"E o teu futuro espelha essa grandeza..."





Quem me acompanha no Facebook, ficou sabendo que eu iria escrever uma carta para a coordenadora pedagógica do colégio dos meus filhos, questionando a omissão da instituição no tocante ao Dia Sete de Setembro. A seguir, o texto na íntegra:


Brasília, sete de setembro de 2013.


Prezada Kênia, bom-dia!

Sei que vocês não me veem diariamente na escola, pois meu horário de trabalho é incompatível com a entrada e saída dos meninos. Entretanto, acompanho atentamente o trabalho desenvolvido por toda a equipe do Leonardo Vinci e tenho muito apreço pela instituição, que nos parece equilibrar muito bem conteúdo e ações afirmativas em prol de uma educação integral da criança.

Por isso, foi com muito espanto e desapontamento que constatei que uma das escolas mais tradicionais de Brasília "ignorou" a maior data nacional, o Sete de Setembro, entre seus alunos. Esperei que os meus dois filhos trouxessem bandeiras pintadas ou deveres de casa sobre a Independência do Brasil ou, ainda, que contassem ter cantado o Hino Nacional no início da manhã... Mas, nada. 

A escola optou por não fazer absolutamente nada em relação ao Dia da Independência. Nenhuma celebração, nenhuma reflexão. Meus filhos nem sabiam que dia era hoje, sábado. Nem tinham ideia da importância dessa data para que o país seja uma nação. Para que um grupo de pessoas nascidas num mesmo território possa ser chamado de povo. 

Uma escola, que afirma ser comprometida com valores e atitudes positivos e compromissados com a cidadania, perdeu excelente oportunidade de trabalhar a tão decantada multidisciplinaridade em diversas frentes que o Sete de Setembro proporciona: Ética, Civismo, Patriotismo, Participação Popular, União, Solidariedade, Responsabilidade Social, Autonomia, a importância dos Três Poderes, Democracia... 

Num momento em que o brasileiro começa a despertar para a essencial necessidade de ir para as ruas construir um país melhor, fato que não passa despercebido das crianças, a escola se omite e não leva o debate para a sala de aula. Não aproveita o Dia da Independência para refletir: como podemos fazer um Brasil mais justo, mais digno, mais maduro e ético? 

Francamente, não entendo a postura da maior parte das instituições de ensino que simplesmente escolhe não trabalhar o civismo no ambiente escolar. Cantar o Hino Nacional deveria ser atividade semanal ou, pelo menos, mensal.

Cresci na época da ditadura e, claro, éramos obrigados a entoar todos os tipos de hino e honrar a nossa bandeira. O amor ao país nasce desses pequenos gestos. Não que eles justifiquem o fim do estado democrático de direito. Não se trata de nostalgia acerca de um período absurdo da nossa História, mas de separar o joio do trigo. 

Cantar o hino, entender o significado de nossos símbolos não são apenas “coisas ultrapassadas de militares reacionários”. São sentimentos de quem tem orgulho do país em que vive e que vale a pena lutar por. O respeito e a vontade de zelar pelo bem da nossa cidade, do nosso semelhante e de nossa nação também têm suas raízes no entendimento de que somos um só povo, um só coração. 

Sei que a ditadura deixou marcas profundas e nefastas. Mas não podemos, jamais, confundir amor à Pátria com militarismo. O processo democrático é nosso bem mais valioso. E a reflexão sobre que país queremos hoje e no futuro passa, indiscutivelmente, pela escola. 

Vivemos na capital da República, local onde o turismo cívico é nosso carro-chefe. O desfile de Sete de Setembro acontece aqui. Como, então, deliberadamente, abrir mão de levar os debates sobre a data para a sala de aula em forma de Arte, de língua portuguesa, de Literatura, de História e Geografia? 

Gostaria que o Leonardo da Vinci repensasse sua postura em relação ao Civismo, pois ele, sim, é o pilar de toda a sustentabilidade, tema esse no qual a escola dispensou mais de um mês em preparativos para a feira cultural. Entretanto, me pergunto: de que adianta ser sustentável num país que não sabe ser nação? 

Atenciosamente,

Luciana de Assunção, mãe de Tomás (4º ano) e Rômulo (1º ano).



Tema do post:






Comentários

  1. Compartilhei no FB! Muito bom.

    Abraço,

    Ana Cláudia.

    ResponderExcluir
  2. Você tem toda razão!

    Vanessa Fontoura

    ResponderExcluir
  3. Pois é... Como eu disse no FB o Moraes Rêgo também ignorou a data e minha filha também não sabia nem que era feriado, muito menos a razão. Eu não vou mandar cartinha para a escola, porque como você sabe já desisti de lá. Mas não deixe de nos contar se houve uma resposta. Bjs.

    ResponderExcluir
  4. Nossa!!!

    A sua mensagem foi, digamos, no mínimo, forte.

    E a escola? Te respondeu?

    Um beijo,
    Paulo.

    ResponderExcluir
  5. Muito bom Luciana, você esta certíssima.

    Cecília.

    ResponderExcluir
  6. Beijos para você! E viva o amor à pátria! Resposta da coordenadora da escola?

    da

    Carmem Cecília

    ResponderExcluir
  7. Excelente manisfestação de cidadania, civismo, patriotismo, Lu...muito pertinente,mas estamos todos muito curiosos pela resposta, houve?
    bjão...Namastê!
    Cynthia

    ResponderExcluir
  8. Excelente. Na Católica foi falado do sete de setembro, apenas pq a banda marcial composta por alunos iria participar do desfile na esplanada, essa banda fez uma apresentação para a escola e assim, pediram que os alunos prestigiassem os colegas no desfile. No entanto, não vi crianças saindo com bandeiras ou caras-pintadas, como fiz várias vezes na minha época de escola. E o Leonardo da Vinci dignou-se a se justificar?

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Ousadia

Presentim de Natal

Horizonte de Eventos