Diário da Maçã – Dia três

Bryant Park: bucólico refúgio em meio ao caos das sirenes
Eu curto astrologia e tenho um pezinho (o meu é pequeno) no misticismo. Por isso achei interessante algumas coincidências numerológicas dessa viagem para NY. Quem sabe não foi por isso que tudo tenha dado tão certo?

O que vai ser de onde era o WTC
Dez anos depois, eu embarco para passar dez dias na Big Apple. Não foi proposital. Só mais tarde percebi o fato. Como se cada dia representasse um ano inteiro de saudade... Meigo, né? Aí a gente chega no hotel e o nosso quarto é o 1404. Data do aniversário da minha irmã Nena, que era a debutante na cidade.

Empire State de arco-íris em prol da tolerância total
E, quando a gente senta no Metropolitan Opera House, descobre que o número da cadeira da Nena também é 14. Um prato cheio para o jogo do bicho... É borboleta, não? Pois é, o ponto alto do dia três em Manhattan foi levar minha adorada irmãzinha minúscula (às vezes eu abraço a Nena e penso que vou quebrá-la) para conhecer o complexo cultural chamado Lincoln Center (www.lincolncenter.org).

Lincoln Center: amo tudo isso!
Nesse belo conjunto arquitetônico moram felizes o American Ballet Theatre, a Filarmônica de NY e uma das casas de Ópera mais respeitadas do mundo. Sem falar na reconhecidíssima universidade de Música, a Juliard. Quando moramos nos EUA, assistimos a toda temporada lírica abestalhados com tamanha beleza e profissionalismo. Ali, fui apresentada à La Traviata (minha favorita), Turandot, Idomeneo, As Bodas de Fígaro, Carmen e outras obras fundamentais.

Sonhos de uma noite de verão
Entretanto, ópera é programa de inverno. No verão, sopranos e tenores emprestam seu palco sagrado aos bailarinos e os turistas podem apreciar, se não uma empreitada de três horas de árias, duas horas de pas de deux. Tudo ótimo para mim, pois amo balé e aprendi a amar ópera. E NY não seria NY se não abrigasse o Lincoln Center. Minha irmã precisava conhecer esse templo dedicado às Artes.

Eu queria esse cartaz!!!!!
E daqui do Brasil a gente conseguiu comprar, pela internet, ingressos para conferir “O Lago dos Cisnes”. Quase não acreditei que iria ver o balé dos balés com a melhor companhia de dança dos EUA, por apenas 45 dólares (num local intermediário)! E foi absolutamente maravilhoso!

Fotos eram proibidas, mas...

Não parece uma caixinha de música em tamanho real?

Eis o monumental Metropolitan Opera House

E seu lustre exclusivo: o Sputinik
A começar pelo próprio Metropolitan Opera House, com seu glamour e elegância. Os lustres Sputinik (veja que no mundo artístico não há espaço para a guerra fria) dão um charme único a essa sala de acústica e visibilidade perfeitas. Pode ficar tranquilo e comprar os ingressos mais baratos, lá em cima. Você vai ver o espetáculo todinho com total clareza de imagem e som.

Só alegria!!!

Um teto que é tão lindo que merece foto!
A noite terminou assim, em altíssimo estilo, com direito a intervalo regado à champanhe e sanduichinho chique de queijo brie com presunto (todo espetáculo tem uma quebra para que as pessoas circulem, sejam vistas, vejam e comam uma coisica refinadinha servida no bar da Casa). Mas o dia todo já havia sido bastante especial.

Acordamos e saímos atrás da revendedora da BMW. Minha irmã tinha uma encomenda (As encomendas são um capítulo extra nessa história de viajar para o exterior, né?) É cada uma em que a parentada nos coloca... Nessa hora é que a gente percebe que o Brasil é ainda uma província onde muito falta ou tudo é caro ou as duas coisas ao mesmo tempo.

As torres do Donald e a praça Columbus Circle
A tal revendedora ficava no lado West, mais lá em cima, então valeu o programa de índio para mostrar à minha irmã uma faceta mais calma e sofisticada de NY. Paramos no Columbus Circle, onde as torres do Donald Trump são o mais novo símbolo fálico dessa cidade, representada por uma maçã, mas abundante de prédios ostensivos da sua virilidade. As mil e uma ambiguidades de Manhattan...

E passamos boa parte da manhã e início da tarde dentro do American Museum of Natural History (http://www.amnh.org/). Esse museu é deslumbrante, embasbacante e alucinante. Só isso! Se você for à NY e não passar uma noite no museu, ou melhor, um dia nesse museu, você está out, tá?

É como se estivessem vivos olhando para a gente

Ursinhos nada carinhosos

Achei que fosse pular do cenário

Entenda a diferença de conceito geral Brasil - EUA
Não há nada no mundo que se compare ao acervo dessa instituição: centenas, milhares de esqueletos de dinoussauros montados para o nosso deleite de humanozinho ínfimo. Ali, a gente tem a real noção de que somos fagulhas dentro dessa imensidão do cosmo. Minha irmã quase surtou.  A guria ficou que nem criança em loja de doce. Disparou nela a verve japonesa e ela simplesmente fotografou tudo. Eu disse tudo. Tive de, praticamente, expulsá-la de lá, morta de fome, rumo ao Central Park e seus hot dogs deliciosos.

