Similitudes





Na minha ignorância histórica, nunca havia entendido a relação de amor-ódio entre Cuba e os Estados Unidos. Na verdade, nunca me aprofundei na questão pois, ao contrário de boa parte dos brasileiros oriundos de universidade pública (e de um curso de Humanas), nunca fui apaixonada pela ilha de Fidel. Não tenho nenhum fascínio específico por Havana, como também não nutro especial apreço pela terra do Tio Sam (ao contrário da maioria dos brasileiros, tão magnetizados pelo eldorado consumista norte-americano).

Mas calhou de Mrs. Molly, minha eterna mestra de English, minha "mentora", como ela se autodenominou em relação a mim (e eu concordo), fez questão de levar minha irmã e eu para ver a exposição sobre Cuba no Museu de História Natural de Nova Iorque. De outro modo, não ira mesmo pagar dólares extras para conferi-la. E claro, valeu muito a pena.

Primeiro, para constatar o quanto Cuba e Brasil são similares em seus passados escravagistas brutais; dos latifúndios de cana-de-açúcar. Nesse ponto, fui eu quem iluminei a teacher apontando a questão. Também compartilhamos com os cubanos a ligação com os orixás e o arroz-com-feijão-preto... Quem dera dividíssimos os 99% da população alfabetizada e a saúde pública de qualidade para todos, hein? Mas também temos jacarés e regiões alagadas em comum, além de periquitos, boa música e gente festeira.

Voltando ao início dessa reflexão, somente ontem eu entendi o relacionamento conturbado entre Estados Unidos e Cuba. Os americanos se aliaram aos cubanos para livrá-los do jugo espanhol. Porém, como não existe almoço grátis (só na casa da mamãe), os EUA transformaram Cuba no seu parque de diversões: iam para ilha para fazer tudo o que lhes eram proibido de cometer na América puritana e patrulheira. Sem contar que ainda continuavam a manter os latifúndios e as desigualdades sociais tremendas da época pré-pós Fulgencio Batista (levado ao poder máximo na ilha com o apoio dos norte-americanos, detalhe histórico que, apesar da minha estupidez sobre o assunto, guardava conhecimento).

Agora eu saquei porque os cubanos adoram beisebol e basquete, além de batizar os filhos com nomes horripilantes cheios de Y!!! KKK! Como todo país colonizado (e Cuba foi por duas culturas bem distintas), a população repele e atrae o opressor. Reverencia e repudia quem lhe deu prazer e dor. O eterno jogo da serpente com a presa. Tal e qual nós com Portugal: culpando e cultuando nossas raízes e nossas heranças. 

Resumindo: cinquenta tons de cinza explicam!



Comentários

  1. Lu não sabia da preferencia deles por arroz e feijão. Os americanos tbm tiveram esse lado negro da historia da escravidão. adorei a aula.

    Renata Assumpção

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  2. Eu tb adorei a aula!

    Maria Heloisa

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  3. Aula mesmo. Sua teacher é tão modesta e generosa quanto vc nas lições?

    Rodrigo Chaves

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