Gun situation







Os americanos vivem em perene luto pelos recorrentes massacres causados por armas de fogo. Talvez por serem tão frequentes, a sociedade americana não consiga sair do primeiro estágio do pesar, que, segundo a Psicologia, é o da negação. 

Eles se recusam a enxergar a relação direta entre os assassinatos em massa e a premissa constitucional que dá direito ao cidadão de portar armas. 

A afirmação do presidente dos EUA sobre o ataque de ontem, de que não se trata de uma "gun situation", reflete o pensamento de boa parte da população. Provavelmente, a maioria dos mortos e feridos na igreja da pequena cidade do Texas também compartilhava da mesma forma de pensar: portar armas é um direito individual inviolável! Trump não foi eleito à toa, certo?

Me parece óbvio que alguém que comete assassinatos em massa sofre de algum tipo de distúrbio mental ou é um sociopata. Todavia, se esse indivíduo não tivesse acesso quase ilimitado à compra de armas, o estrago social que provocaria estaria restrito ao círculo familiar dele, no máximo.

Enquanto a sociedade americana não ultrapassar o primeiro estágio do luto, ou seja, parar de mentir para si mesma, não alcançará a última fase do luto, que é a da aceitação. Compreender que modificar a constituição - responsável pela cultura de velho oeste tão arraigada no país - é preciso.

Mas, sinceramente, acho pouco provável que essa gestalt seja fechada em médio prazo. Para o horror do mundo, ainda testemunharemos muitos massacres "sem conexão" com "gun situations".



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