A Loba




Talvez esse tenha sido o Dia das Mães mais significativo da minha curta carreira neste papel titânico. Tudo porque estava realmente sozinha com os meus filhos. O pai saiu em viagem de negócios, como diria o filme ou as mamães de antigamente. E a casa ficou por minha conta. E nossa, como ficou mais fácil! 

Porque percebi, aliás, venho percebendo há tempos, que não só os filhos estão a “brigar” pela atenção e afetos dos pais. Pai e mãe também disputam, mesmo que veladamente, o amor dos filhos. Pelo menos os pais de hoje, muito mais participativos e presentes. Tão participativos e presentes que, às vezes, não sobra espaço para a mãe entrar em cena. :) 

Não reclamo de jeito nenhum do fato de meu marido ter se encontrado na paternidade. Sempre soube que ele seria um paizão. Esse comportamento maternal paterno me deixa confortavelmente tranquila para não me desdobrar neuroticamente com os cuidados que a prole exige. Entretanto, também me desafia, todos os dias, com um componente que até então desconhecia: competição parental. 

Já estamos por dentro da alienação parental. Mas e da competição parental, você se dá conta? Ela existe na sua família? Na minha existe, preciso dizer. Aliás, já fiz isso na terapia de casal. Mas casca de banana, armadilha, a gente escorrega vez ou outra, é preciso cuidar! Meu marido é um leão defendendo os filhos até de mim, gente! Pior, é um caranguejo típico, canceriano cheio de patinhas a me cutucar... KKK! E ser mãe de meninos complica ainda mais o meio de campo, pois o pai, claro, sai em vantagem. A bola dividida acaba sempre nos pés dele. 

Por isso, esse Dia das Mães foi tão especial. Tive meus filhos moleques só para mim. Pude acessar um cantinho do Tomás que não acessaria com a presença paterna forte que ele tem. OK, não posso mais dar banho nele lavando as partes íntimas, né? Afinal, o cara já tem nove anos! Essa intimidade, aos poucos, vai se perdendo. Causa espécie. De repente, a mãe não é mais dona do corpo do filho. Aliás, nunca foi, mas, digamos, que, antes, tinha a gerência. Daqui a pouco, Tomás não vai mais querer dividir o banheiro comigo, eu sei. A vida segue... 

Voltando aos fatos, Tomás e eu dividimos um filme deitadinhos na rede, enroladinhos no cobertor. E também ficamos na mesma fila para a apresentação gratuita do Sesc Fest Clown. No domingo, pedalamos no Parque da Cidade sem papai para proteger os filhotes das insanidades da mãe lunática! KKK!! E juntos passamos na farmácia para comprar escovas de dentes para os dois. Programas prosaicos e tão significativos. O tal tempo de qualidade. 

Nesse ponto da divisão de atenção, os pais com guarda compartilhada têm uma vantagem: eles curtem com exclusividade o amor dos filhos por determinado prazo. E descansam sem filhos em outros momentos. Seria a fórmula perfeita? :)

Bonitinho ver que os homens da minha casa já tinham tudo combinado. Logo pela manhã de domingo, Tomás veio de algum esconderijo com os presentes de Dia das Mães. Pouco depois, o interfone toca e o porteiro diz: encomenda para a senhora. O meu guri se ofereceu para ir buscar e lá vem ele com um vaso de flores + cartão. Que graça! 

Também havia um cartão extra que o Rômulo fez questão de escrever e de não mostrar para ninguém (informação repassada pelo pai via telefone). Trazia a frase em letrinha de forma: “Você é mãe mais linda do mundo!” Esse vai ter uma legião de fãs, eu sei. Romulito acerta em cheio o coração feminino. Outro dia me disse: “mamãe, você fica muito mais bonita de óculos”. A incrível mãe que derreteu... 

Não tenho moral dessa história, nem sei como ela termina. Só queria compartilhar desse prazer de continuar aprendendo com meus filhos. De não ter de dividir o amor deles com ninguém, nem com o pai coruja (sentimento egoísta gostosinho). É uma leveza isso, gente, essa confissão! 



Comentários

  1. Oiê!! Li seus textos e já sinto os reflexos: começo a semana mais empolgada! Rsrs

    Beijocas,

    Geysa.

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    Respostas
    1. Agradecida, querida Jay-Jay!

      Não sabia que eu era assim tão estimulante... Ou hilariante... Ou demente... KKK!!

      Abreijos,

      Lulupisces.

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  2. É tudo isso junto, Lu! kkkkkkkkkkkkkk
    Um coisa é certa: você é intensa e passa isso nos seus textos. Isso contagia!

    Beijos,

    Geysa.

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  3. Mais uma vez, prima, você me emocionou com as suas palavras.

    Eu acho verdadeiramente que os pais disputam a atenção dos filhos e vice-versa. Você precisa ver como é lá em casa. É muito engraçado. Ás vezes me pego sorrindo no trabalho lembrando das peripécias da Dona Buck e do caminhar em corda bamba do meu querido Paulão.

    E os ciúmes que tenho do Leandro? Tem horas que nem eu me aguento... Mas a minha mãe puxa o saco dele descaradamente... kkkkkkkkkkkkk!
    Só que amor de mãe incondicional,né? E sei que ela me ama muito, embora, às vezes, me sufoque também. Por isso, me emocionei tanto com a sua história. Porque você ficou feliz com a simplicidade da vida ao lado de seus filhos. Parabéns pelo seu dia!

    P.S.:O Romulito realmente arrasará com as meninas...

    Bjos e uma ótima semana,

    Jôsy.

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  4. Oi, dear Jôsy!

    Feliz fico em saber que você me lê e o que lê lhe faz bem! Obrigada por seus comentários e elogios sempre valiosos. Essa troca é muito bacana e estreita nossos laços, não é mesmo?

    Beijão,

    Lulupisces.

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