Pesar






Minha seção eleitoral é a mesma desde a primeira vez em que votei, aos 18 anos: Escola Classe da 316 Sul. Geralmente vou de bike, mas devido à cirurgia, resolvi ir a pé. Tomás me fez companhia pelas 13 quadras. E que bom estar com ele, tão sereno, atento, ouvido aberto a encurtar distâncias.

Apreciávamos as paisagens que a caminhada nos oferecia... Debatemos séries, filmes, democracia. Mostrei minha colinha para ele. 

- A gente consegue perceber que o país está virando uma ditadura pra sair daqui?

- Acho que sim, filho, mas vamos torcer para que não retrocedamos a esse ponto.
 
Entrei na fila da seção 147, sempre demorada, cheia de velhinhos passando à minha frente. Ao redor, fascistas disfarçados de patriotas com camisetas no tom amarelo ou da seleção brasileira. 

Foi me dando uma angústia danada. Um desprazer. E desesperança acima de tudo. A elite econômica e cultural do país apostando numa besta quadrada. Já tivemos pretensões mais idealistas e alegres. 

Voltei pra casa de metrô (Tomás seguiu com o pai e o irmão para um passeio de barco). Aquele túnel negro e sem fim era a própria metáfora do meu coração.



Comentários

  1. É só estudar história, Tomás... É só estudar...

    Rodrigo Chaves

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  2. Nada melhor do que está na companhia de um filho lindo e doce.

    Leila Brandão

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  3. Aqui as filas estavam enormes. Não se via nome de candidato, nem de cores. Apesar de que muitas mulheres de branco.

    Ângela Sollberger

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