Varre, varre, varre, tesourinha...

Primos prontos para foliar
Sobreviveram ao Carnaval? Eu sim, com a alma lavada de ter colocado a minha fantasia legítima by Recife e sair me pirulitando no Galinho de Brasília. Não dá mais para repisar o clichê de que todo mundo some da capital do país no feriadão do rei Momo. Brasília cresceu e a falta de carnaval já não é a mesma, ainda bem. Há bastante opção para cair na folia. Não tão famosas e efervescentes, mas já me dei por satisfeita em pular ao som do frevo ao vivo na lata do ouvido. Alguns anos antes mais surda, porém, mais feliz.

A pé, em marcha, avante rumo à folia de daqui a pouco
E quem não tem ladeira, se vira com tesourinha. Uma loulouloucura quando o trenzinho do Galinho passa embaixo do viaduto. A multidão se espreme, o trem se lança na subida com carga total, o túnel amplifica o som dos trompetes, saxofones e tubas. A ovação é geral. Fui resgatada por um galante passante que enlaçou minha cintura e disse com jeitinho: "Cuidado!" Carnaval é isso: traquinagem, boiolagem, flerte, suor, confete grudado no cabelo, espuma Omo encharcando a roupa, smirnoff ice e amigas e maridão animados que topam acompanhar o bloco até vazar na 303 sul.
Piratas, pipocas, craques e Freddy Krueger na concentração
Legal é ter essa perspectiva de pedestre no meio da rua. Ruas que a gente se aborrece de passar só no papel de motorista. Minha quadra é estratégica para o Carnaval. Pacotão, Galinho... Tudo passa por ali, indo ou vindo. Para alguém que só precisa de uma desculpinha para foliar, não poderia viver em melhor localização.

Fã do Galinho 
Criaturas da noite
Quem ganha com essa comodidade são meus pimpolhos, que desde pequenos são inseridos no Carnaval, aprendendo que é possível brincar sem complicar. E que os blocos de rua são o espírito livre e genuíno de nossa festa maior. Rômulo estava tão à vontade e boêmio, que um dos músicos da banda do Pacotão o reconheceu da noite anterior no Galinho: "Ei, você por aqui de novo?"
Balança o saco de confete e serpentina...

À noite, todos os gatos são pardos, amarelos, pretos...
Carnaval em Brasília já está tão diferente que a gente reencontra gente do ano passado. Ou seja, a galera já está optando por passar o feriadão no planalto central. Não é mais castigo, entende? Além disso, os foliões estão soltando a criatividade ano após ano. Não sou mais uma das poucas gatas pintadas a pagar mico fantasiada pela W3. Criações divertidas embaladas na vocação política da cidade colorem o asfalto. Mas tem espaço para os figurinos tradicionais da celebração mais fervorosamente pagã do universo.

Os bizarros se entendem
Pulei lado a lado com Emílias, homens de roupão e touca de banho, piratas, passistas de frevo, minnies, Ben 10 ao cubo, batmans, irmãos-Metralha, bailarinas, bruxas e o melhor de todos: lobvampesqueleton, meu filho Tomás. Sucesso absoluto de público com máscara de lobisomen, fantasia de caveira e capa do Harry Porter. Uma ideia do próprio carnavalesco-mirim, mostrando a improvisação e desinibição típicas do folião que se preza.
Pronto para aprontar
Mamãe coruja aprovou e se regalou. Ano que vem tem mais!

Irreverência: sinal de nascença do Pacotão

Comentários

  1. Caramba, Luzinha, admiro vocês... você e o Bernardo fantasiados, no pique, acompanhando de corpo e alma as crianças... muito legal! Muito bom para eles, porque vocês vivenciam a festa mesmo, não estão ali somente para "levar as crianças", né...

    Parabéns!

    Beijos

    Patty

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  2. Lu,
    Adorável carnavalesca de um pique sem fim. Que agradável surpresa esta amizade jornalística nascida em ambiente judiciário. O certo (para mim) é que não existem acasos, e sim reencontros. Então: Oi, amiga, que bom vê-la novamente!
    Textos gostosos, que fluem com leveza e madura segurança de quem sabe o que diz. Tô tiete! Para o ano, o Galinho de Brasília vai ter concorrência: "Tietes da Luzinha". Preparem o confete, fãzocas! E Loraine vai na frente puxando o cordão.
    Beijo
    Marcita

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