"Zeróis"

para Guti, Lara, Adriani, Marisa e
 todos que colocam a mão na massa em ações do bem

Enquanto me perco em delírios de grandeza (serei ou não serei descoberta como a garota no shopping que vira top model), o mundo carece de super heróis. Não os da Marvel, implacáveis e rígidos, mas sim os "zeróis" do Ziraldo: negros, velhos, angustiados, românticos, solitários, pensativos. Heróis de carne, de sonhos, de garra. Humanos, enfim.

Nessa semana, recebi um email amedrontador. O Projeto Aconchego me convidava para participar do curso sobre “Apadrinhamento Afetivo”. Quando abri a caixa de entrada e vi aquele chamamento, meu coração gelou. Ai, caramba, no que fui que me meti? Impulsiva, estabeleci contato com eles no ano passado. O fantasma da ação solidária, do voluntariado me espreita há tanto tempo... Sempre à espera do momento ideal para sair de mim mesma e abraçar uma causa.

Mas momentos ideias não existem. Os zeróis não inventam desculpas para si mesmos. Racionalizar o que vem da alma é uma falácia. Quem sabe agora eu tomo vergonha? Hesitei alguns minutos antes de responder à mensagem que pedia dados pessoais e confirmação do interesse. Interesse? Ui, fugi dali um tanto assustada.

Porém, voltei e repliquei meu desejo de, sim, fazer a diferença. Eu gostaria de marcar pontos na vida de alguém que antes não era problema meu. O meu sonho de consumo é mudar o mundo, mesmo que ele seja um micromundo. É uma vontade muito primitiva, estranha. Futuca as entranhas e dá calafrios.

Tem coisas que nos definem muito mais do que pensamos. Acredito que meus dias como voluntária da Red Cross (americana) significaram o que eu fiz de mais solidário na vida. O mais perto que eu cheguei da tragédia humana sem retoques publicitários. Talvez nunca tenha sentido tão de perto o gostinho da vitória, do sucesso, como nessa semana pós-11 de setembro, quando pus minhas habilidades a serviço da humanidade.

Faz um tempo eu vi um documentário sobre pessoas que se autodenominavam super heróis e saiam pelas noites de cidades dos Estados Unidos prontas para salvar o planeta. Num primeiro julgamento, era fácil rotulá-los de lunáticos. Excêntricos que criavam suas fantasias de vestir e de viver.

Agora percebo que naqueles seres inquietos está é a gana de transformar o espaço-tempo. De reconectar o Homem com sua face mais protetora e paternal. Todo mundo quer acreditar em anjos da guarda. É pacificador saber que estamos resguardados de nossos piores inimigos.

Todavia, os "zeróis", capazes de tantas ações desprendidas de ego, mostram, afinal, que não precisamos chegar ao ponto de incorporar capas e espadas para exercer nossos superpoderes humanos.



Comentários

  1. Que bacana! Obrigada pela dedicatória do texto. Creio que todos nós podemos ser "zeróis" basta-nos despir de nós mesmos e abraçar a causa do próximo! Eu adoroooo meus trabalhos voluntários. É super gratificante! No meu caso que é dentro de hospitais me fez dá muito mais valor na vida. Bjs, Adriani

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  2. Uma causa muito nobre, que pede de nós total entrega,desprendimento de tempo, energia, vontade, motivação em servir o outro, de coração, de alma para alma, e isso creio, seja verdadeiramente a missão de todos nós.Bem aventurados sejam os zeróis.Esse é o verdadeiro despertar da virtude da compaixão.Namastê!
    Cynthia

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  3. Eu gostei do texto, gostei do assunto. E fiquei feliz de saber que voce vai se comprometer com o projeto Apadrinhamento afetivo. Da um medo ou uma certa duvida quando a gente resolve ajudar ne?. Sera que sim ou sera que nao? O sim eh sempre a resposta certa.
    Do que se trata esse projeto?

    Bjs,

    Eve

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    1. Oi Eve,

      o apadrinhamento afetivo é dar atenção e carinho para crianças que vivem em orfanatos. É também acompanhar e incentivar a evolução da criança na escola.
      Eu sempre quis adotar uma criança. Entretanto o Bernardo acha que não tem mais energia e idade para mais um filho...
      Então eu acho que posso, quem sabe, me tornar madrinha de uma menina e ajudá-la a crescer nessa vida tão dura, né?
      Desde muito pequena eu frequentei orfanatos. Principalmente o "Lar das Meninas de São Judas". Lá eu via o quanto é terrível não ter identidade, ser mais uma no meio de tantas. Minha madrinha sempre esteve envolvida em muitos projetos sociais. Uma grande referência para mim.
      Agora chegou a minha vez de mostrar para ela que aprendi por meio do exemplo.
      Se quiser saber mais sobre o Projeto Aconchego, eis o site:

      http://www.projetoaconchego.org.br/

      Beijocas!

      Lulupisces.

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  4. Oi, Loo! Também agradeço a dedicatória, embora nem mereça... Quase não tenho podido ir ao mutirão, agora que a Ni não vem mais aos sábados! Além do mais, você sabe, ajudar é um ato de altruísmo ou de egoísmo? Porque a gente se beneficia tanto... É um papo meio chavão, eu sei, mas é um fato. Depois você me conta tudo sobre a sua nova aventura de zeroína! Atualmente me considero uma zeroína só de conseguir trabalhar às segundas sem morder ninguém!!! Beijo!

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  5. Caramba, que legal, vá em frente! Tô pensando aqui que o apadrinhamento/amadrinhamento pode ser uma forma de, quem sabe, vc acabar se aproximando de uma menininha e poder vivenciar uma experiência maternal também com um serzinho de fitinhas rosa... seria maravilhoso para ambas!
    Vc faria visitas à criança apadrinhada? Poderia sair com ela? Fiquei curiosa a respeito do projeto...
    Boa sorte na nova empreitada! Sei que é cedo ainda, mas aposto que, resolvendo fazer mesmo, vai ser mega gratificante.
    Bjs
    Patty

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    1. Oi Pattygirl,

      a ideia é mesmo essa: me tornar madrinha de uma menina que possa sair com a gente, participar das festinhas, conviver. Acho que será excelente para a energia excessivamente yang lá de casa. Haja testosterona!!

      Então é uma maneira de fazer bem a mim e a ela... Um pouco egoísta, mas todos dizem que fazer o bem é melhor para quem faz do que para quem recebe, não é verdade?

      Vamos ver no que é que vai dar... Se quiser saber mais sobre o projeto aconchego, tem o site aí em cima, tá?

      Eles ainda não confirmaram a minha participação. Apenas confirmaram o recebimento dos dados...

      Abraço,

      Luzinha.

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  6. Oi Luciana,

    fico muito feliz que você tenha encontrado um caminho para realizar seu voluntariado. Obrigada pela dedicatória. Faço pouco, mas o pouco que faço me traz muita alegria.

    Estive com o Afonso semana passada. Este sim um grande zerói. Fui me despedir pois ele foi embora para a Argentina, cursar medicina, para poder atender gratuitamente a população carente. O cara já passou dos cinquenta...

    Ele me disse uma coisa que eu jamais vou esquecer: o bem precisa ser mais audacioso!

    Grande abraço

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    1. Larinha, seu amigo Afonso disse tudo nessa frase, hein!! Comovente!

      Um megablasterabraço,

      Lulupisces.

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  7. Renderam um belo post no seu blog os anúncios que eu te mandei, hein!!

    Bjs,

    Valdeir Jr.

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