Peça rara

Gosto muito de te ver, leãozinho
Caminhando sob o sol
Gosto muito de você, leãozinho

Para desentristecer, leãozinho
O meu coração tão só
Basta eu encontrar você no caminho

Um filhote de leão raio da manhã;
Arrastando o meu olhar como um ímã...
O meu coração é o sol, pai de toda cor;
Quando ele lhe doura a pele ao léu...

Gosto de te ver ao sol, leãozinho
De te ver entrar no mar
Tua pele, tua luz, tua juba

Gosto de ficar ao sol, leãozinho
De molhar minha juba
De estar perto de você e entrar numa

(Caetano)

Hoje o dia alvoreceu. Não podia ser um nascimento qualquer. Era o dia escolhido pelo menino que veio ao mundo com a estrela na testa. O menino que escolheu brilhar em data de especial simbologia: 27/07/2007.

Qualquer dia desses, consulto uma numeróloga e entendo mais um pouco do Rômulo, o porquê da sequência de setes, esse numeral tão poderoso. Algo me diz que o menino vai ser grande. Não é corujice de mãe, é apenas uma sensação do que ainda está por vir e que será muito forte.

Porque Rômulo é aquele tipo de filho que parece surgir em algumas famílias. Aquele que é contestador, genial e temperamental. Aquele que não se doma. Sol em Leão. A criança que vem para mostrar que os pais precisam se esforçar ainda mais em seus papéis. Aquela que ensina e surpreende.

Meu rei de Roma, um sorriso de orelha a orelha que encanta. Leãozinho em toda a sua essência atrativa e explosiva. Ainda bem que ao seu lado está Tomás, o pensador equilibrado e manso. Um touro tranquilo reinando em pastos verdes.

Sempre juntos. Namastê!

Ao contrário de Rômulo, não precisa demonstrar seu poder de fogo. Apenas é e pasta, amado e respeitado pelo rebanho. Rogo a Deus para que permaneça assim: uma luz guiando o irmão mais novo por mares menos revoltos.

Lembranças da fase "jovem Frankstein"

Nunca tenho a oportunidade de pegar Rômulo na saída da escola. Nossos horários não se encaixam. Mas num dia desses aí, fui recebida com o mais sonoro MAMÃE!!!! do mundo embrulhado em sorriso desmontante:

- Vamos entrar um pouquinho, mamãe?

Desse modo irrecusável, levada pela mão, adentrei a nave da igreja Dom Bosco, placidamente erguida no meio do caminho entre a escola e a casa.

- Eu gosto de rezar assim, explica Rômulo, já abaixando aquela almofadinha do banco de madeira para ficar de joelhos.

Mãe que é mãe entra na onda, acompanha. De joelhos, portanto, me postei. Nem sabia mais o que era rezar ajoelhada. Uma recordação remontando à primeira comunhão... Mas filho é divindade. É improviso. E a gente reestreia na vida a cada hora vivida.

- Quase não tem ninguém, não é mamãe?
- É meio-dia e meia, meu filho. Todo mundo está almoçando.

A paz e o silêncio azulado do templo confortam. Rômulo sabe disso, precisa desse momento de lucidez.

- Aquela cruz é de verdade. Mas o homem ali é de mentira, afirma.

O que apreender ou compreender de afirmação tão complexa...

- Aquilo ali é somente uma imagem, meu filho. As pessoas criaram essa imagem para lembrar que Jesus morreu, mas sempre vai estar ao nosso lado. Então, vamos rezar?

E, de joelhos na almofadinha como não fazia desde menina, digo:

- Repete comigo: Bom Deus, me dê inteligência...
- Inteligência...
- Paciência...
- Paciência...
- Muito amor e carinho para que seja sempre uma pessoa do bem.
- Do bem...
- E que eu seja um bom irmão para o Tomás!
- Mas eu sou um bom irmão para o Tomás!
- OK, então que você continue um bom irmão para o Tomás!
- Um bom irmão para o Tomás!
- Amém!
- Amém!

Rezar na hora do almoço dá uma fome! Feliz aniversário, meu filho!

E para quem gosta de curtir um som de primeira, solta essa:
http://www.youtube.com/watch?v=_d94WJj6OWQ