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Mostrando postagens de janeiro, 2019

Bicharada Vipassana

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Eles já foram o símbolo-mor da resistência nordestina: os jegues, burricos, jumentos. Designações que guardam diferenças entre as espécies, mas não me perguntem quais. Há 20 anos, esses quadrúpedes formavam um exército. Milhares podiam ser avistados em qualquer viagem de carro pela região Nordeste.  Como se soubesse o que são as fronteiras interestaduais, a horda de jegues permanece restrita e conectada ao estilo de vida sertanejo do semi-árido. Hoje, contudo, não fazem mais diferença para as populações-caatingas. Trocados por motocicletas, verdadeira praga barulhenta e imprudente de toda vila, povoado e rodovia do sertão-mar, os jumentos agora ciganeiam sem ofício e sem dono, o que não deixa de ter alguma poesia. A encenação diária de “Os Saltimbancos”. Aliás, cachorros, gatos e galináceos vão bem, obrigado, nas cidadezinhas nordestinas fora do mapa das badalações. O quarteto animal imortalizado na dramaturgia convive harmoniosamente com a rotina de vagabundagem,

Aldeia Global

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“Antes mundo era pequeno porque Terra era grande Hoje mundo é muito grande porque Terra é pequena  do tamanho da antena parabolicamará”  (Gilberto Gil)  É um cubículo simplório, porém digno, o “Espaço da Lu”. Cheguei à porta e me fiz de enturmada: ‘Também sou Lu”. Mais tarde, soube que ela era Lu, de Lucivan.  Marquei a manicure para às quatro da tarde. O dia estava besta além da conta, feio para se demorar na praia: nublado e ameaçador. Nuvens negras vinham a galope no vento intenso de Barra Grande/PI.  Resolvi prestigiar a prestação de serviços locais e a xará de apelido. Curtir um programa Luluzinha que precisa de pausas sistemáticas do universo testosterônico a lhe rodear.  Lucivan me recebeu com pontualidade, apontando uma maca alta na qual eu deveria me sentar. Ela se quedou literalmente aos meus pés. Nunca havia feito pedicure assim, sentada num trono, como se fosse engraxar sapatos.  De certa forma, era o que a Lu proporcionava