para comemorar, a humanidade cantou com alegria as canções de roda que sabiam de cor, enquanto os pequenos anjos guiavam as crianças no caminho sinuoso da gruta onde estava o bebê Jesus. Chegando lá, grandes e pequenos, brancos, pretos, índios, esquimós e aborígenes trocaram abraços e presentes e esqueceram por completo suas diferenças de credo, raça, cultura e modos de viver. Os adultos voltaram a ser meninos e meni

Entre o verde e o bestseller

O bom de um blog para chamar de seu é que você pode escrever qualquer coisa nele. Uma liberdade e tanto, ainda mais quando pouca gente nos lê.;) E, nesse caso, a gente pode até repetir histórias e textos, pois para boa parte dos leitores, tudo vai soar novinho em folha. Falando em folha, acabo de recuperar uma memória doidinha: é da minha mãe. Ela roubava mudas de plantas dos jardins. Era só ver uma plantinha diferente que lá estava ela: puxando com delicadeza o espécime pela raiz. Levava pra casa com todo cuidado, colocava no saquinho de leite cheio de terra e adubo... Às vezes era num vasinho... E pronto: a planta nem sentia que já estava morando em outro lugar, pois mamãe era uma menina do dedo verde absoluta. O jardim da casa da mamãe era quase um jardim botânico!!! Variado, colorido e maluco. O importante era plantar, amar e ser amado enquanto verde. A catalogação era a própria cabeça de Maria, que sabia todos os nomes das plantas de cor. Havia sempre mais de dezenas de saquin

Espírito que sopra fundo

Tanta coisa boa que a música traz para mim... Sempre ela, acontecendo na minha vida, me rodeando. Flerte eterno. Só me faltava mesmo tocar um instrumento. Mas aí já não seria perene namoro, e, sim, vocação. Mas quem sabe em outra encarnação eu volte violoncelo? É possível reencarnar em objetos inanimados? É justo chamar de inanimado um objeto que exala música? Não vou começar um debate espírita, não é o caso, mas vou falar de um espírito indômito: Engels Espíritos. Calhou do cara ser primo da minha amigazona Ceci. E por causa disso, estava lá eu no show de gravação do primeiro DVD da banda dele. Para quem não conhece, Engels é gaiteiro hors concours . Uma figura conhecida no meio cultural brasiliense. Já havia ouvido seus assovios melodiosos na rádio Cultura FM, mas nessa terça foi minha estreia frente a frente com o músico em carne e osso. Um encontro real com o espírito que anda, melhor, que sopra como se possuído fosse por encantamentos celtas, indígenas e jazzísticos. Engels

Viagem ao centro do âmago (redundante em homenagem à Vera)

Oi, gentes!! Ainda estou aqui, à procura do chocolate perfeito. Mas como ninguém parece ter se comovido com o relato sincero de uma viciada convicta (não recebi nenhum convite irrecusável para um chá com bolo), acho que vai sobrar para mim mesma me presentear com um chocolatinho “humilde” da Stans. Mas falando em humildade, fim de ano é época de a gente ler nas revistas e jornais as indefectíveis matérias-dia-da-marmota. Para os não iniciados em jornalismo, sugiro conferir “O Feitiço do Tempo”. Em poucos filmes a gente tem a noção exata do que é ter de repetir dia após dia, ano após ano, as mesmices jornalísticas da vida. O longa é uma joia rara com a deliciosa e talentosa presença de Bill Murray. Vejam, revejam, reflitam. Mas voltando ao assunto de novo (caramba, hoje eu tô que tô fazendo cera), essas tais matérias de fim de ano tipo: “Faça uma ceia de Natal dos sonhos!”, “Surpreenda quem você ama com um presente inesquecível” e “Os melhores looks para não passar o Natal em bran

Em busca do chocolate perfeito

Vocês já entraram naquela ansiedade coletiva do Natal? Parece que em dezembro todo mundo toma uma injeção extra do sentimento agoniante de fazer mil coisas ao mesmo tempo. Faltam horas no dia, dias na semana. E ansiamos por dobrar os sábados e domingos para que caibam todas as compras e confraternizações. Aliás, eu acho que deveríamos viver em dobro todas as décadas que são boas. A dos trinta anos, por exemplo. Por que não viver na casa dos trinta por 20 anos? Seria a glória! Mas já vou fazer 40, ó mai godi!!! E, como diz a amiga Ceci, depois que se entra nos "enta" a gente só sai quando morre. E pra morrer, basta estar vivinho... Por isso me preocupo, pois tô tão viva! Me deixa aqui embaixo, por favor, que ainda nem publiquei o meu livro, viu vossa divindade? Mas não é tempo de falar dessas coisas tristes, pois eu adoro o clima natalino. Essas mil festividades, escolher presentes, escrever cartões, arrumar a árvore de Natal com os filhotes, pensar na comilança... Esse tó

Tiro no pé

Os brasileiros têm o péssimo hábito de acreditar que as escolhas políticas que fazem estão dissociadas da rotina da cidade em que vivem e até mesmo do país em que nascem. Amarga ilusão que leva milhões de eleitores desperdiçarem votos em figuras inexpressivas como forma de protesto. Bem, eu suponho que seja esse o intuito de se votar em Tiririca, Juruna, Aguinaldo Timóteo, Clodovil e demais personagens que nada contribuem para a vida política da nação: um modo tolo de protestar contra a corrupção e a falta de ética no Congresso. Ou será que alguém marca o nome desses caras com a crença de que serão bons legisladores? Não pode ser!!!!! Mas, em se tratando de Brasil, tudo é possível. E agora estamos aqui em Brasília sofrendo exatamente por ter escolhido mal nossos governadores e deputados distritais. A cidade colapsou. Até demorou um pouco, mas anos de governos corruptos e má gestão do dinheiro público tinham que cobrar seu preço, mais dia menos dia. OK, tiramos alguns laranjas pod

"A fraternidade é vermelha"

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Ser jornalista é às vezes como ouvir a nona sinfonia de Beethoven ou reger com batuta imaginária o concerto para trompa e orquestra de Mozart, ou seja: emocionante. A profissão pode colocar a gente em situações ímpares que marcam para sempre. Não estou aqui fazendo apologia do jornalismo, pois nem sou uma típica repórter-xereta. Não tenho perfil e nem sou política o bastante para fluir bem em ambientes de poder. Não sou, resumindo, engajada na vida jornalística de corpo e alma, mas preciso reconhecer que, se não fosse minha carteira internacional de jornalista, não teria entrado lá no “ground zero”. Ponto fulcral (chique essa palavra, hein) do desabamento do World Trade Center. Recordam? Eu estava lá. E cheguei muito perto. Tudo cercado pelo exército norte-americano. Ninguém entrava além das equipes de resgate e das maiores TVs, jornais e rádios do mundo. Mas a Lucianinha entrou com sua carteira de jornalista sem pertencer aos poderosos. Entrei em nome da profissão e deu até um toq