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Mostrando postagens de maio, 2023

Oceânica

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O mar, a maior das paixões platônicas. Distante dos olhos, dentro da veia cava. Das chapadas a gente não divisa a faixa de areia bolinada pelas ondas. Sonhamos com o reencontro anual, oxalá semestral, a troca de suores salgados dos corpos aquosos. É quando Obá, saudosa, abraça a própria mãe, Iemanjá. As águas doces e revoltas da filha se enlaçam ao turbilhão do afeto maternal. Conchas que se quebram na praia e se refazem no azimute, à intensidade do vento. Vejo vocês lá!! Serei a primeira, então, sejam pontuais! ;) Vai ser lindão, sem falação, só poesia, no insta @noeliaribeiropoeta! Música do post: https://www.youtube.com/watch?v=EhBIyXTSkpo

Altos e baixos

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Sábado A leveza das manhãs inúteis caçando poesia na sarjeta antes que o sol abra(z)e a pele.  Refrigério Alma devotada ao sol indiferente,  voyeur do dia. Começou o intermezzo entre o verde e o ocre. Partículas suspensas, ar feito de corte.  Penugens do inverno flutuam na celeste piscina. Prenúncios polares: unguento para os focos de incêndio dentro. O Brasil é o país do futuro Minha vida não tem muito sentido, sempre em dia com o meu atraso… Foco, preciso de foco e de mais um pouco de café. Não, não vou tomar café nem escovar os dentes, vou de aguardente. Arrasto os chinelos arranco as folhas dos arbustos ao alcance da exasperação. Escrever is not enough. Invejo a languidez do gato. Invejo um bocado de gente. Riqueza nunca foi sonho individual o tal país menos ferrado gritado num rock dos anos oitenta. A crença inocente no futuro. Quase tive um treco, meu joelho não permite. Será que é tudo isso em vão? Nada disso estaria acontecendo se eu fosse dinamarquesa. 

Meia cura

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See the leaves how slow they tumble down Covering the green and yellow lawn As proof of what has been and what will come Enjoying hazy lights of early dawn It ain't good enough Good enough, good enough to try and not succeed  Anger never dies It's part of live It's part of you The end will cease the fire And make us accept We tend to lose (Hooverphonic) Ausência de relevância conviver com erros. Equilibrar o cheio com o vazio, encontro de rios  contraditórios. Vaza o leite do peito Míngua a língua no seio. Singularidades não acolhidas. No quadro geral, a mulher amadura  e se desnuda dos clichês sentimentais. Mornidão corporal solidão existencial. Lagarta largada pupa fatigada, cobiça envergadura das asas: léguas a desvanecer. I'll spread my wings and I'll learn how to fly I'll do what it takes 'til I touch the sky And I'll make a wish, take a chance, make a change and breakaway Out of the darkness and into the sun But I won't forget all the ones th

Cupinzeiro

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Um prédio residencial é um microcosmo da vida em sociedade. Há diversidade étnica, econômica, etária e social. Comportamentos convergentes e divergentes com as normas de convivência civilizada, enfim, a divina tragicomédia humana empilhada num cupinzeiro de concreto. Existe a figura do faz-tudo, sempre sentado no primeiro degrau da escada, apostador contumaz na mega sena. Cartela e caneta nas mãos dia sim, dia não. Aguarda um futuro de sombra e água fresca há uns 40 anos. No primeiro andar, mora uma família heterossexual: papai, mamãe, filhas pequenas e barulhentas, cachorrinhos idem. No segundo andar, avós aposentados. Há também um pré-adolescente no apê do lado, com olhos grandes e efeminados. Engraçado, ali já viveu outro jovem gay dos mais cultos e simpáticos. Revezando-se na portaria, uma zeladora avoada e sem senso (nunca abre a porta, principalmente se for preto e pobre); um senhor gordo que dorme quando deveria vigiar e outro porteiro perfeito, prudente, educado e sistemático.

No templo do efêmero

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“Muita gente acha que os museus são apenas um depósito qualquer com vitrines. Até pouco tempo atrás eu também pensava assim. Mas pra você um museu é uma coisa complexa, imensurável. Dentro dos museus existe todo um universo. Apesar disso, a maioria das pessoas já fica satisfeita dando uma voltinha perto da porta. Só pouca gente consegue realmente ir até o fundo desse universo.” (Trecho de “O Museu do Silêncio”, de Yoko Ogawa) Gostoso acreditar que o universo conspira ao nosso favor. Todos os caminhos levam a Roma e se você está mentalizando e focando em algo, esse algo naturalmente lhe encontrará no meio do percurso para um abraço caloroso. Alguns chamam de sincronicidade, outros têm certeza de que os aplicativos e as redes sociais nos espionam e oferecem aquilo que estamos a procurar. Certamente há veracidade nos dois contextos. E há também a possibilidade de que você esteja mais atenta para se deparar com sinais do que já está em seu trajeto mental ou físico. Conexões telúricas. N al

Roda, roda, roda e avisa, um minuto de comercial...

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A Chuva cai e cada chuva indiscutivelmente é una, maiúscula. As Árvores tombam e cada árvore sente morre e deixa o buraco que lhe abrigou, individualmente. o Sol espraia a Lua sai o céu se Abril: Mar Vermelho. A gente anuncia o nosso trabalho porque quer ser lido. Quem escreve vende seu livro não para ganhar dinheiro - evidentemente, mas não custa reforçar. Almejamos que nossas ideias cheguem a algum leitor, em algum confim, e esses pensamentos lhe tragam alegria, reflexão, tristeza, até indigestão ou desgosto. Melhor ser lido do que passar indiferente pela vida. Creiam, o escritor assim sente. A proposta da gente não é acumular livro bonito na estante pra dizer que lançou. Sonhamos com um mundo repleto de leitores assíduos, de muitas bibliotecas e de inúmeras livrarias. Aquelas de bairro, então, fetiche. Amamos o objeto livro (não tanto as versões digitais, mas vá lá, sinais dos tempos). O importante é que se leia cada dia mais e com mais qualidade. A crítica negativa nos machuca, cla