Eletrochoque emocional

Li numa materinha do “O Globo” que conversar com as amigas sobre os problemas deixam as mulheres ainda mais tristes e ansiosas. Então, F.!!! Se a gente não pode nem desabafar com as mulherzinhas sobre as angústias da feminilidade, não existe salvação para a espécie.Vamos todas coçar o saco, jogar sinuca e sair na porrada por causa do futebol.

Desconfio que essa pesquisa foi encomendada pelos terapeutas e psicanalistas. Com as amigas não pode, mas e com o psicólogo? Fiz terapia durante um tempo e agora estou voltando ao divã, aliás, à poltrona. Mas sempre me pego pensando no porquê de pagar tanto para alguém ouvir nossas neuras se aquela amizade de infância pode ter a mesma serventia...

Quem sabe é para a gente deixar de ser uma mala pesada com as coitadas que nos acompanham. Amiga é pra todas as horas, mas-que-tal-esquecer-meu-telefone-hoje-que-não-tô-afim-de-ouvir-choradeira? Brincadeiras à parte, eu queria mesmo acreditar nesse papo de terapia do fundo do meu coração. Apostar todas as fichas. Mas os encontros me parecem mais um exercício louco de egocentrismo no qual a gente fala, fala, fala...Depois de uma hora de palavrório, a gente fica mesmo extenuada, saindo mais esquisita do que entrou.

Enquanto isso, o terapeuta ouve, ouve, ouve... Mantendo a fisionomia branda, impassível, orientado e estudado que é para ser um observador atento, não intrometido. Não sei se concordo com essa estratégia. Acho que gosto de gente que me dá puxão de orelha, que não oferece refresco. Tai um bom caso para o psiquiatra. Nesse ponto, as amigas de verdade são de grande valia. Elas fazem o papel chato de dar palpites e ser, às vezes, duras. Eletrochoque emocional.

Na minha enquete para descobrir em qual terapeuta indicado eu aplico tamanho investimento financeiro e salival, conversei com três ao telefone e derramei o fel para duas. Optei pela profissional que se meteu no meu monólogo, interrompendo o jorro de confidências com insights. Pode ser um critério falho, mas assim me sinto menos dramática e autocentrada. Ou ela me pareceu mais humana, disposta a não criar paredes invisíveis.

Estou eu, consciente ou inconscientemente, querendo trazer a terapeuta para o meu lado, torná-la minha amiga? E se isso for verdade, seria assim tão ruim? Doideras. Retorno e almejo que ela me mostre o poder curativo e de superação da terapia. Afinal, por R$180,00 a sessão, essa galera precisa mesmo fazer algum milagre.

Comentários

  1. É Luzinha, não é fácil, não... já tive algumas experiências com terapia, desde a minha adolescência... fiz nessa época terapia Reichiana (bem doido para minha idade na época, porque é terapia corporal, né...rs...) já estive há alguns anos num consultório onde o psicólogo queria que eu deitasse no clássico divã, de costas para ele (quase que perguntei, você é tatatatataraneto de Freud?)..rs.. ah não, seria muito esquisito, preciso olhar no olho. Já fiz tratamento com um psicólogo e ficava pensando: hum, será que ele está se apaixonando por mim?..rs.. como eu sou irresistível, não? Pura fantasia altamente explicável. Mas, na verdade, acredito sim que a terapia ajude e que valha a pena, quando você expõe suas fragilidades a um desconhecido, porém, estudado profissional, está trabalhando sim suas questões... há o tempo do profissional ouvir e chega o tempo dele interferir sim, mas leva tempo... há que se ter muita paciência. Vá em frente!
    Beijos,
    Patty

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