Miles coisas

Gentem, parece que faz milênios que não pinto por aqui. Esse é o problema dessas chamadas redes sociais: uma urgência, uma pressa, uma "obsolescência" imberbe, uma caduquice juvenil, ou seja, uma neura daquelas. Se você não posta nada por alguns dias, já era, já virou história. Já foi esquecida. É o fim.

Participei de um curso pago pelo Tribunal (milagres acontecem) sobre Mídias Sociais. Foi bacana, com um guri que se achava deus lá na frente, porque, afinal, nasceu dentro dessas ferramentas todas. Rolou uma consciência pesada básica por não atualizar o “face” todo dia, por ter entrado no Orkut uma única vez na vida e por nem ter ideia do que era flickr.

Jogo a toalha. Bandeira branca. Sou mesmo da geração 1.0. Nunca vou me deixar seduzir por esses espaços de exposição e relacionamento(???). Tenho blog porque não vivo sem escrever. Se não escrever, explodo. Claro que seria a concretização do sonho inocente e recorrente de me tornar escritora: ser convidada para publicar algo por causa do blog.

Tornar-me, enfim, uma espécie de Clarice Lispector na hora de colocar as palavras na tela e não apenas me parecer fisicamente com ela (OK, já é uma glória e tanto). Ou Lya Luft, que fez sucesso após os 50. Mas Cora Coralina não vale. A pobre só foi reconhecida depois dos 80... Nem sei se vou viver tudo isso. Manda a estrela na minha testa mais cedo, ó destino!

Mas estou de volta depois de uma semana insana. Aconteceu tanta coisa... E para quem acompanhou o misterioso sumiço de Bob, informo que, nesse caso, a vida não imitou a arte e a minha historinha se provou muito mais fofa do que a terrível realidade: Bob estava realmente morto no fundo falso de um armário cujas portas vivem cerradas. O mistério agora se resume a: como ele entrou ali? A mesma espécie de segredo presente no coelho pensante de Clarice, que fugiu da gaiola sem mover uma barra sequer...

Comecei a sentir um cheiro esquisito no quarto de TV. Agradeci a Deus por Bernardo e os meninos não terem um nariz 100% devido às alergias. Funguei, funguei até chegar ao armário de portas brancas sempre lacrado. Nem quis arriscar. Era dali que vinha a pestilência...

- Bernarrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrdoooooooooooooooooooooo!

Era mesmo Bob. Teria morrido da queda no fundo falso? Ou definhado de fome e sede? Num átimo, Bernardo levou seu corpinho inerte e putrefato para fora de casa. Não lancei um olhar sequer. Fugi para o outro cômodo. Sou menina sentimental, com estômago de borboleta e não de avestruz.

Entretanto o rastro do vil odor impregnou quase todo o apartamento. Agradeci novamente a Deus por existir uma babá ali, naquele momento limite, disposta a colocar a mão na massa com quiboa, veja e toda a artilharia pesada antifedor.

Meus filhos nada perceberam, embevecidos que estavam pelos joguinhos de computador. Tomás e Rômulo acreditam piamente que Bob foi levado por extraterrestres. Alívio. E o mais reconfortante: eles ainda não se atreveram a pedir outro hamster. Ufa!

Em brevíssimo: novidades sobre o projeto argamassa (com fotos).

Comentários

  1. Esse Bob é mais ardiloso do que a mente mais vil poderia supor. Forjou a própria morte, conseguiu um corpo no morgue dos hamsters (provalmente pagando um alto suborno em ração) e hoje vive livremente nas praças da cidade com ruas de verdade e parques verdejantes.
    Nem Houdini seria capaz de uma fuga tão alucinante.

    Valdeir Jr.

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  2. Quanta catarsis, querida!!!
    E que fim fedorento para o coitado!
    abreijos!!!!
    mariana, de ARGGGG

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  3. Por um momento achei que Bob ainda estivesse vivo! Ahhhh, pensamento mágico de criança esse meu... ufa, que bom que temos maridos destemidos e com bons estômagos para retirar corpos de hamsters de fundos falsos de ármários e levá-los para fora de casa post mortem... amém.

    Beijos

    Patty

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  4. Credoooooooooooooo, Bob dead dentro do armário!!!
    Pense na caatingaaaa... Hahahaha! Que comédia, Lú! Beijos e beijos!
    Denden
    Se tiver Facebook me adiciona lá: Denize Lima
    Pra vc ver umas fotinhas do meu casório... Bjos!

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  5. Que engraçado! Essa manhã, ainda na cama, antes de levantar, imaginei dois desfechos para o pobre Bob. Num, ele se descobria um ramster mutante, capaz de se transformar em outros bichos e tinha decido virar passarinho. Noutro, uma rata do prédio tinha descoberto a gaiolinha dele e, apaixonada, tinha levado ele para uma vida verdadeira nas latas de lixo da SQS 303!

    Sonhei com vc essa noite Lulu. Nós estávamos fazendo um curso de inglês da Thomas, juntas, pra melhorar nossos language skills. Fui embora depois da aula e você ficou na fila da cantina porque ia ficar mais um tempo lá. Tava muito bonita, luminosa, vestida de blazer branco mas a parte de cima era de alcinha!

    Beijo,

    Dedéia.

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  6. Luciana, como você mesma diz, a velocidade das informações, e transformações, do mundo, é grande.
    Mas, só agora li a história final do seu hamster.
    Realmente uma pena.
    E os meninos? Afinal sentiram a perda? Ou ainda cogitam sobre a possibilidade de um possível retorno de sua viagem espacial?

    Um beijo,
    Paulo.

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  7. ...obsolescência imberbe... Jesus Cristo, olhai pra isto... que "trem" passou na sua mente pra resultar nesta expressão. Por favor, esclareça-me, a sua humilde aprendiz.
    Beijos mil
    Marcita

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  8. Oi querida Marcita,

    sei lá o que passou na minha cabeça, mas eu quis dizer que tudo hoje é tão novo, mas já está caduco, entende? As coisas perdem seu valor, sua atualidade antes de completar o ciclo natural da vida(ou do produto). Ainda é jovem e já envelheceu.

    Sei lá, entende... Viagens!!:)

    Beijocas,

    Lulupisces.

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  9. Obsolescência é um neologismo by Luciana e vem de obsoleto. Imberbe, bem, é que é jovem, sem barba, né?

    Só eu mesma!!:)

    Beijimdipudim,

    Lulupisces.

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