Adeus, doçura!




Fazer aniversário cansa. Assim, essa repetição ano após ano, uma rotina da qual a gente não consegue escapar. Engana-se quem pensa que aqui se esconde o fator idade. Envelhecer não é a questão (ou talvez até seja, mas totalmente inconsciente). É a preguiça mesmo de celebrar, de receber as dezenas de parabéns pelo facebook. Ou até os raros telefonemas - abandonados que estão pela sociedade contemporânea. 

É, nesse ponto as redes sociais são uma mão na roda. É tranquilo lembrar-se da data de alguém e também almejar parabéns sem medo de ser óbvio. Pelo telefone é sempre aquele certo constrangimento: será que vai ter festinha e a pessoa não me convidou? Desejar saúde, que o dia seja especial, felicidades. Tudo assim tão batido, tão clichê... Escrever essas obviedades não parece besta como falar e imaginar a cara de tédio do aniversariante do outro lado da linha. 

Caramba, estou soando amarga, antissocial. Não sou nada disso. Devo estar mesmo envelhecendo... Carecendo da energia vital que têm as crianças que contam as horas para chegar o aniversário e ficar “bem maior, bem maior do que era antes”. Eu só fico maior para os lados, efeito concreto do dia-em-que-você-nasceu pós 40. 

Então, para acrescentar esse dado rotineiro ao cardápio, vou comer mais do que remorso e já encomendei a minha torta de chocolate. Sim, outra personagem indefectível do rol de comemoração. Afinal, estamos ou não estamos falando de repetição? Por incrível que pareça, gosto de algumas tradições. Sem chocolate não é possível ser feliz completando mais um ano de vida. Ponto. 

Investigando a mim mesma como uma terapeuta bastante honesta, talvez a atual reticência em torno do próprio aniversário tenha a ver com um costume que deixou de existir: minha madrinha não é mais a primeira a me acordar com o toque do telefone e sua voz de contralto atacando o inevitável “Parabéns pra você”. 

Minha mãe não me dá mais presentes. Pior, não me dá mais seu sorrisão de dentes gigantes como os meus. A gente pensa que são coisas banais e que vai superar, mas não supera. Meu marido diz que ainda é muito cedo. Quatro anos é cedo? Não sei dizer, só sei sentir. E às vezes é muito solitário habitar esse mundo... Meus aniversários não são mais os mesmos para mim. E fico tentando resgatar a pureza inocente dos anos em que filha era por meio de invencionices ou fugindo da raia. 

Dessa vez, vou me meter no show do Elton John. Arrasto meu marido, que resistiu com a enrugada desculpa: “nós não temos mais idade para isso!”. Oras, é justamente o que temos! Quem ele pensa que vai estar no gargarejo de uma diva centenária como Sir. John? Vou passar meu aniversário em Goiânia. Escapar da rotina de aniversariante com mala, cuia e filhos, para não recordar que o dia do meu nascimento já foi embalado no coração de uma dupla de mães inusitada. Doçura que voou... 

P.S. DaniDaphne, acho que o Raocutan já está em ação... Ou é inferno astral batendo pesado?:) 



Comentários

  1. Espera aí...
    Quase tive uma síncope pensando que eu poderia ter comido bola e não ter dado o velho telefonema de todos os anos.
    Fui ver no Google e ele me tranquilizou. O show do Elton John é dia 21/02.
    Tudo bem, eu vou perdoar no fato de não ter sido convidada para comer um pedaço do bolo, mas só porque eu estou em fase diet e light.
    Divirta-se muito!
    E vê se arranja tempo nesta agenda atribulada para mim ok?
    Beijos

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    Respostas
    1. Larinha, my oldest and good friend,

      pra comer desse bolo, só se você fosse até Goiânia. Encomendei lá, pois vamos pegar a estrada na quinta à noite... Imagina se eu não iria te convidar, né?

      No Carnaval estaremos por aqui. Claro que vou arrumar um tempo pra você!

      Beijão,

      Lulupisces.

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  2. Lindo texto... A falta e a saudade serão eternas. Restam as lembranças... Seu níver vai, sim, ser o máximo, basta querer!

    Beijos!

    Denize

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  3. Ai Lu, acho que esse sentimento deve ser algum carma pisciano, rs. Amo comemorar, mas também estou numa vibe sinistra, pensando coisas muito parecidas com as que vc tá pensando. Sobre a saudade, acho que nunca tem fim. Mas a gente só sente saudade do que foi bom. Costumo sorrir entre lágrimas de saudade. Piegas? Talvez, mas não me importo. Boa viagem e manda um beijo pra diva por mim. Uma pena eu não poder ir :-(
    beijos,
    Mona

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  4. Eita, Lu! Tô achando que uma opção não elimina a outra, rsrsr.... Confiamos plenamente na nossa ultra mega power dermato! Dá um tempinho pra observar melhor. Enquanto isso, viva Circle Of life!

    DaniDaphne

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  5. Ok, vou deixar, a gente se abraça mais velha e mais jovem, não no meio! Vai querer presente antes ou depois? Beijim.

    Má.

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