Diário da Maçã - Dia Nove

No comentário da amiga Patty há um questionamento: “é comum, no estrangeiro, as pessoas falarem com você na rua?” Com base na minha pequena vivência global, eu diria: é comum as pessoas falarem com estranhos na rua em Nova York.

Nas demais cidades que eu visitei em Portugal, Espanha e Alemanha, e até mesmo nos EUA, não senti essa espontaneidade por parte da população. Digamos que seja o lado carioca de Manhattan... Ali as pessoas estão mesmo dispostas a entabular uma conversinha sobre qualquer coisa.

Vou confessar uma vaidade besta: um dos motivos de eu gostar muito de NY é que lá as pessoas me notam. Isso é bacana demais! Acho que a minha estampa “exótica” cai como uma luva para essa cidade sem fronteiras. Estou sempre recebendo elogios pelas ruas de Manhattan... Ás minha roupas e, é claro, às minhas tatuagens.

Os new yorkers entendem e admiram uma tatoo bem feita. E tatuagem é o que não falta na pele clara da galera. Fui parada diversas vezes por pessoas que queriam saber o porquê do meu leão e do meu touro nas costas. E exclamações como ‘beautiful”, “great” recheavam as conversas.

Na Macy’s, fui atendida no balcão da MAC por uma jovem absolutamente tatuada. Colo, braços... Fiquei pensando: se fosse no Brasil, ela jamais conseguiria a vaga como vendedora de produtos de maquiagem de grife... Ainda mais em uma loja tradicional como é a Macy’s. Mas em Manhattan, tatoo é atitude, é arte, é uma forma de se expressar. Não está ligada a nada que seja marginal ou feio.

Bati altos papos com a guria sobre o sentido do símbolo do OM tatuado no meu ombro e saí de lá com uma penca de batons, inclusive o famoso e mais vendido vermelho da marca: o Russian Red. Mulheres, recomendo absolutamente! O vermelho é lindo, uniforme e deixa a boca da gente um estouro! Quando eu passo esse Russian Red tenho vontade de beijar a mim mesma...
Verão em NY é assim: um piano à disposição de quem quiser tocar
Então chegou o penúltimo dia das férias. Domingo, pé de cachimbo... Como previra a meteorologia americana infalível, o dia seria de chuva. E foi. O único dia cinza da viagem. Mas não achamos ruim não, pois aplacou um pouco do calorzão que vinha fazendo.
Descansando à beira do caminho
A cidade já estava no clima do feriadão de 4 de julho. As ruas um pouco mais vazias, pois os moradores aproveitaram a segunda sem trabalho para viajar. Passamos a manhã terminando de comprar o que faltava e, missão quase impossível, colocando todas as aquisições nas malas...

Não teve jeito: tivemos de comprar mais duas malas! E uma balança portátil para garantir que não estávamos ultrapassando o limite de 32 quilos em cada uma delas. Foi divertido!!! Bernardo ficou chocado com a nossa fúria consumista... E sobrou para ele usar os conhecimentos de geometria, espaço-tempo, força e aceleração para fazer caber tudo de forma encaixada nas bagagens.
Manhattan pode ser também tranquila
Mas quem mandou meu marido dizer que eu podia gastar o dinheiro que estava na tal conta do Citibank-agência Ossining? Se não fosse esse dinheiro imprevisto na conta, não teria mesmo como ter comprado tanta tralha. Mas ele estava lá há dez anos esperando por mim. Não poderia desapontá-lo, né? Era preciso fazer a economia recessiva da América circular...

Na hora do almoço pegamos o metrô para encontrar Elli, Jeff e o chefe do Bernardo na IBM, o chinês naturalizado americano Yuhai, para um legítimo brunch chinês no bairro Chinatown. Os restaurantes de “dim sum” são muito comuns em NY. O que seria isso? Bem, é um buffet variadíssimo e meio selfservice de comidinhas multicoloridas e às vezes multi estranhas autenticamente chinesas.
Mesa animada e multicultural: chineses, brasileiros e canadense
Se você for para Manhattan não pode perder essa maravilha gastronômica. Yuhai levou a família dele: esposa e dois filhos e estávamos, portanto, com metade da mesa composta por chineses de verdade ou descendentes de chineses. E se levarmos em conta que o Bernardo também tem tataravô chinês, era como se estivéssemos em Xangai, desfrutando um belo e divertido almoço em família.
Esses são os meus favoritos: dumplings
As comidinhas são deliciosas, por mais exóticas que pareçam à primeira vista. Cada dumpling magnífico!!! E verdurinhas cozidas no vapor... Hummm... e cogumelos e pés de galinha, uma iguaria chinesa. OK, não provei, não tive coragem. Sou uma filha de goianos fajuta. Minha mãe teria se deliciado. Nena arriscou e adorou!
Outras iguarias da verdadeira mesa chinesa
Entretanto o mais exótico de todos era um tal caramujo econtrado nas plantações de arroz (Yuhai nos explicou). Cara, esse era forte! Imagina se eu ia colocar aquilo na boca? Entretanto o simpático chefe do Bernardo detonou tigelas e tigelas daquelas gosminhas. Nada como um bom relativismo cultural ao vivo e em cores.
Preparadas na hora

Díficil decidir... Experimentar o quê?
O almoço foi realmente agradável. Todo mundo muito divertido, falante e carinhoso. E a deferência conosco era verdadeira, de coração. Vocês acreditam que eles não deixaram a gente pagar a conta? Sinalização clara de que eles nos têm em alta estima. Em NY, cada um paga sua parte e pronto. Não existe essa de galanteios e gentilezas.

