Indivisível






Semana que findou tive duas experiências espirituais distintas, mas ambas de grande delicadeza e aprendizado. Na missa de Sétimo Dia da morte do meu cunhado Jairo, fui surpreendida pela homilia de ninguém menos do que Dom Terra. Já havia ouvido falar muito dele, principalmente depois que conheci a amiga Carmem Cecília.

Não o reconheci, mas comentei ao pé do ouvido com o marido enquanto aquele ancião falava coisas sábias ali na frente: “fazia tempo que não participava de sermão tão interessante e culto”. Depois vim a saber que se tratava de Dom Terra, um homem que tem o tamanho de seu sobrenome, tendo vivido no oriente e de lá trazido uma espiritualidade mais global, que difere muito das apresentadas pelos padres tradicionais.

E ontem, domingo, estava dentro de uma igreja evangélica, a convite de outra amiga, Juliana Tavares, que junto com uma orquestra, louvou ao Senhor aos acordes de violinos, fagote e violoncelos. Arranjos suaves e bem executados a glorificar uma linda manhã de sol ameno...

Alguns pastores tomaram o púlpito, mas o que realmente me trouxe luz foi o instigante Tito, pastor convidado de São Paulo que, aos 81 anos – porém aparentando uns 60 - desfiou sabedoria e serenidade de grande quilate. Espirituoso e mente aberta, disse que gosta de pregar umas “heresiazinhas”. Refletiu sobre tempo, de como não ser derrotado por ele. “Afinal, um minuto é um milagre que não se repete”!

Duas realidades tão diferentes, dois públicos completamente díspares, mas uma possibilidade em comum: viver a espiritualidade de forma respeitosa e abrangente. Será que não é isso que a fé quer da gente? Deus é ecumênico e indivisível. Os homens é que tratam de fragmentá-lo conforme lhes convém.


Comentários

  1. E a propósito, não sou religiosa, sou ateia, mas o relato de suas experiências me fez pensar em muita coisa.

    Ângela

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  2. Que alegria, Lu! Eu acho que muita coisa se relaciona sim com o respeito e com considerar o outro como ele é.

    Bjs,

    Carmem Cecília

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  3. Suas 2 últimas frases foram perfeitas, penso assim tbm.

    Marina Caldana

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  4. Respeito é tudo. Texto pedagógico!

    Ana Cristina

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  5. Lu, que sensibilidade a sua! Casa bem com a luz que ontem surgiu naquele lugar e que invadiu minha alma, num resgate de sonhos e ideais.
    Obrigada um milhão de vezes por escrever!
    Continue a nadar...

    Juliana Tavares

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  6. Sábias palavras!!!

    Suziane

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  7. É isso mesmo! Deus é esta LUZ e AMOR!! Quando visitei a Igreja da Juliana Tavares senti o mesmo! É um lugar maravilhoso!!! Bjos as duas!

    Gabriella Santana

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  8. Lindo ver seu dom da escrita clara e reflexiva ! Me orgulho muito ser seu amigo quase irmão e poder apreciar o dom do discernimento que possui !
    Amo vc ��

    Mateus Celano

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  9. Deus é isso: amor ao outro, respeito, serenidade... tem gente nova que tem a capacidade de transmitir que os sábios do seu texto disseram, mas arrisco dizer que a experiência deles trouxe bastante da serenidade e da sabedoria. Adorei o relato. Também sou dessas que abre espaço para o amor independente de religião. Não em busca de algo pra seguir, mas de sabedoria e paz. Sou adepta do Deus do amor. Namastê.

    Juliana Sales

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  10. É bem assim mesmo. Simples.

    Socorro

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  11. Luciana,
    a sua experiência, diz tudo!!

    A "religiosidade" é do espírito humano. Toca as sua emoções, e busca um sentido pra vida.
    Mas, as "religiões", são, pra mim, criações da mente, e dos desejos humanos.
    E são, em geral, repletas de códigos e rituais.

    Em mim, hoje, só resta algo que se assemelha à religiosidade.

    O que me assombra, não são os espíritos, o céu ou o inferno.
    Mas, a própria EXISTÊNCIA!!
    Não, em particular, a dos seres humanos. Mas a existência do próprio UNIVERSO!!
    Esse, é o grande mistério.
    A nossa existência, a meu ver, é apenas uma consequência daquela "existência-primeira".

    É isso, minha amiga, esse papo é daqueles pra se desenvolver por muito tempo....

    Um beijo,

    Paulo Magno

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  12. "viver a espiritualidade de forma respeitosa e abrangente. Será que não é isso que a fé quer da gente? Deus é ecumênico e indivisível. Os homens é que tratam de fragmentá-lo conforme lhes convém."... Muito lindo!!! Bjs

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