Diário da Maçã – Dia seis

Dormi com a ideia de que levaria minha irmã para pegar um trem na Grand Central Station. Assim, ela conheceria a estação - belíssima e merecedora da visita de qualquer turista que se preza - e, de quebra, viajaria de trem, algo tão incomum no Brasil. Mas Bernardo ficou esperando a gente acordar e mudou os planos. Fomos de carro, novamente, para o condado de Westchester. Dessa vez, fazendo uma parada obrigatória em um diner típico dos EUA.
Os americanos se amarram numa tradição...
Diner é aquela lanchonete que você vê em quase todos os filmes hollywoodianos. O paraíso das panquecas, wafflles, ovos, bacon, french toasts (pão de forma em forma de rabanada, mas não tão molhadas e sem canela) e outras comidinhas infantis proibitivas para adultos.

Entretanto, who cares? Caímos de boca! Dica: um prato dá para duas pessoas. Não é impunimente que os americanos são obesos. As porções são fartas. Peça um prato e diga: ‘we will share, all right?” (nós vamos repartir). Assim, eles trazem dois pratos e dois jogos de talheres e você come até pocar!

Essa é a porção individual, tá ligado?

Esse Diner aí da foto fica perto da vilinha de Ossining - http://www.townofossining.com/ -, onde nós temos conta no Citibank. Muito legal ter uma conta no banco como se a gente ainda morasse lá. Peguei um novo cartão que me esperava há 10 anos... E já estava munida para sair consumindo desbragadamente.J

Deixamos Bernardo na IBM (P.S.: ele foi para NY para trabalhar) e o dia estava todo ao nosso alcance. Levei Nena para conhecer mais uma vilinha simpática: Mount Kisco -http://www.mountkisco.org/ - , onde aproveitamos promoções na Banana Republic e Victoria’s Secret.

Nunca pensei que compraria cinco calcinhas por 20 dólares por lá. Aliás, nunca havia entrado na loja. Agora me sinto parte do seleto grupo das  Victoria’s angels... Me segura, Gisele!

O bom de fazer compras no subúrbio é que as lojas estão às moscas, exatamente o contrário do comércio de NY, que parece uma colmeia ativa de turistas zumbindo seus cartões de crédito.

Que visual magnético!
Percebi que os EUA encolheram. O país está realmente em recessão. No lugar dos carrões americanos enormes e ostensivos e dos utilitários tão queridos pelos nativos, nas highways agora rodam modelos asiáticos mais econômicos e modestos. Vi até alguns golfs da VW, coisa impensável há dez anos.

Pois então, as lojas dos subúrbios estão vazias, o que mostra que os americanos perderam seu poder de compra de verdade. As opções, na minha época de moradora, na casa dos trilhões, agora estão na casa dos milhões. Ou seja: ao invés de 450 trilhões de tipos de canecas, hoje você fica na dúvida entre milhões de canecas.
Rua da casa de Francis e Brian: era a antiga rota dos Correios NY-Albany
Kathryn se exibe para os convidados
OK, ainda é muito mais sortido do que em qualquer lugar do mundo, mas foi estranho para mim. Eu vivi a América opulenta e agora descobri que até o país mais poderoso do planeta caiu de joelhos. Talvez seja bom para eles aprenderem o que é bom para tosse, concordam? Humildade não faz mal a ninguém.

LEDs nos dedos, diversão garantida!
Almoçamos com as minhas amigas brasileiras Evelyn (casada com o americano Rob) e Cecília - que forma com Celso, o único casal brasileiro da nossa lista - e conheci, enfim, a filhinha mais nova da Eve, a Patrícia. Agora tenho mais duas graciosas noras na mira. Quem sabe? O mundo é pequeno e redondo...
Malhando os braços no caiaque
Depois, saímos, as quatro brasileiras, pelas ruas de White Plains e recordei minhas caminhadas por ali e as aulas na YMCA... Sorvete, bons papos e a Eve nos acompanhou até a Toys”R”Us (www.toysrus.com), uma das maiores lojas de brinquedos dos EUA.

Quando eu morei por lá, os filhos ainda eram um plano distante. Dessa vez, foi difícil resistir. Todos aquelas maravilhas que fariam a alegria eterna dos meus pimpolhos a preço de banana. Caixas enormes da Fisher&Price que aqui é sinônimo de grife e custam como tal, saem por 20, 30 dólares. Queria levar tudo para guardar para os próximos dez aniversários, dias das crianças, Natais... Mas brinquedo pesa e ocupa muito espaço. Tive de me conter um pouco.

Bife de Brontossauro...

Três indiozinhos no pequeno bote...
Todavia, o diferencial do dia seis ficou por conta do convite que recebemos dos amigos Frances e Brian. Ela inglesa, ele americano (parece que em NY as nacionalidades sempre se mesclam fantasticamente – o tal meltingpot).
Francis "frog" e Brian: amigos hospitaleiros
Frances é uma física conceituada e reconhecida – já saiu, inclusive na capa do New York Times!! Representa perfeitamente o estereótipo esquisito nerd e assexuado dos cientistas de ponta. Uma versão feminina do Sheldon.

Hora de conferir os talentos culinários de Brian

Iam navegando rio abaixo...
Os dois compraram uma bela casa perto de Ossining e Brian fez questão de preparar um autêntico T-Bone americano para nós. Brian fica em casa cuidando dos dois filhos, Kathryn e Eric, enquanto a mulher descobre as mais novas proezas da nanotecnologia lá na IBM. Ele é uma figura, literalmente!

Sheldon também pode ser mãe coruja!

Essa rib do papai está muito boa!

Irmãos brancos transparentes se divertem no quintal
Os dois levam uma vida bem bacana, com aviãozinho e barquinho particulares. Curtem a vida fazendo passeios divertidos e, dessa vez, nos levaram para umas remadas de caiaque num riozinho que corre majestoso ao fundo do novo lar da família.
Por um fim de tarde desses ninguém esperava
Impressionante é pensar que Manhattan está ali na esquina, a meia hora de carro. E você remando perdido na selva amazônica ianque. Os americanos entendem tudo de parques nacionais e jardins. Preservam com unhas e dentes suas preciosidades.
Isso sim que é qualidade de vida!

A natureza selvagem de Westchester
Voltamos para casa contentes, extasiados e totalmente entupidos de tanta carne. As jiboias se enroscaram nos cobertores para sonhos de digestão lenta. Bom é ter amigo de todas cores, formas e nações, né não?

Lembre-se: estamos a meia hora de uma das metrópoles mundiais



Comentários

  1. É realmente surreal imaginar que um cenário tão bucólico como esse está do lado de NY! Ê mundão doido e interessante... Bjs, Débora

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