Ouija em ação!





O que fazem algumas pessoas a se entregar de corpo e alma em sofrimentos indizíveis por uma causa? Por que só algumas pessoas serão tocadas por esse chamado? Questões que sempre me fascinaram. Eu e a minha alma dramática, Joana D’Arc tupiniquim (da boca pra fora) queria muito ser uma enviada. Uma predestinada. Tem tanto furor nesses destinos, não? 

Quem me dera ser o Quinto Elemento agregador, a missionária, a desbravadora, a que encabeçou a revolução. Essa paixão toda, que nunca foi minha, que é apenas uma ficção, me devora, me estimula. O que essas pessoas têm que a gente não tem? Terminei de assistir ao lírico filme Xingu e fiquei comovida. Histórias de ferro, fogo e obstinação revolvem minha lava. 

Sinto que tenho vocação para mártir. O problema é que eu ainda não descobri pelo quê entregar a minha vida. Queria pra mim essa energia, esse ímpeto. A idealista ferrenha. Ser a primeira a chegar até ali. Abrir a picada no meio da mata. Montar um posto avançado. Que ardor no agir daqueles irmãos Villas Boas! Ser fagocitado pela diferença até o ponto de viver e morrer por ela. 

Não quero teoria, quero prática! E tudo que consigo e ficar vomitando loucuras num blog. Não deixa de ser uma missão, ingrata e egóica, mas missão. Não posso deixar morrer esse espaço que me consome. Escrever é uma espécie de dybbuk. Espírito malévolo inquieto que habita uma pessoa viva. Ele só vai embora depois de cumprir o que precisa cumprir. OK. Então só vou parar de morrer quando o diabinho escrevedor alcançar seu objetivo de me sobreviver. 

Juro, o ato falho aconteceu na frase no momento em que escrevi e gostei do efeito. Não é bom brincar com essas coisas do além, é verdade. Mas elas fazem parte de mim. Os filmes assombrosos, o inexplicado, a força propulsora dessas pessoas iluminadas. Tudo no mesmo caldeirão da minha sopa de bruxa. 

Estou no mundo a passeio. Sinto que minha alma é anciã e deslocada. Eu sou a própria dybbuk. Sigo o caminho natural da vida só de brincadeira. Aquela que acorda, vai pro trabalho, volta e faz todo dia as coisas que se esperam de uma mulher de 40, mãe de família contemporânea, é minha fachada. 

A Luciana mesmo está tacando fogo em algum império. E eu vou parar por aqui porque estou começando a ficar com medo de mim.



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