Fase de pupa

Abandonei o diário da Argamassa. Mea culpa, minha tão máxima culpa! Deixei alguns leitores assíduos sem novidades. Há quantas anda aquela quebradeira toda? Anda muito bem, obrigada. Indo nos conformes, consumindo todo o nosso dinheiro, extrapolando o orçamento, mesmo com o precavido cuidado do meu marido. Um cara, digamos, econômico desse tantim assim ó.

Mas há um momento da obra em que ela fica na fase de pupa, como se repousasse, mas não é verdade. É que a porrada inicial, o desmonte, é rápido, literalmente demolidor. Depois, a reconstrução, o inevitável recomeço, é mais pensado, estudado, calculado. Tudo tem de ser muito bem medido. Cada parede que será reerguida em outro lugar precisa ter a certeza absoluta de que ela realmente vai ficar ali. Centímetros contam.

Cada tomada, cada fiação, cada tamanho de porta necessita de atenção redobrada. Um errinho pode significar uma mancada lá na frente. Uma casa sem o número certo de interruptores nos lugares adequados não tem sentido se você está mudando tudo para melhor. Agora, portanto, estamos nesse estágio de evolução quase imperceptível. Pequenas conquistas diárias que vão culminar em um apartamento cheirando a novo logo mais.

Já é possível ter uma ideia de como a sala atual vai ser. As paredes de drywall já estão sendo colocadas em seus devidos lugares. Divisões mais leves e mais finas, recheadas com mantas acústicas para abafar os ruídos que insistem em passar de um cômodo para o outro. O marceneiro também já está em ação, fazendo os novos armários que adornarão cozinha, quartos e banheiros.

Contratar um marceneiro dá aquele frio na espinha. A gente nunca tem a total convicção de que eles realmente entenderam o nosso ponto de vista, o nosso desejo. Mas pagar uma loja especializada estava fora de questão. Fizemos um orçamento só por curiosidade na BomTempo. Apenas a cozinha ficava em 37 mil míseros reais. Em que planeta essas empresas vivem? Aliás, como elas sobrevivem cobrando essa absurdidade?

Ao contrário de mim, todos os dias meu marido dá um pulo na obra. Se não fosse ele, muita parede torta e fio indo do nada para lugar nenhum já estariam instalados. Obra é que nem planta, tem que regar todo dia. Aquele papo de “olho do dono”, sabe? Mesmo com engenheiro civil acompanhando o projeto da arquiteta, pedreiro é pedreiro em qualquer canto, ou seja, eles vivem do que fazem e fazem tanta merda...

Mas o casamento está resistindo ao mar revolto. Recebi uma textinho do meu querido primo sobre o tema. É do Tony Belloto que, além de gato, sexy e músico, também é o marido apaixonado da Malu Mader. Quer mais? Ele fala com carinho dessa “prova de fogo” que é o casal entrar de cabeça num projeto reforma.

Li o texto e fiquei contente por saber que já passamos pelo primeiro teste do Belloto sem graves percalços. A reforma (a segunda avaliação) ainda é um processo, por isso não posso dizer que dela sairei ainda casada, mas acredito que sim. Não sem uma rusga aqui e acolá, que ninguém é santo. Na segunda mesmo, o pau quebrou por causa do tal discurso da grana, ou mais precisamente, da falta dela.

Mas mudança é um salto na novidade e o novo é uma borboleta nunca vista antes. “Ser outra história é nova memória”. E “transformar-se é, talvez, a única eternidade”. Nada de arrependimentos. Tudo é aprendizado. Voemos, pois.

Confiram o texto do Belloto aí:

http://veja.abril.com.br/blog/cenas-urbanas/cenas/reforma/

Comentários

  1. Oi Luciana,

    Adorei o texto. Sabe tem um verbo que eu estou apreciando cada vez mais: Esperar. O ato de esperar parece tao simples mais eh tao importante ne? E enquanto voce espera a reforma terminar por que nao extrair algumas risadas e "stories" dessa experiencia?

    Beijos,

    Evelyn

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