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Mostrando postagens de julho, 2023

Destempo

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"Cai a lua, caem as plêiades e É meia-noite, o tempo passa e Eu só, aqui deitada, desejante". (Safo, poeta grega da Ilha de Lesbos) Caçando casas e poesia na orla norte do Paranoá… Vem ao ouvido os barulhinhos de uma cozinha em movimento alquimia do alimento em preparo zeloso. Marulhos das ilhas gregas embalados por uma lira imaginária. Safo, a poeta safa, ao pé da floresta petrificada escreve. Eu escrevo. Quantas mulheres escreveram antes de Cristo, antes de mim? Depois, quantas mais, infinitesimais. O importante não é quem, mas como e porquê. Lead é jornal, embrulho para peixes no dia seguinte. Poesia não tem cronologia. É (a)crônica no destempo galáctico. Ócio Coração cinza incerto  charminho de lilás zaz beterraba ou mousse de pitaia? Duna nude  areia: rave ou preguicinha? Cappuccino em Bali. Flutuar ou florescer? Epopeia azteca. Vanguarda ou  rosa antigo? Zazá ciganinha Samba, Juliana Aventura na selva ou  cata conchinha? Selfie hasta la vista, baby! Cartão sem limite o

Fatos e fotos

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Ânfora ânsia de águas  nascentes  seixos de rio  seco leito secou o leite lágrimas empedradas no peito pedras rascantes nos rins  febril veleidade de nutrir afetos que mais não estão ao meu dispor. (ou nunca estiveram) "Eu sou da América do Sul, eu sei, vocês, não vão saber"... Finalmente vi o famigerado filme publicitário IA com a Elis. Como nossos pais é uma crítica ao vil metal e às pessoas na sala de jantar preocupadas apenas em nascer e em morrer. Ressignificaram a letra como hino hippie. Sério? Mas sabe que foi um alívio constatar que Elis ficou grotesca como se estivesse se recuperando de um AVC? Tenho ojeriza ao papo sobre inteligência artificial e "tudo o que ela pode fazer por você". Ainda não pode ressuscitar, com perfeição, as expressões faciais dos nossos ídolos, ufa! Sei que o apocalipse zumbi vai chegar lá, mas, por hora, me senti reconfortada. Compreendo a gana da grana, entretanto acho que a Pimentinha não merecia esse freak show , não. Nas casas al

Narval

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Pairando sobre o ártico, calmaria. Grandes extensões, neve silenciosa. Unicórnios marinhos galopam sob o gelo. A foca encontrará o respiradouro? Não se vê sinal de água, abertura aerada. A camada branca, espessa, não compacta, prolonga-se, repetição rarefeita. Torres voluptuosas de algodão apontam. Esgarçar o medo (está mais perto do que longe) O respiradouro logo ali, entre as placas solidificadas. Nada, nada, hold your breath, clean your thoughts. Expira, enfim, foca anelada distante dos ursos polares.

Orea

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Amorgós  A lisura das pedras marítimas  a aspereza das montanhas. O azul ciclade das marés  o ocre das fendas. O verde à beira da areia a branca cegueira das paredes.  A lassidāo dos gatos  as incansáveis cabras do meio-dia. O fervoroso sol do Egeu a brisa apaziguadora das sombras enviesadas.  A silenciosa lua plena de julho o relincho da burrica leiteira. Milk soaps fish soups. O rosado arbusto do penhasco nêsperas, figos e pêssegos na vizinhança.  (harmônicos contrastes do verão helênico). As estrepolias dos moleques nativos as bocas sem batom das europeias. O conforto da língua francesa ao ouvido o estranhamento do idioma grego ao olhar. Nuvens serelepes estrelas zodiacais. Poseidon faz de conta que não vê o ousado refastelar dos mortais.  Conexões Rio-BsB-Ath Atenas é ruidosa. Trânsito ininterrupto; motocas e lambretas pra todo lado. Os gregos são intensos. Falam como se brigassem e, às vezes, estão batendo boca mesmo. Os fenótipos são variados. Desde a clássica grega de cabelo pre