Power and Flower





“Eu vou torcer pela paz, pelo amor, pela alegria
Eu vou torcer pelo sorriso, pela dignidade
Pela amizade, pelo céu azul
Eu vou torcer pela tolerância, pela natureza
Pelos meninos, pelas meninas
Pelas diferenças, pela compreensão
Eu vou torcer pela pista cheia!”
(Fernanda Abreu)



Quem me dera ver o Eduardo Jorge no segundo turno debatendo ideias, valores de paz e bem com aquele jeitão pós-hippie. A vida parecendo um campo florido de girassóis, não, de flores silvestres. Marina e sua voz de taboquinha rachada peitando o adversário ogro com dignidade estridente: “devo lembrar que isso é antidemocrático. Eu vou governar para todos, o diálogo é a arma dos que buscam a evolução”. 

Toda sociedade estaria mais vegana do que carnívora. Aquela aura zen que até dá nos nervos da gente, meio pálida, doentinha, mas que produz menos bílis, temos de admitir. 

Os eleitores reprimiriam seus instintos básicos primitivos como sempre se esforçaram para fazer apesar dos pesares. A galera iria começar a abraçar mais árvores do que quebrar placas de homenagem e a maioria, encantada pelo mantra da serenidade, faria gestos V de vitória e de amor fraternal com as mãos, ao invés das horrendas pistolas semiautomáticas. 

Ah, quem me dera ver um médico e uma historiadora defendendo projetos socioeducativos de credibilidade internacional no lugar das frases de efeito de um ex-capitão (ex é um prefixo negativo que lhe cai muito bem, inclusive) cuja postura assombra o mundo, como se precisássemos de mais um otário na presidência de outro país das Américas. 

Quem nos dera ter tomado atitudes baseadas na coragem, não no medo, pois temor cega. Obscurece a alma com pensamentos daninhos de autopreservação. Os hormônios liberados pelo instinto de sobrevivência endurecem a carne e o coração de todos, resultando numa histeria coletiva onde “o inferno são os outros”. 

Dividir para conquistar, estratégia que faz de várias nações do planeta um eterno barril de pólvora. O Brasil, tão grande e paquidérmico, nunca se identificou com esses dilemas ideológicos. Todavia, a cizânia rompeu o dique. Resta saber se vamos restaurá-lo para voltar a conter as águas da discórdia (ainda que o candidato extremo vença) ou se vamos deixar a lama fétida alagar nossas pretensões idílicas tropicais. 

Espero que não. Tentemos apaziguar nossa mente angustiada pelo inevitável. É o movimento nazi global da atualidade. Darth Vader sobrepujando Yoda nações afora. Entretanto, é preciso dar à “direitadura” um jeitinho brasileiro: tipo flex, álcool e gasolina em convivência. Ambos explosivos sem dúvida, porém imprescindíveis para manter as rotações do motor. 

Não temos mais tempo a perder mesmo, gente! Não se trata de frase batida, slogan de camisa. Ou vai ou racha. Então precisamos ir, galera! E se a vibe é retrô, pegada militarista, nós caminhamos cantando e seguindo a canção, sempre lembrando que somos todos iguais, braços dados ou não.


Comentários

  1. É Lu quem me dera...🤔mas enfim, meu espírito é acolhedor,acredito que exista uma Ordem Cósmica (Dharma) que guia, claro com a ressonância das vibrações do coletivo, mas visando sempre o despertar de uma consciência que seja bela,justa e nobre para todos, nem que nesse agora nai seja exatamente do jeito que alguns de nós gostaria que fosse...façamos a nossa parte e entreguemos ao Universo o juízo final...como sempre admiradora desse seu talento na escrita...bjusssssss
    Namastê 🙏🌷😘

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  2. Pois é, Lu. Quem nos dera... Lembrei de duas coisas lendo seu texto. Uma mais antiga, pedaço da fala de Amber Ruffin, comediante americana negra, por ocasião da eleição de Trump (que tenho anotado nos meus guardados):
    "...Podem gastar tempo tentando aprovar leis que lhe tirem direitos e silenciem sua voz, mas tudo o que você precisa fazer é viver sua vida na cara deles, provando simplesmente que não irão nos parar."
    E a outra mais recente, fala de uma instrutora de meditação: "Se a lógica da nossa sociedade fosse regida pela lei do Tao, ao invés de estar procurando alguém para culpar/condenar, estaríamos reunidos nos perguntando o que fizemos para deixar que isso tudo acontecesse..."
    De novo, obrigada pelo texto e pela prosa boa!
    Bj.
    Francis

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  3. Adorei o texto, prima!

    Sei que o medo atrapalha e prejudica as pessoas

    Mas é o q eu consigo sentir hoje...

    Roberta

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  4. Texto excelente, Lu. Já vou compartilhar com meus contatos.

    Onívia

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  5. Bolsonazistão não é aqui!

    Anna

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  6. Custei a ler "peace": faz sentido. quero entrar nessa vibe. Ainda estou tensa.

    Re Osório

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  7. Luciana, você escreve MESMO! Mas vamos ter esperança! Estão previstas para o terceiro milênio muitas mudanças que farão evoluir nosso pensar! E existe uma camada jovem, na qual eu acredito, que já pensa a Terra como uma grande comunidade. onde a "galera embalada por mantras da fraternidade (...) fará gestos de amor....(linda sua frase)!

    Socorro Melo

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  8. Torço pela pista cheia também, Lulu! Obrigada pela mensagem. (e lindos brincos kkkkkk)

    Débora

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  9. Que texto intenso, escolha lexical precisa! E os adereços de sublime beleza. O Brasil é um paradoxo, uma esfinge... Que será de nós, não sabemos... O fato é que sempre seguimos em frente. Eita povo sui generis e forte! Eita povo forte e sui generis!

    Ana Cristina

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  10. Uma reflexão belíssima, me passou um filme, mas não consigo nem um nem outro. De um lado um ser que representa tudo que abomino tenho urticária ao falar dele, mal consigo pronunciar seu nome. Do outro um partido sujo, nefasto. Juro que tento mas não consigo. Do primeiro tenho a certeza de que nunca irei do segundo o conflito entre o homem e o partido que ele representa. Acho que vou pirar até dia 28.

    Renata Assumpção

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  11. Amei seu texto, posso compartilhar prima? Você é magnífica pra escrever!

    Mônica Martins

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  12. Como sempre MARAVILHOSA!!! texto excelente...

    Ambrosina

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  13. Texto 10
    Análise Filosófica
    Viber milico em tempos retrô

    Davi

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