Era uma vez um Natal angelical


Muitos dezembros atrás, eu me meti a criar um auto de Natal. Misturando, para ser exata, plagiando trechos de "O evangelho segundo Jesus Cristo" e Cecília Meireles, escrevi essa pecinha que ensaiei com os meus sobrinhos para apresentar no almoço do dia 25. 

Minha primeira incursão na dramaturgia foi um sucesso! O público de tios e mães-corujas aplaudiram de pé. Então, aqui posto essa raridade para que vocês estourem no Natal do ano que vem.  O segredo é contar com uma pancada de sobrinhos na idade de pagar mico sem achar que estão pagando mico.:)
Feliz 2011!

A Companhia de Teatro Amados Amadores tem o prazer de apresentar a peça Era uma vez um Natal Angelical.

Narrador: Há muito tempo, numa terra plana, árida e escaldante, um menino veio ao mundo para falar de paz, justiça e amor. Faz 2010 anos que suas palavras ecoam pelos quatro cantos do planeta. Esta pequena história que agora vamos contar relembra os fatos extraordinários daquele 25 de dezembro onde tudo começou.

(O narrador começa a caminhar para perto dos anjos) e diz: Certa noite, Deus pediu que os anjos fizessem algo muito especial. Assim, eles voaram depressa em busca do pastor.

Ao encontrá-lo, os anjos deram as boas notícias: O filho de Deus, Jesus, nasceu hoje à noite! Para comemorar, todos cantaram felizes:

Dim Dom Dim
Refrão:
Cantai é Natal,
Os sinos a tocar.
Dim Dom Dim,
Estão louvando assim
Ao rei que nasceu.
(Repete)
Venham todos adorar,
Dim Dom Dim,
Com canções para celebrar
Ao Rei que nasceu.
(Refrão)
As montanhas e o céu,
Dim Dom Dim,
Todos estão a escutar
Ao Rei que nasceu.
(Refrão)
Os meninos a cantar,
Dim Dom Dim,
Entregando seu coração
Ao Rei que nasceu.
(Refrão)
Dim Dom Dim,
Estão louvando assim
Ao rei que nasceu.
(2 vezes)

Narrador: E assim o pastor, guiado pelos pequenos anjos, chegou a gruta onde estava Jesus. O filho de José e de Maria nasceu como todos os filhos dos homens, sujo do sangue de sua mãe, viscoso de suas mucosidades e sofrendo em silêncio. Chorou porque o fizeram chorar, e chorará por esse mesmo e único motivo. Envolto em panos, repousa na manjedoura, não longe do burro, porém não há perigo de ser mordido, que ao animal prenderam-no curto.

Pastor: Com essas minhas mãos mungi as minhas ovelhas e recolhi o leite delas. Com essas minhas mãos trabalhei o leite e fabriquei o queijo. Com essas minhas mãos amassei o pão que te trago. Menino Deus:

Sede assim - qualquer coisa
serena, isenta, fiel.
Flor que se cumpre,
sem pergunta.
Onda que se esforça,
por exercício desinteressado.
Lua que envolve igualmente
os noivos abraçados
e o soldado já frio.
Também como este ar da noite:
sussurrante de silêncios,
cheio de nascimento e pétalas.
Igual à pedra detida,
sustentando seu demorado destino.
E à nuvem, leve e bela,
vivendo de nunca chegar a ser.
À cigarra, queimando-se em música,
ao camelo que mastiga sua longa solidão,
ao pássaro que procura o fim do mundo,
ao boi que vai com inocência para a morte.
(Menino Deus,) Sede assim qualquer coisa
serena, isenta, fiel.
Não como o resto dos homens.

(O pastor e os anjos se afastam)

Maria: O anjo Gabriel me disse que Deus tinha me escolhido para eu dar à luz o Filho dele. José e eu fizemos uma longa viagem, eu estava cansada quando chegamos à Belém. Nessa noite nós ficamos na estrebaria, e o bebê Jesus nasceu. Do barro ao barro, do pó ao pó, da terra à terra, nada começa que não acabe, nada acaba que não comece. (Olhando para José) diz: Olha para mim.

José: Estou a olhar. Parece-me ver um brilho nos seus olhos.

Maria: Que o senhor me conceda todos os filhos que tu quiseres.

José: Tenho para mim que o amor é o que há de mais importante no mundo. Analisar o mundo, explica-lo, menospreza-lo, talvez caiba aos grandes pensadores. Mas a mim me interessa exclusivamente que eu seja capaz de amar o mundo, de não sentir desprezo por ele, de não odiar nem a ele, nem a mim mesmo, de contemplar a ele, a mim, a todas as criaturas com amor, admiração e reverência. Cantemos, pois, para festejar o nascimento do meu filho.

Noite Feliz
Noite feliz, noite feliz,
Oh, Senhor, Deus de amor.
Pobrezinho, nasceu em Belém.
Eis na lapa Jesus, nosso bem;
Dorme em paz, oh, Jesus,
Dorme em paz, oh, Jesus.
Noite feliz, noite feliz,
Oh Jesus, Deus da luz;
Quão afável é Teu coração,
Que quiseste nascer nosso irmão.
E a nós todos salvar,
E a nós todos salvar.
Noite feliz, noite feliz,
Eis que no ar vêm cantar
aos pastores, os anjos no céu.
Anunciando a chegada de Deus,
De Jesus Salvador,
De Jesus Salvador.
Noite feliz, noite feliz.
Oh, Senhor, Deus de amor.
Pobrezinho nasceu em Belém
Eis na lapa Jesus, nosso bem;
Dorme em paz, oh, Jesus,
Dorme em paz, oh, Jesus.

Comentários

  1. Luciana,

    Bacana essa sua peça. Só discordo quando diz "O segredo é contar com uma pancada de sobrinhos na idade de pagar mico sem achar que estão pagando mico...". Acho que a peça se presta a qualquer família. Fiquei imaginando meus sobrinhos ensaiando e apresentando a peça... Quem sabe no próximo ano, se a autora autorizar ?

    um abraço, Feliz 2011 !

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  2. Caro José Rosa,

    obrigada pelo apoio à minha verme dramaturga.:) Eu estava brincando quando falei sobre o mico.Também acho que foi superdivertido ensaiar os meninos, vesti-los de anjos... Eu era a narradora e estava vestida com mantos, segurando um cajado.Me amarrei, sem medo de pagar mico algum, pois, afinal, não era mesmo um mico. Era só uma família animada celebrando o Natal da melhor maneira possível: entre crianças muito amadas.

    Abraços fraternos,

    Lulupisces.

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