Ópios

Mais um Copa se inicia apesar dos protestos, das injúrias e das difamações. Afirmo difamações porque coitado do futebol, sempre culpado por “alienar as massas”. Pão e circo, dizem os ditos politizados; os que pairam acima do bem e do mal com seus jargões politicamente corretos de quem frequentou mestrado e doutorado e se acha mais ciente das coisas do mundo.

Ópio do povo sempre vai existir, e de vez em quando é bom ficar doidão de alegria, pegar leve, se divertir. O problema dessa geração engajada de hoje é essa chatice de debater tudo seriamente até os ossos. E é fácil utilizar o futebol como alvo perfeito para levar flechada, como se as mazelas do Brasil se perpetuassem por causa dele.

Os EUA são o que são e a população é viciada em basquete. O Japão é o que é a população reverencia o Sumô. A Alemanha é o que é e investiu com garra nas categorias de base para ter jogadores de futebol do nível que tem. O Canadá é o que é e o hóquei no gelo arrasta multidões (para os padrões canadenses) aos jogos. Espanha, Portugal, França, Inglaterra (onde o esporte inventado por eles é sacralizado) são o que são e as nações seguem evoluindo bem, obrigado.

Então, seria legal parar de falácia e atacar os reais dilemas de frente. A questão não é o ópio, porém a falta do contraponto fundamental: a lucidez.

Outubro tá chegando, galera! Não vai dar para fazer muita coisa diante dos candidatos que nos restam. Mas tentemos ser lúcidos. E viva a Copa! Dá-lhe, Brasil!