Diário da Maçã – Dia quatro

Precisa ter uma certa arrogância para escrever. Imaginar que outra pessoa vai dedicar horas de seu tempo com sua obra. A citação do escritor caribenho Caryl Phillips serviu na minha carapuça.  Esse lance de blog é bem isso, né? Um exercício de ego daqueles.

Eu sei que sou arrogante mesmo, até cara de pau, mas humildade realmente não combina com escrevinhação. É preciso se lançar e se por à prova na vitrine. A gente sempre acredita que todo mundo vai ler e vai gostar, mas a maior parte das vezes é exatamente o contrário. E a gente se frustra, se acabrunha, mas depois arruma força de dentro da tal arrogância para continuar escrevendo.

Mais um relance do Central Park
Por isso estou aqui nesse diário da Maçã desfiando minhas peripécias no hemisfério norte, almejando ser lida e seguida (de uma forma saudável, tá? Não tô afim de virar guru de ninguém)J . Então chegou o dia quatro. Uma pausa na cidade alucinada para uma esticada mais ao norte, no condado de Westchester.

Casinhas e ruinhas campestres a 30 min de Manhattan
Westchester representa muito bem o subúrbio limpo, organizado, perfeito e elegante dos Estados Unidos. Aqueles que a gente vê nos filmes e imagina que é cenário, mas que é real. A “Beleza Americana” em todo o seu puritanismo vitoriano.

Atacando de fotógrafa...

Pois o cenário implora... Tão poético!
A maior parte das pessoas que visitam NY nunca pisa o pé fora da ilha. Peninha... Vale à beça pegar um trem na Grand Central Station (http://www.grandcentralterminal.com)/ e passar um dia em Westchester.  Explorar um pouco o upstate... São várias vilinhas charmosérrimas e com muita história para contar. Tem, por exemplo, Sleepy Hollow (/www.sleepyhollowny.gov), lugar onde nasceu a lenda do Cavaleiro sem Cabeça (o filme do Tim Burton foi rodado lá também). Bela e assustadora!

Cemitérios cinematográficos
A gente morou em outra dessas cidadezinhas: Larchmont. E eu precisava, muito, rever meu prédio, as minhas ruas desertas e até o supermercado que eu costumava frequentar (deve ser coisa de peixes com ascendente em leão). Para tanto, pegamos carona com o Bernardo, que alugou um carro bacana a preço de banana, e rumamos de volta ao meu passado.

Assim são as vilas: perfeitinhas!
Deixamos Bernardo na IBM – fiz isso tantas vezes!!! – e, apanhando um pouco até pegar o jeito do carro automático novamente, tracei Larchmont. O deus GPS ajudou bastante a relembrar como chegar lá. Apresentei à Nena minha morada naqueles idos de 2001/2002.

Possante com laboratório da IBM ao fundo
Demos um rolé no Trader Joe’s (www.traderjoes.com), um mercadinho transado, orgânico e ecológico que vende produtos deliciosos. Comprei mapple syrup, o xarope/calda que os americanos usam em cima das panquecas e waffles - adoro! - e umas berries cobertas de chocolate de fabricação própria deles. Hummm... Haja calorias extra! Minha irmã também comprou alguns produtos e ficou encantada, por ser uma natureba por natureza, com a proposta do supermercado

A gente morava aqui, no 1º andar
Depois, já era hora do almoço e conduzi mi hermana para o Walter’s (www.waltershotdogs.com), o melhor cachorro-quente com curly fries (batata frita encaracolada como cachos) do condado! Momento piquenique, com direito a admiração de esquilos viciados em junk food.

A casa do Hot Dog mais hot de Westchester

Que saudável!!!!!!
Será que o colesterol dele é alto?
Também fizemos compritas na Bed, Bath & Beyond (http://www.bedbathandbeyond.com/), mega loja com coisas fofas e preços fantásticos para casa. E, enfim, catamos Bernardo na IBM e retornamos para Manhattan. Pronto: Nena tinha curtido um dia no típico subúrbio chique norte-americano.

A prova do crime...
Mas a noite era apenas um bebezinho e um jantar com o casal de amigos Goeffrey (canadense) e Elli (chinesa) – mistura com cara de NY – estava a nossa espera. Eles nos pegaram no hotel. Isso significa: passar a pé no hotel e ir a pé para o restaurante. Nova iorquinos são conscientes, não gostam de carros.

Elli e Jeff são de uma simpatia e um humor irônico fino muito divertido. E Elli é glutona das boas. Nunca vi uma coisinha chinesa tão pequena comer tanto, sempre com ótimas tips (dicas) de restaurante para dar. Os dois nos levaram num legítimo chinês: Wu Liang Ye, onde falou em chinês com o garçom e escolheu os pratos.

Apresentando: os suculentos dumplings
Stop: se você pensou na indefectível carne desfiada com broto de bambu e arroz colorido, forget them! A autêntica comida chinesa não tem nada a ver com nossa versão tropical. São pratos mais apimentados e mais exóticos. Bolinhos cozidos no vapor com vários recheios diferentes, muitas verduras pouco usuais e peixe/frutos do mar aos borbotões. Arrisque, prove! É deleite gastronômico!

Um casal agradabilíssimo 
Espia aí as sugestões da Elli e coma sem medo:

Wu Liang Ye – 36W 48st nearby Fifth Avenue.

“The immense Chinese watercolors that enliven the walls aren’t entirely convincing, but the kitchen knows what it’s doing.”

Thai Wondee Siaun

792, 9th Avenue. – Comida tailandesa da melhor qualidade e precinho de xepa!!!

Shake Shack (www.shakeshack.com)

Tem um na esquina da tresloucada Times Square. Legítima lanchonete americana com todas aquelas guloseimas do nosso imaginário infantil. O problema é a fila... O sorvete de chocolate é simplesmente... (não encontro adjetivo à gostosura).

Dim Sum: JingBin Seafood Restaurant  - 39-41 East Broadway – second floor


Legítimo espaço gourmet chinês, com rodízio de dumplings (os tais bolinhos recheados cozidos no vapor). Hum, delícia!

Comentários

  1. Huuum, agora estou começaaaando a ficar com inveja... será que é porque estamos falando no quesito comida???? rsrsrs

    Ai, tô falando... mais uma coincidência: Final de semana passado revi o filme "Beleza Americana"... e aí você cita o título... rs. Mas essa beleza aí das fotos é que é mesmo de tirar o fôlego...

    Beijos

    Patty

    ResponderExcluir
  2. Boas dicas Lu...adorei as "quebradinhas"suburbanas...com ar bucólico...romântico...inspirador...
    beijo...Namastê!
    Cynthia

    ResponderExcluir
  3. Tem estudo mostrando que a comida junk interfere até nos comportamentos reprodutivos das gaivotas viciadas que vivem perto de shoppings e lanchonetes. Tem a ver com os hábitos de caça que são totalmente distorcidos... Mas de vez em quando até que é bem bom comer bobagem, né?
    bjim

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Ousadia

Presentim de Natal

Horizonte de Eventos