Da relativa inspiração


Tudo é relativo nessa vida. Menos matar, roubar, puxar o tapete dos outros, estuprar, sequestrar. Perguntem para as vítimas. Renan Calheiros dizendo que a Ética não é fim, mas meio. Que lindo, não? A corrupção de cara lavada sobe à presidência do Senado. O Brasil também é relativo, gente. 

Que nem o meu chefito de 20 e poucos anos afirmando, em reunião, que trabalhar seis horas por dia é muito pouco. Só se for para os meninos sem filhos, sem casamento e que ganham função comissionada. Para mim, seis horas já são mais do que suficiente, cara pálida. Tá vendo? Relativo. 


E os e.mails que eu venho recebendo de uma ex-amiga que não fala comigo nem depois de eu me redimir mil vezes? São mensagens culturais e de curiosidades, nada que suscite uma reaproximação real... Ou sim? Relativo, provavelmente. 

Chega uma determinada época pós-tingimento dos meus cabelos que tudo mundo começa a perguntar: você pintou o cabelo? Esse fenômeno é exclusivo da minha cabeça ou acontece com todas as mulheres com mais de 40? Completamente relativo. 

Clarice Lispector sofria de insônia. Drummond cortava papel e tecido para não sair picotando pessoas. Pessoa acreditava em horóscopo. Relativamente doidos. Literariamente absolutos. 

O meu outro chefe (quem tem dois chefes padece no inferno mesmo) proferiu: “você é muito racional.” Meus ouvidos nunca ouviram nada mais paradoxalmente relativo, ratificando a tese da relatividade quase totalitária de todas as coisas e seres deste mundo (e do outro também, pois ninguém pode provar o contrário). 

Ter família grande é mais divertido do que ter família pequena? Depende do comportamento relativo ao patrimônio. 

Quem nasceu primeiro, o tédio ou o serviço público? Diariamente relativo. 

Como é angustiantemente relativo não ter nada para escrever e ainda sim querer escrever algo relativamente interessante. 

Por último, mas não menos palpitante: quem tem fé pública necessariamente tem fé íntima? Misteriosamente relativo. E a relatividade de Einstein é integral ou hamiltoniana? Sei lá, deve ser quanticamente relativa. Todavia, não dava para perder o mote, né? 

Um fimde absolutamente glorioso para todos! 



Comentários

  1. Adorei o texto sobre relatividade...pra mim tudo nesta vida mundana,onde a lei é a realidade, um mundo de ilusão e regido por crenças, dogmas humanamentes criados...é relativo.Quando despertamos para "a realidade é a lei", entramos em um outro nível de vivência,consciência, pois acessamos o Dharma,"Aquilo que é",absolutamente é.
    bj.Namastê!
    Cynthia

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  2. Oi, prima!

    Fiquei com uma dúvida: O AMOR é relativo ou absoluto/incondicional? Prefiro a segunda opção.Rs.

    Uma ótima semana pra ti!

    Bjoooooooooo,

    Jôsy.

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    Respostas
    1. Prima amada,

      o amor é sempre ABSOLUTO!!

      Beijocas,

      Lulupisces.

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  3. Delícia de texto! Beijos! Débora

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