Ao sul do Trópico de Capricórnio


"Pelos caminhos que ando  
um dia vai ser
só não sei quando"
Paulo Leminski, 
querido  curitibano


Bosque João Paulo II
Um dos prazeres de se hospedar na casa de amigos é vasculhar as estantes (descaradamente) com o intuito de encontrar tesouros que você nunca viu, nunca leu ou até que nunca compraria por causa dos preconceitos arraigados. Depois, folhear os achados e descobrir leituras deleitosas. Afinal, há quase tantos livros no mundo quanto pessoas. Desse modo, podemos ter gratas surpresas ao abrir a cabeça para novos autores e suas ideias, assim como para novas amizades.

Centro de Curitiba com AnaLu

Acabei de chegar de um intensivão em Curitiba. Agora, aqui do alto, tão perto do céu e vislumbrando um recorte da asa do avião através da janelinha, não posso deixar de cantarolar "é melhor viver dez anos a mil do que mil anos a dez". Essa pode ser a definição enxuta da minha mais nova amiga AnaLu, a "nunca te vi, sempre te amei".
quando eu vi você
tive uma ideia brilhante
foi como se eu olhasse
de dentro de um diamante
e meu olho ganhasse
mil faces num só instante
basta um instante
e você tem amor bastante
Paulo Leminski


Enfim o encontro com a "nunca te vi sempre te amei"!
Ana Lúcia, devidamente abraçada e escaneada em olhares e fotos. Que me ofertou uma overdose de Curitiba, mas sem ressaca ou riscos de morte. Conversamos, fizemos bolo e caminhamos pelo Parque Barigui como se tivéssemos reencontrado uma velha amizade do ginásio. Depois dizem que a internet afasta as pessoas... Com a gente foi exatamente o contrário, pois se não fosse a rede, talvez nunca cruzássemos as nossas linhas virtuais para trançar uma amizade real.


Parque Barigui...

e as múltiplas facetas
do encanto curitibano
Minha mais nova amiga me recebeu em seu casa sem cerimônia. Expulsou a filha do quarto que  me acolheu. Carol em seus 18 anos podia ter franzido o senho e criado bico, mas não. Foi terna e receptiva, compartilhando suas paredes rosas, seus segredos juvenis em frases encorajadoras escritas  à mão e fotos românticas de Paris e NY.

Vista do meu quarto de dormir

Carol, a branca de neve, e sua mamãe gaiata
Ao recostar meus cabelos curtos no travesseiro no qual Carol esparrama os lindos cachos longos, absorvo a energia primaveril da Branca de Neve curitibana. Volvo a los 18, com todos os próximos capítulos pela frente. Ela me reclama que gostaria de ser criança de novo, pois tudo era "tão simples". Eu a observo abrindo gavetas e sonhos e penso: aos 18 também, com seus dilemas cruéis: sair ou não sair, colocar o short ou a saia, ficar ou não ficar com aquele carinha, amar é sofrer?

Prima obra de Modigliani
Carol me empresta a intensidade da vida por explodir em caminhos que podem levá-la aos 40. Marco que aos olhos dos jovens de 18 parece inatingível. Entretanto eu aqui estou e quase não percebi. Tudo é tão volátil e frágil, não? Ela me põe partidas nas mãos e eu lhe retribuo com chegadas, distribuindo a experiência de quem já viveu esse jogo de encontrar um grande amor.

Curtindo o Museu Oscar Niemeyer
Esculturas baseadas em moldes de Modigliani
Você acha que essa roupa está legal? Comovo-me. Engasgo. Por um segundo ela é a filha que eu nunca vou ter. Quero cobri-la de beijos e dizer: você fica linda de qualquer jeito! Sem nenhum exagero, pois acredito piamente nessa constatação. Na inocência de querer mostrar para o mundo a melhor versão de si mesma. Emociono-me porque ela, além da mãe, também me dá a chance de me tornar amiga. Carol me inclui no seu seleto clã de fêmeas.

Ana Cristina e Catarina: amores antigos e novos
No refúgio de Carol, me intrometo nos livros que leu ou vai ler: O outro lado da meia noite, Por que os homens fazem sexo e as Mulheres fazem amor, A Última Princesa, Perdas e Ganhos (Lya Luft, quem diria!!), um Harry Potter, para lembrar a recente adolescência; Introdução à Psicologia - para mostrar o que o futuro lhe reserva na universidade - e Jogos Vorazes...

Casinha polonesa com certeza
Era a oportunidade de conferir o sucesso da obra entre a galerinha. Peguei o exemplar e não consegui largar. Inimaginável, mas estava lendo e gostando à beça de Jogos Vorazes. Resultado: tive de comprar um pra mim no aeroporto e me esquecer do voo até Brasília.

Virando os olhos com um kremòwka, o doce preferido do Papa  João  Paulo II
Curitiba é bela e refrescante como Carolina. Libertada da imaturidade da turista-de-ponto-turístico, estava livre para sorver a alma da cidade: plana, ampla, limpa. Os horrendos arranha-céus ainda não dominam a paisagem, que tem a encantadora araucária como emblema, selo, identidade.

