Em terra de cego...




Sou igual ao Caetano Veloso: amo nomes. Quem lê minhas tolices já sabe disso, mas se você tá chegando por aqui hoje, fica dado o recado. “Adoro nomes, Nomes em ã/De coisas como rã e ímã,Ímã ímã ímã ímã ímã ímã ímã ímã/ Nomes de nomes/Como Scarlet Moon de Chevalier, Glauco Mattoso e Arrigo Barnabé e Maria da Fé”... 

Gosto dos nomes bonitos e dos nomes feios. Meter o pau em nomes horrorosos é uma diversão. Sem remorso. Aqui no tribunal já me deparei com milhares de alcunhas absurdas disputando os mais diversos perrengues legais. Um dia, um casal entrou na Justiça contra não sei mais o quê. Entretanto, seus nomes eu não esqueço jamais: Aldegundes e Marigrácia. 

Verdade, meus caros. Pensem na piada pronta. Melhor: pensem num mix de possibilidades para os filhos dessa dupla impagável, se ela tiver tido a elegante ideia de perpetuar o mau gosto: Marigundes, Aldegrácia... Não, voltemos mais ainda no tempo e imaginemos o convite de casamento deles: “Os pais X e Y orgulhosamente convidam vossa senhoria para o enlace matrimonial de seus filhos Aldegundes e Marigrácia, com aquela letra rebuscadinha e cursiva... HAHAHAHA!! 

Faz uns meses, preenchia uma ficha do Rômulo em algum lugar e a recepcionista ousou perguntar: “É Rômulo normal?” Como assim, meu Deus????? Como se Rômulo já não fosse esquisito e forte o bastante. Quase respondo: “Não, é RRômulo com dois erres”. KKK!!!! Sem contar que o meu Tomás nunca é Tomás, mas Thomas ou Thomaz. Por que é tão fácil para o brasileiro embregar, embagulhar e estragar as grafias simples, limpas e leves? 

Aceitar em definitivo o K, o W e o Y no alfabeto da língua portuguesa foi o nosso fim. Chancelou milhares de alcunhas inacreditáveis. Agora, nada mais freia a sanha de pais que insistem em inventar as variantes mais abjetas de batismos para seus pobres filhos. De geração em geração, a breguice faz mais e mais vítimas: Wendels, Anahy, Valtercyn, Kharollen Rayane... 

Mas vamos ser francos: não só de nomes impronunciáveis vive a nossa sociedade mal letrada. Existem aqueles pais tradicionalistas que perpetuam “nomes de família” que já eram inaceitáveis em 1900. O marido de uma prima do meu marido se chama Astrogildo filho ou neto. Que raio de homenagem é essa?

E uma das minhas tias se chama Ambrosina porque a avó dela, ou seja, minha bisavó materna era Ambrosina. Dio Mio! Ainda bem que o apelido que pegou nessa querida tia é Book, pois ela gostava muito de ler na juventude. 

Sábado passado, estava na fila do caixa de um atacadão no setor Campinas, em Goiânia. Uma das vendedoras vem lá de trás gritando: 

- O Rediclei taí? 

- Não, só a Virgiliane...  (Presumindo-se que esteja grafando "corretamente" tamanhas pérolas).

Piada pronta dois. Discretamente, comecei a rir. Afinal, não estava a fim de ser linchada. Vá entender o quanto esses goianos são “criativos”. 

Por isso, só tenho a agradecer ao mínimo padrão de qualidade adotado por meus pais. Porque em terra de Euyales, Neuzenirs, Gisélias, Kédymas, Laides, Edemars, Audies, Rosivânias, Walneys, Onélios, Madsons, Josieles, Cleibsons, Wellersons, Aryldos, Auristellas, Johanattans... Quem se chama Luciana é rainha! ;) 


Tema do post:



Comentários

  1. Aqui vale a orientação desse noviço estudante de Direito. No caso da pessoa provar em juízo o constrangimento que seu nome lhe causa, pode requerer mudança em juízo. Fica a dica para aqueles que desejam mudar aquele nome que jamais desejou ter.

    Davi Doss.

    ResponderExcluir
  2. Vc brincou com o nome Rômulo com dois RR? Acredite, eu como professora e minhas listas de chamadas... deveria ter anotado os nomes esdrúxulos e estapafúrdios que já passaram por mim... bom, justamente o último desse tipo tem a ver com a grafia. Perguntei a novata, que não tinha o nome na chamada ainda, a sua alcunha, pro meu desespero. Sim porque além de tudo eles não abrem a boca direito prá falar seus nomes (deve ser vergonha, bom senso), fora quando não tem língua presa, problemas vários de dicção, essas coisas. Pois bem, a menina falou algo parecido com (não é isso, mas foneticamente é igual)"Franciele", mas com dois LL e dois YY. Ai meu deus, pois bem, grafei-o com a lógica mais próxima possível: Francyelly. Fui ver depois na chamada, grafei errado: Era FRANCIELLYY!!! Inacreditável, né?

    ResponderExcluir
  3. Essa semana falava sobre isso em casa, tenho uma parente distante que colocou o nome do filho de Carol Voitila, para homenagear o papa João Paulo II. Bom, Carol é um nome feminino e pra completar eles moram no Ceará, nordestino machista como é, vc imagina os constrangimentos e a gozação que esse pobre passou.
    Pelo que sei hoje os cartórios podem negar registros com nomes exdrúxulos.

    Anna Luiza, com 2 enes, viu? Essa é minha vida.

    ResponderExcluir
  4. Valha-me Deus, Kharollen Rayane? hahahaha, tá se divertindo na nova lotação, né Luzinha? :)
    bjitos
    Isa

    ResponderExcluir
  5. Ótimo! Ri demais...

    No Paranoá tb se vêem as mais diversas ideias para nomes: John Lennon, Marisvaldo e por aí vai... O pior de todos foi um tal de Dione Kenny (de cara imaginei quem seria o homenageado - John Kennedy...) kkkk!!!

    Ana Cláudia.

    ResponderExcluir
  6. Ri muito também Lu...saca só o nome do filho da senhora que trabalhou comigo que se chama Cristina, mas tem o apelido de Cândida, da pra entender?O filho é Deivi Deni, ela trabalhou comigo 18 anos e eu nunca entendia quando ela pronunciava o seu nome, até que um dia pedi para ela me mostrar como se escrevia, o resultado foi essa barbaridade!!!
    bj.Namastê!
    Cynthia

    ResponderExcluir
  7. Mãe do Calvin e do Haroldo

    Kharollen Rayane

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Ousadia

Presentim de Natal

Horizonte de Eventos