Assoprando o fogaréu de aniversário

Se eu quisesse ser exata, tería de comemorar um ano de blog no dia 10/10/11. Caramba! Acabo de me tocar que lancei meu primeiro relato do Caiu na rede é... no dia 10/10/10. Cabalístico!!! Isso é que é vontade de ser nota dez (no timbre do Carlos Imperial anunciando as notas das escolas de samba do grupo 1 do Rio).

Mas eu não sou exata. Deixo as estáticas, gráficos e exatidões para o Bernardo. Então mudei a cara do blog ontem mesmo, aproveitando o tempo livre escasso do marido SheldonfísicopesquisadorprofessordaUnBpai. Escolhi essa foto que eu adoro (tirada por ele) para emoldurar o primeiro aniversário das minhas histórias. A foto é do início do ano, não foi tirada de caso pensado. Entretanto tem tudo a ver com a proposta do blog.: água, rede, isca, Brasília, reminiscências, viagens...

Ipê Branco e uma abelhinha

Acho que quis aproveitar a inspiração proporcionada pelo domingo ao ar livre. Realmente o mato me revigora. Viro outra. A proposta era uma caminhada ecológica. Acordei animadíssima, pronta para colocar os meninos para ralar ao sol da manhã. Acho fundamental que eles capturem esse amor à natureza que é muito meu e do Bernardo. Quero que eles se tornem companheiros de trilhas. Seria algo muito bacana de cultivar em família...

Rômulo, Caetano e Luan: infância em estado pulsante

Certa vez, minha sogra disse: “não tinha como o Rômulo não gostar de cavalo... A Luciana veio de uma família de fazendeiros e o Bernardo também adorava passar férias na fazenda dos meus tios”. É, pode estar no sangue mesmo. Mas a gente sabe que nem sempre os filhos seguem os caminhos dos pais. Às vezes isso até é bom, né? Tem cada pai e mãe por aí... Porém vou torcer para que eles se contaminem dessa energia natural intensa e lúdica.

O mundo todo podia ser feito de primos

E lá fomos nós, primeiro com uma alongada divertida com o professor. Depois, pernas para que te quero, seguindo a trilha interna do belo condomínio onde o meu sobrinho mora. Legal foi ver o cerrado acontecendo ali, ao vivo, renascendo das queimadas em pequenas flores delicadas e coloridas. O visual ilimitado de cima do morro... O horizonte sem fronteiras do Distrito Federal. Dava para ver a garganta do planalto central. Tudo ali, pertinho da Esplanada dos Ministérios.

A primavera principia...

No meio do caminho, uma coruja, logo ela, meu bicho de estimação selvagem. Sei lá porque eu gosto de corujas. Talvez por um dia conhecer o ninho delas no forro da casa da fazenda. Os pequenos filhotes emplumados e frágeis. Talvez porque elas me entendam com a mesma necessidade de solidão.

Enquanto a coruja espreita.

A vida pode ser cor de rosa

Os meninos corando, suando, cansando. Línguas para os cães. Brincadeira de criança limpidamente pueril. No topo do morro, um para-raio. “Como é que o para-raio para o raio?”, indaga Caetano. Ainda bem que temos um físico de plantão na caminhada. O menino aprende e repassa a aula para os primos.

Esticaaaaaaaa!

Puxaaaaaaaaaaa!

O fruto colorido atiça a curiosidade de Rômulo... Momento imperdível para a foto: um perfil perfeito, carregado de interrogações. A manhã voa porque a natureza é leve. A gente esquece o calor e o suor pregado no rosto. A interação com o pó da estrada e o céu nos fazem mamíferos antes de tudo.

Curiosidade é o meu nome

Na volta para casa, o fogaréu. De longe já se via o cogumelo no ar... Acho que nunca vi fogo desembestado de tão perto! Fogueirinha de papel e folha seca é uma coisa. Labaredas comendo o cerrado é outra. Saiu lambendo tudo com sua língua de cobra venenosa. Os tapumes do condomínio em construção são mordiscados. Estranhas obras de arte.

Entre o abstrato e o compensado

A atração pelo fogo é da humanidade. Prometeu roubou o fogo dos deuses e soltou sua libidinosa chama entre os mortais. Elemento que não é ainda totalmente domado pelas invenções. Capturar as chamas em foto, ao menos. Mas quem disse que eu dava conta? Agora entendo o desespero das pessoas cercadas pela parede vermelha, laranja e amarela.

cria uma história de ausências

Muito difícil esperar o salvamento com o fogo tão perto de você. O calor é insano, torturante, absoluto. O pavor se instala instintivamente. Morrer na fogueira... Nenhuma tortura humana pôde ser pior. Tomás e Rômulo olhavam a mãe da segurança do carro, enquanto o fogo me laçava e repelia, laçava e repelia.

E não conhece farpados e barreiras

Fugi da hipnose confiante de ter guardado um pouco daquela febre eternamente em mim.

Capazes de conter sua ira divina

que a tudo se reduz à cinza!

E para complementar o tema, curtam a bela parceria de Rita Lee e Cazuza:

http://letras.terra.com.br/rita-lee/254255/