Frete Errado







Ainda processando tudo que vi e ouvi na entrevista do Boçalnaro. A primeira vez tentando entender uma personagem bizonha é inesquecível. Por que será que o Brasil gosta de gente caricata? Deve ter começado lá com a Carlota Joaquina, sei lá. Se relacionarmos todas as personas esquisitas eleitas pelos brasileiros ao longo da história, veremos que realmente não nos levamos a sério. O tiro no pé é uma prática recorrente. 

Mas agora arrisco que entendo o “efeito Bolsonaro”. Com certo alívio, o que disse para a amiga Lara talvez se confirme: o povão não está com ele. Quem admira e vota em Bolsonaro é classe média deslumbrada com Miami e Disney, os apaixonados pelos EUA (como o próprio). Quem segue o candidato do PSL é quem odeia Lula muito antes da Lava-Jato. É aquele brasileiro que nunca se conformou por um operário com pouco estudo ter chegado à presidência da República. O bordão “Eu odeio o PT” fala direto ao coração dessas pessoas recalcadas pela ascenção dos mais pobres aos bens de consumo e a alguns direitos estabelecidos como o das cotas raciais. 

Assusta muito ver mulheres apoiando um homem que as menospreza. Baixa-estima coletiva de gênero? Todavia, penso que no Norte e Nordeste Bolçanaro não tem a penetração que desejaria para levá-lo ao mandato. Preciso acreditar com unhas e dentes nessa ideia. Caso contrário, aquele discurso de homem do povo (não é uma grande ironia ele também ter problemas de dicção??); de quem não rouba e faz; do uso indiscriminado de armas e, para piorar, depois de ontem, de quem fez a rede Glogo de boba (a leitura da nota por uma Míriam Leitão tendo um ataque de AVC vai entrar para os anais de memes), são propostas tremendamente atraentes para o eleitor classe média, acuado entre pobres e ricos. Querendo muito que o primeiro grupo se exploda enquanto almeja, com inveja apatetada, tudo o que os abonados têm. 

Por isso a gente vê tanto apoio à Bolsonaro nas redes sociais. É paraíso da classe média que viaja todo ano para Disney, mas não vai à esquina com medo de ladrão. Nesse mundo virtual distorcido, o candidato nada de braçada. Mas no mundo real, penso, a proeza não se repete não. Caros parentes e amigos do Nordeste, o que vocês têm sentido nas ruas por aí? 

Se Lula tem um mínimo de dignidade e amor pelo Brasil, deve apontar seu sucessor nesse fimdesemana. Os órfãos do PT estão ávidos e são eles que vão decidir estas eleições. Votar no Bolçanaro, evidentemente, não vão. É o que me deixa menos apavorada. Mas que o candidato do PSL é um perigo real e imedito, é. Brasileiro não aprende com os erros, tá mais do que comprovado. Acha divertido rifar o país para representantes medíocres, despreparados, jocosos. O resultado dessa brincadeira a gente padece desde sempre. 

Da minha parte só reafirmo o seguinte: meu voto será mais útil do que nunca foi! Qualquer candidato que barre o retrocesso chamado Bolsonaro é pra lá que eu vou. 



Comentários

  1. Parece que o The Economist concorda que o abismo está logo ali e tem nome, Lu. A capa da última edição estampa a foto do candidato (tô na fase Voldemort - aquele que não deve ser nomeado! Kkkkkk) com a seguinte chamada: "Jair Bolsonaro, a mais recente ameça da América Latina"...
    Tempos sombrios!
    Bj.
    Francis

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