Despedidas na porta do restaurante e seguimos para um passeio com a Elli e seu Jeff (estão lembrados de que ela é chinesa?) pelo bairro. Melhor guia não podia haver. Ela nos mostrou um monte de cantinhos especiais que eu não conhecia. E, graças a ela, visitamos uma loja de chá incrível... Daquelas que dá vontade de ficar dentro por horas e de comprar todos os aromas e sabores.
A bela loja de chá do luar de julho...
Mesmo com as malas fechadas, não resisti em levar para casa chá de crisântemo (uma leveza experimentada no almoço, fantástico para a digestão). E outras especiarias, além de uma caixa-porta-chá de bambu delicada e preciosa.
Chinatown num domingo de chuva
Retornamos para o hotel no fim da tarde para terminar de ajeitar as coisas todas. À noitinha, demos uma última volta pela Times Square e suas luzes artificiais alucinógenas e dormimos, pensando que o sonho, snif, estava no fim.

Três apressadinhos no meio da rua

Anote as dicas de hoje:

Jin Bin Seafood Restaurant - para o seu "dim sum". Fica na 39-41 East Broadway, 2/F (second floor)

TenRen's Tea - a loja de chá encantadora:

79 Mott St
(between Bayard St & Canal St)
New York - Neighborhood: Chinatown

Comentários

  1. Lu,

    Sou sua fã. Espero ainda ter tempo de ser uma profissional parecida com você. Igual não porque cada pessoa tem sua característica própria.

    Pena eu ter iniciado um pouco tarde na carreira jornalística, mas como penso que cada coisa é a seu tempo e hora, vamos tocando o barco.

    Bjs,

    Marcita

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  2. Semana passada eu fui no Six Flags (parque de diversao) eu vi uma mulher completamente tatuada da cintura para cima, ela sentou perto de mim e eu nao pude resistir, fiquei olhando para o seus ombros, bracos e maos sem disfarcar. O curioso eh que essa mulher eh mae e eu fiquei pensando que tipo de influencia ela esta passando para sua filha com metade do corpo coberto com tatuagens...

    Beijos,

    Evelyn

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  3. Olá querida Eve!!!

    Acho que o mesmo tipo de influência que eu passei para o Tomás quando o levei junto comigo para fazer minhas últimas tatoos...:)

    Ele conheceu o estúdio, o tatuador, folheou os vários books com opções malucas de tatuagens e curtiu de montão.Ou seja, ele viu que não tem nada de ameaçador, drogado ou sujo no ato de fazer uma tatuagem. Só a vontade de deixar na pele a marca de algo que é valoroso para a gente.

    Há uma boa chance de ele querer ter tatuagens também. OK, não tem problema. Mas só depois dos 20,25 anos, para que ele tenha uma ideia mais amadurecida do tipo de arte e compromisso que a tatuagem impõe para a gente.

    Afinal, não dá para apagar. É pintura rupestre no corpo, saca? Ultrapassa as décadas...Morre com a gente.

    Beijão para você!

    Lulupisces.

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  4. Loo,

    adorei o momento Chinatown e a loja de chás! Vou aí tomar chá de crisântemo!

    O Mário tá fora da sua lista do blog, ele me disse.
    Bjs,

    Má.

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  5. Lu querida, que viagem agradável...que lugares incríveis,estou viajando junto.Olha,só não sei se comeria nesse restaurante...não curti muito o cardápio.Adorei a casa de chá, e também os elogios pelas tatoos,como também sua definição"pintura rupestre", uau!!!Concordo quanto a desmistificação da tatoo, como coisa de drogado, marginal.As minhas, que já são 15,adoro-as... não influenciou muito nos meus filhos,só dois têm apenas 1 cada um, o outro nem
    pensa.Ah! pra terminar,quero dizer que você está linda...radiante na foto do restaurante.
    Beijão...Namastê!
    Cynthia

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  6. Obrigada por nos proporcionar essas imagens, me sinto um pouquinho lá. A imagem de NY prá mim era meio aquele frenezi dos filmes de Woody Allen sabe? (tipo: correria para pegar um táxi debaixo de temporal em ruas abarrotadas de gente e carros buzinando... rs) e com você descobri que me encantaria com mil recantos e encantos, para lá de todos os gostos (frenético, tranquilo, romântico ou bucólico).

    Beijos

    Patty

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  7. Lu,
    É gostoso ler seu blog, a gente realmente viaja em pensamento até NY e quase tem a impressão de estar lá. Se eu pudesse, conheceria o mundo inteiro e falaria vários idiomas. Sempre tive, desde criança, esta sede cultural, que não pude saciar por limitações financeiras. Mas, os recantos estão lá, espalhados pelo planeta, e um dia vou conhecer alguns, e voltar àqueles que já conheci em outras vidas (acredite que quiser...).
    Beijocas
    Marcita

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  8. Thanks Luciana!

    I enjoyed looking at your photos, and at the blog! Looks like you had a lot of fun in the city, and it was certainly great to see you here.

    See you again soon, Frances.

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  9. humm, Lu, chá de crisântemo... fiquei curiosa... mas quanto aos pés de galinha, acho que tb não encarava não, hein? bj Isa

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