Os elefantes não esquecem

E o T-Rex enlouquece

Muito esclarecedor

Mas se a sua praia é o sistema solar...

Eu prefiro os bichões. Gamei nesse mamute!
Prove qualquer um, de qualquer esquina do parque ou da cidade. Os hot dogs também são uma instituição de NY. Não vale sair da Maçã sem almoçar pelo menos uma vez um pão com salsicha apetitosa (que mais parece linguiça), catchup e mostard. Sem molho, que cachorro nos Esteites é radicalmente diferente dos dogs tupiniquins.

Meu Deus, o que minha madrinha está fazendo aqui?

Flagrante delito: brasileira devora hot dog no Central Park!
Imagine que o Lennon morreu bem ai ó!

Será magia, milagre, miragem, será mistério?
Inté o dia quatro!

Comentários

  1. Adorei Lu,muito bacana pafssear por lugares que ainda não conhecemos,mas que vem acompanhado por fotos e uma descrição, que nos possibilita ter uma pequena participação, vivência do momento, que com prazer e alegria você descreve.O ponto alto para mim foi o balé, "O lago dos Cisnes", que me fez voltar a minha infância, quando ia a quase todos os espetáculos de balé no Teatro Municipal do Rio, com minha mãe.Eu já fazia dança e minha mãe pianista de uma academia de balé, sempre ganhava umas cortesias.Então me sentia extasiada, ao ver o teatro todo iluminado, com os bailarinos pequeninos lá embaixo, e sonhava um dia estar em seu lugar.Tá vendo, que lembrança boa a sua foto trouxe pra mim...grata.bjim...Namastê!
    Cynthia

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  2. Oi querida Lu,

    Acho que voce deveria virar guia turistica... Ia ser uma das melhores no ramo! Com voce nao tem corpo mole nao! E ainda por cima voce eh super bem informada, organizada e com um super pique.
    Como voce fazia para se locomover de um lugar para outro? pernas? metro? taxi? Helicoptero?(brincadeirinha) eh que voce fez tanta coisa em 10 dias que de repente...
    Beijos

    Evelyn

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  3. Olá superteacher de ioga e olá Eve,

    eu também sonhei em ser bailarina... Sonhei muitos anos esse sonho e até hoje tenho muitas saudades dos pliês... Tanto é que as aulas de ioga na parede, que parece uma barra, são as minhas favoritas!:)

    Eve, incrivelmente, não pegamos quase nenhum táxi. Tudo era feito a pé ou de metrô mesmo que, apesar de feio e muitas vezes sombrio, é a melhor maneira de se locomover em NY.

    Um beijão e obrigada pelo carinho!!!

    Lulupisces.

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  4. Caramba que fotos magníficas e que lugares explêndidos!
    Gente, eu simplesmente aaaaaamo dinossauros! Aquelas coisas imensas querendo nos papar! rs. Que vertigem deve dar...
    Você estava chiquérrima com aquelas becas elegantes...
    Agora, como se aprende a gostar de ópera? rs... Sei que se começa por entender o que se passa nela, né? Uma horinha, tudo bem, mas, três horas é para a nata intelectual! rs. Agora balé, aí sim, você não sente o tempo passar né...
    Quero mais!!!

    Beijos

    Patty

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  5. Oi Pattygirl,

    acho que se aprende a gostar de ópera curtindo uma música bem executada instrumentalmente e vocalmente. O lance é a música, mas claro que os cenários deslumbrantes e a história também ajudam. Mas se você sentir o poder da música... A força e o drama que exalam daquelas notas... Tanto é que eu tenho CDs de ópera e gosto de ouvi-las, independente do teatro envolvido.
    Se você visse uma ópera de verdade, feita por bons profissionais, com cenários dignos, você também iria gostar, eu tenho certeza. E as três horas passam depressa, você nem sente. Tem intervalo!:)
    E lá no Metropolitan Opera House também tem legenda em cada poltrona. Você entende tudo o que os cantores estão cantando. Um barato!

    Beijos,

    Luzinha Lulupisces

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  6. Nada como conversar com que entende, né.. rs. Quem sabe quando eu assistir algo assim, eu vá virar fã.
    Aqui na cidade tá rolando o anual "Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga". É muito bom! Reune músicos de todos os lugares, até de fora do país. E hoje vai ter o Quinteto Villa Lobos! Se conseguir arrastar o maridão cansado de um dia inteiro se matando no trabalho, eu vou! rs.

    Beijos

    Patty

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  7. Nossa, que lugares incríveis... e quanta energia para aproveitá-los! Um dia ainda vou lá conferir suas dicas, amiga. Mas quanto ao cachorro quente... ah, fala sério, Lu, um bom molhinho tupiniquim tem seu valor, hein?

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