Total eclipse of the heart


O que não podemos deixar é que o mundo desapareça e que, em seu lugar, reste apenas uma narrativa de ódio e de segregação.”

(Guilherme Ghisoni)


Apenas acho que sem Estado Palestino, a carnificina só vai piorar. Não que o Estado Palestino seja garantia de paz duradoura. Mas sem ele, fica difícil competir em pé de igualdade. A Faixa de Gaza e outros lugares onde os palestinos são amontoados me parecem bastante com um campo de concentração nos quais são os israelenses quem decide os que entram ou os que saem... Há muita miséria ao redor e muita riqueza no enclave chamado Israel. Então tudo isso causa revolta das grandes. 

Israel é o pequeno Davi que conta com um gigante Golias EUA para lhe proteger desde o princípio. Você viu Golda? Parece tanto com o que ocorre agora. Tudo se repete de forma cada vez mais sangrentamente bem sucedida. Hamas, Hezbollah, Al Qaeda… Versões truculentas de animais selvagens, mas Israel e seu aliado americano de todas as horas, ao modo deles, também são. Ambos os países nunca deixaram de matar civis inofensivos. Claro que não posso aplaudir uma merda dessas, de nenhum dos lados.

Como resumiu um bom amigo, “nessa história não há mocinhos e bandidos. Todos os grandes interessados se movem por dinheiro. E o povo que se lasque e morra.”

Isso mesmo. Money rules the world. E as pessoas brancas e bonitas também. A comoção está gigantesca porque israelenses/estrangeiros bem nutridos foram assassinados. Quantos africanos, armênios, palestinos, aborígenes, indígenas são dizimados como moscas todos os dias nessas guerrilhas e guerras sem fim que aquecem - literalmente e ainda mais - a temperatura da Terra? O mundo é perverso pacas.

Vamos todos morrer cozidos nesse caldeirão. Talvez não hoje, não amanhã. Nossa descendência global terá a sorte de reconhecer um planeta azul na vida adulta/maturidade?

Estou pessimista.




Eclíptica


A vida é inexplicável com suas decisões abruptas e tristes.

Solidão é uma característica de Brasília e também minha, candanga típica.

Vejo as folhas encardidas deitadas sobre a relva já verde.

Aliás, não houve 120 dias de seca na cidade neste ano.

No lugar, “ o calor vem desumano”.

Um estranhamento do corpo suado,

de quartos que não se refrescam à noite.

A cabeça, dizem, pesa cinco quilos. A alma, 21 gramas.

Sinto o contrário: dispersa, porém, enlutada. 

Onde a minha terra? Onde o meu cais?

“A mente quer ser, mas querendo erra, pois só sem desejos, é que se vive o agora”...

Ouço uma canção de tempos idos atrás da outra.

Reparo nas letras, poemas empoeirados.

Quero escrever nada mais não. 

Drummond me repreende:

“Escreve romances, relatórios, cartas de suicídio, exposição de motivos, mas escreve,

Não te rendas ao inimigo. Escreve memórias”.

Acho que perdi uma amizade na semana que passou.

A colega, o namorado.

“Nesse breu, vou sem rumo”.

Estática, permaneço à espera da alentadora brisa leste-oeste.

Aluada, pensamentos vazios…

O espírito denso, todavia, engorda o corpo. 

Preciso de um detox,

ascender. 

“Quando sinto no pescoço um nó, vem um vento e me sopra, eu sou pó.”


*Versos na ordem de aparição:

Djavan

Drummond

Belchior

Vanessa da Mata

Oswaldo Montenegro




Comentários

  1. Por isso me poupo ao máximo do noticiário...

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  2. Faço minhas as palavras do Arnaldo Antunes “nenhum motivo explica a guerra”…e Lu por favor , siga os conselhos do nosso grande Drumond :”não pare de escrever” nunnncaaa🙏🥰
    Cynthia

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  3. Respostas
    1. escreve....sempre. Sobretudo porque escrever desafoga a alma. Além de vc favorecer os amigos com seus textos.

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  4. 😥 comovente. Tão preciso o da guerra... Eu não sei se haverá descendência neste caldeirão.

    Bianca Duqueviz

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  5. Saudade das suas andanças pelo mundo 🙂🙂🙂
    Tenho evitado noticiários para poupar minha saúde mental 🥰🥰🥰
    Se tivermos pouco tempo de vida , quero aproveitar 🥳🥳🥳

    Karla Liparizzi

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  6. Bom dia, prima querida! Você é maravilhosa e excelente no que faz. Obrigada. Grande abraço. Deus te abençoe e proteja sempre.😘😘😘

    Vamilda Marques

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  7. Muito bom Lú, embora não tenha como não acompanhar essa guerra insana, com essa cobertura massiva da TV, não me liguei, acho que isso não acabará bem. Deus nos proteja.

    Renata Assumpção

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  8. Texto e foto muito bonitos!!! Gostei do ritmo "aluado"!

    Ana Cristina de Aguiar

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  9. Infelizmente vivemos tempos muito estranhos.

    Adriano Schulc

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  10. Estou tão pessimista também...mundo cruel, vil, triste, sangrento e quente, muito quente. E ainda não percebemos que nunca seremos plenos enquanto houver alguém ainda passando necessidade...irmandade...é, ainda falta muito para o céu

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  11. Siga os conselhos do Drumond com D de DEUS!

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