Jung explica



“Mas como posso conseguir o saber do coração? Só poderás conseguir este saber vivendo plenamente tua vida. Tu vives tua vida plenamente quando vives também aquilo que nunca viveste". 
(Carl Gustav Jung em O Livro Vermelho)


Zeus não dá asa à Medusa. Se ela fosse boa de cama, estas que dormem com uma pedra, o repouso profundo de savasana, despertaria renascida em outra alma e dominaria o mundo. Que o corpo até que dá conta, mas o espírito quebranta.

Enfada-se da rotina noturna truncada, dia após dia, ano após ano.

Encuca porque luta e não encontra o fio de Ariadne, a raiz do problema, o cerne da questão.

Nas madrugadas abruptas, não sonha. Coito interrompido. Morfeu broxa.

Mas há descanso, quando Pasífae, deusa da lua cheia, lhe envia palavras psicografadas.

O gozo do sonho, o sono dos justos nos braços de Hipnos ocorre vez ou outra, num ménage onírico-amoroso. É quando as noites fragmentadas se metamorfoseiam em Nix estrelada e densa.

Então ela remoça, tece poemas e ludibria Cronos, voraz compositor de novas linhas de expressão na sinfonia da maturidade.


As palavras entoadas pelo oráculo:

lúgubre
lânguida
lâmina
lambda
lambida
lasciva
tácita
lassa
lassi
de manga
gole
gula
gana
do gomo
tropical
oriental
protuberante
ardente
itinerário
Grécia-Índia

Comentários

  1. Adorei o ménage onírico amoroso. KKK! Massa o texto! Com chá de cogumelo ficaria melhor ainda. Hehehehe

    Rodrigo Holanda

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  2. Amei, Lu!
    Me deu vontade de ter seu talento pra escrita para usar nos momentos de tagarelice mental. Hehehe

    Clarice Veras

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  3. Amei, se tomasse um chá de cogumelo atingiria o Nirvana de outra forma. Você não precisa disso, o texto já é um Nirvana.

    Renata Assumpção

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  4. Gostei do texto.
    Tenho certeza que com chá de cogumelos iria ficar ligada a 220v o dia inteiro!

    Leila Cruz

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  5. Que texto perfeito! E mesmo Zeus não dando asas à temível Medusa, de olhos petrificadores e cabelos de serpentes, de certo modo, ela prossegue, pois, grávida de Poseidon, de sua cabeça espatifada nasceu Pégasus. E, assim como no livre gozo do sonho, a potência ctônica persiste, nem que seja no leito de Hypnos, ou em nossos processos de autoenfrentamento, cujas faces espelhadas no escudo de Perseu teimamos nos esquivar.

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  6. Kkkk, vc nao precisa de chá de cogumelo, por favor! Os clássicos da mitologia grega caíram muito bem. Lu, vc arrasa sempre����

    Déia Santos

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  7. Incrivelmente louco, realmente. Com um chá de cogumelo, entāo, surtava total... KKKK!

    Cynthia Chayb

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  8. Bom demais!
    Você cada vez melhor, irmã.
    Textos sempre de leitura fluida, gostosíssima...
    Essa "viagem" foi das boas! kkk

    Marilena Holanda

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