Aguardo a sessão de terapia no segundo andar de um prédio com funcionalidades mistas, ou seja, pessoas vivem e trabalham por aqui ou exercem ambos os cotidianos no mesmo lugar. As portas estão fechadas. O corredor não é grande, quase familiar. Os únicos objetos a quebrar a monotonia do espaço são os capachos. Cada apartamento, cada sala tem a sua cara: a face estampada no tapetinho ao pé da entrada. Um convite, uma recusa? Pelo capacho é possível intuir a personalidade de quem habita ali detrás? O que os objetos que escolhemos falam de e por nós? lar doce lar um lar, um porto seguro, abrigo onde se reenergiza com cores quentes e alegres. É jovial, otimista. Nao abre mão de ficar em casa, arrodeado por memórias e por quinquilharias. Aldeia global Inquieto, vive no entre, between. Almeja chegar apenas para poder partir. Na verdade, parte ao entrar pela porta, aporta ao viajar. “Seu lar é onde estão seus sapatos.” Mas fique pouco tempo Polido, discreto, convencion...
Os livros têm uma história além da história que contém. Objetos detentores de sua própria narrativa. Personagens que descrevem caminhos percorridos alhures, de mãos em mãos (afetuosas?); de olhar em olhar. Trajetos que às vezes perdem o registro do princípio. Qual primeiro contato terão estabelecido? De que cidade empreenderam suas jornadas pelo mundo? Por que partiram? Como chegaram até aqui? As folhas amareladas se desprendem. Lombadas carcomidas pelo cansaço dos anos, pelo esforço de abrirem-se ao escrutínio alheio, pedem gentileza. Já passaram da casa dos 50 e a existência deixou marcas indeléveis do percurso. Certamente não foi suave. Os livros podem sofrer de maus-tratos, de indiferença, de solidão. Buscam uma estante segura para manter a dignidade e a memória imortalizadas. Eles não diferem de nós. Baça, a lua me saúda enfadada da obsessão humana por sua figura. A aparição se deu na noite do meu aniversário. Sedento e faminto, um tanto esquálido, um fantasma com chiado dramáti...
Ao viajar de avião à noite constelações d e ponta à cabeça, no breu da planície terrestre. Ao amanhecer, a viagem retoma o seu prumo perfura o edredom das nuvens plana-se dentro do sonho. A claridade é uma estrada infinda, sem sarjetas ou sinalização. Sou a única orientação. Sampa sempre intensa sabores, tribos, desejos lampejos de belezas e de feiu ras. Rococó Art déco paúra. Hinos e bandeiras hordas, fileiras marginais, quintais. Verde, cinza, arco-íris vão livres, cubículos mendigos líricos. Meca, Big Apple Tropicália-sertão tupi-guarani Cariri-Japão. Deus e o diabo na terra dos Andrade liberdade. O filho dela está ali, mas já é outro. E então ela sentiu saudade daquele que o filho já foi. A cratera se abriu entre eles e ela sente saudade do que ele é naquele momento, pois sabe que amanhã ele já não será aquele momento. Amanhã o garoto já não dará o beijo forçado pela mãe na frente dos amigos. Ele ...
De uma beleza incrível!
ResponderExcluirRe Osório
Lindo babaçu e esse poema em cachos.
ResponderExcluirZildete Melo
Nosso babaçu é escultura divina! Gostei, em poucas palavras muita comunicação!
ResponderExcluirSocorro Melo