As adoráveis araucárias!
Entre meus dois amores, Ana Cristina e Ana Lúcia, primas linguistas, conheci um pouco mais do universo curitibano de charmosa inspiração europeia. Pessoas brancas, doces poloneses, canteiros de flores, gramados extensos onde a população migra em busca do raro olho de sol.

Minhas Anas ao quadrado...
Vai ver que foi por isso que Niemeyer criou o grande "Olho" do museu que recebeu o nome dele. Para que o sol, mesmo arquitetônico, continue a aquecer essa capital intrigante, mistura de civilização e gangues bárbaras, fincada ao sul do Trópico de Capricórnio.  



O Olho "de sol" do Niemeyer

Abrigando os traços únicos de Poty Lazarotto
Santos Dummond by Poty

Pedalar é preciso...
Buscar a espiritualidade também!
  


Posted by Picasa

Comentários

  1. AFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFF!!!!!!!!!!!!
    Como ficaram lindas as fotos!!!!!!!!!!!!!! Amei!

    Boas essas modelos! Adorei os gremilins Carolina, Catinha, Fredinho, Tomás e Romulito!!!!!!!!!!!!!!!!

    Além, é claro, do Geraldo, maridão que cedeu a esposa para passeios exóticos na terrinha...

    A propósito, na segunda o frio veio com tudo, geladeira mesmo! Lu, você é mesmo uma sortuda de primeira!

    Foi e é muito bom estar com você! Brevemente entrarei em cartaz no Planalto Central!

    Bjoks e saudades!

    AnaLu.

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    1. Minha linda!
      Esta terra é linda, mas ficou encantada com suas palavras, seu jeito de encadear os cantinhos que visitamos e torná-los pedaços de nossa alma. Curitiba é um bom lugar com o olho do sol a nos mirar que agora refletem brasilienses escrituras...
      E o que dizer de Carol, a Branca de Neve curitibana... surpreendeu-me...
      Nossa, você reconheceu-a por dentro e por fora, tão sal e tanto açúcar...temperada com cachos e linhas de poemas. Você percebeu toda a sua intensa pulsação...
      ...reencontrou-se... porque tem olhos de ver... e uma pena mágica...
      Somos Anas Luz!
      Bjo grande!
      AnaLu

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  2. Luciana. A mulher que já esteve em mais lugares que Napoleão, Marco Polo, Alexandre, Zeca Camargo e Glória Maria juntos.

    Mais uma cidade pro seu extenso currículo, hã prima? Ou esta você já conhecia e só está revisitando? Parece que o passeio foi bom, como sempre. Fiquei com vontade de conhecer.

    Beijos.

    Valdeir Jr.

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    1. Amado superprimo,

      KKKK! Eu chego lá!! Já conhecia Curitiba. Estive lá na adolescência, com mamãe e com o Bernardo em 1993. Depois, never more...

      Agora fui para conhecer minha amiga virtual (Ana Lúcia)ao vivo e em cores. E também para rever a amiga real que já havia morado em Brasília (Ana Cristina) e conhecer a filhota dela, Catarina.

      Foi apenas um fimdesemana, mas tive a sensação de ter viajado por um mês inteirinho.

      E trouxe um presente de aniversário para você de lá, viu?

      Beijão,

      Lu.

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  3. Luzita, que viagem e texto legais! e o que vc foi fazer lá mesmo? foi à trabalho? bjinho Isa

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    1. Oi BelBel,

      fui visitar amigas reais e virtuais que se tornaram reais. Era uma viagem mulherzinha, parte das minhas combinações com o maridão... Ele viaja para congressos e encontros, eu viajo para ver reencontrar amigas. Bom, né?

      Beijão,

      Luzita.

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  4. Lu,
    sua doidinha!
    Achei de ler o blog aqui na editora... ainda estou tentando segurar as lágrimas... seu texto é que é o passeio...
    Nossa, você é uma descoberta a cada linha...
    Um grande beijo!
    AnaLu

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  5. Lu seja bem vinda! que saudades...de você, de suas histórias...muito legal mesmo o seu relato e as fotos.Beijo grande...Namastê!
    Cynthia

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  6. Lembra de "O menino do dedo verde", que lemos na escola? Você é assim, onde pousa seus olhos, floresce poesia e surge a mágica!
    Bjs
    Patty

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  7. Ô amada Pattygirl,

    chegar ao trabalho exausta de uma semana de louco e encontrar esse comentário realmente não tem preço!!!!!

    Enchi os olhos d'água!!

    Beijão e obrigada por ser a minha mais fiel leitora-comentarista!

    Luzinha-Lulupisces.

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  8. Luuu! Me emocionei tanto com o que vc escreveu sobre a sua estadia aqui em Curitiba!
    Saiba que vc é PARA SEMPRE bem vinda pra ficar aqui em casa, no meu quarto :)
    Vc já é uma grande amiga que quero levar pro resto da vida! (já está inclusa faz teeeeeeempo no meu clã, heheheh)

    Um grande beijo da sua branca de neve rsrs,
    Carol.

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